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Marca Bahia Notícias

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Preparem-se para 2022 e o plebiscito do antipetismo contra o antibolsonarismo

Por Fernando Duarte

Preparem-se para 2022 e o plebiscito do antipetismo contra o antibolsonarismo
Foto: Ricardo Stuckert/ Instituto Lula

Ao declarar incompetente a 13ª Vara Federal de Curitiba para analisar os casos relacionados ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro Edson Fachin sacudiu o tabuleiro político brasileiro para 2022. Sem avaliar o mérito da decisão, as implicações práticas são eleitorais. Quando Lula deixa de ser um reserva na corrida pelo Palácio do Planalto e pode voltar a figurar nas urnas, o mais previsível é uma disputa plebiscitária no Brasil, não realizada em 2018 após a condenação e a prisão do ex-presidente.

 

O PT nunca escondeu que o grande desejo foi ver sua principal liderança figurando como candidato à presidência mais uma vez. A elegibilidade dele está aparentemente garantida até 2022 e o caminho natural agora é uma disputa contra o atual presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição. É uma repetição dos primeiros meses de 2018, quando Lula ainda não tinha sido condenado em órgão colegiado e havia muita expectativa em torno do embate entre ele e Bolsonaro. Agora com dois movimentos fortes: o antipetismo, já vigente desde aquela época, e o antibolsonarismo, alimentado especialmente no Brasil pandêmico.

 

Uma eventual candidatura de Lula, inclusive, esvaziaria qualquer esforço para uma união dos partidos de esquerda contra Bolsonaro. As demais legendas seriam engolidas pelo petista que sempre teve um poder de atração maior que outros líderes. Diferente de Fernando Haddad, o substituto imediato, o ex-presidente não precisa de outra pessoa para empurrá-lo. Ele sempre foi apresentado como o “único capaz de unir o Brasil”, e essa estratégia será utilizada abertamente pelos aliados para desconstruir qualquer outro nome que tente crescer.

 

Ciro Gomes, por exemplo, volta a ser um coadjuvante. Ele é importante para o processo eleitoral, mas tem menor capacidade de aglutinar a centro-esquerda, como vinha tentando, e até mesmo flertar com a centro-direita. A ascensão de Lula, inclusive, vai gerar uma reorganização da direita brasileira - que se fingiu de centro-direita por algum tempo - para não permitir o retorno do ex-presidente. Basta lembrar que o petista sempre foi tratado como o “inimigo do Brasil” por esse segmento político e qualquer esforço para enfrentá-lo será pequeno diante do risco do PT voltar ao poder.

 

A eleição de 2022, mantido o rascunho rabiscado ontem por Fachin, será plebiscitária. E o plano federal terá impacto também local. Com Lula na disputa, Jaques Wagner fica fortalecido para disputar novamente o Palácio de Ondina e ACM Neto será “jogado” para o outro extremo, que deve abrigar Bolsonaro. A decisão monocrática de um ministro do Supremo Tribunal Federal pode definitivamente impactar no dia a dia de 210 milhões de pessoas.

 

Este texto integra o comentário desta terça-feira (9) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para a rádio A Tarde FM. O comentário pode ser acompanhado também nas principais plataformas de streaming: Spotify, Deezer, Apple Podcasts, Google Podcasts e TuneIn.

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