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Coronavírus adia cobranças a novos prefeitos e Rui dilui peso de restrições

Por Fernando Duarte

Coronavírus adia cobranças a novos prefeitos e Rui dilui peso de restrições
Foto: Elói Corrêa/GOVBA

Se por um lado a pandemia do novo coronavírus é um fator complicador para prefeitos em começo de mandato, a crise sanitária posterga o eventual fim da lua de mel com os eleitores ao adiar as cobranças mais imediatas das promessas das urnas. Com a iminência do colapso do sistema de saúde, qualquer assunto diferente da Covid-19 sai da pauta e evita que os gestores sejam cobrados pela população. E isso não é de todo ruim para quem está apenas começando.

 

É claro que a adoção de medidas restritivas recairia sobre os ombros do prefeito, caso tivesse vindo dele a iniciativa primordial. No entanto, quando o toque de recolher foi decretado pelo governador Rui Costa, a responsabilidade ficou bem mais equilibrada. Rui mantém bons índices de avaliação no enfrentamento da pandemia e diluiu muito o peso dessa ação - algo que até já foi escrito neste espaço. Agora o endurecimento das restrições é uma decisão menos difícil de ser tomada.

 

Vejamos o caso de Salvador, por exemplo. Bruno Reis ampliou restrições após o início do toque de recolher, porém as decisões acabam por ficar em segundo plano quando comparadas ao decreto estadual. O prefeito da capital baiana fechou praias, desligou a iluminação de quadras e campos de futebol e ainda restringiu o funcionamento de atividades comerciais em três bairros. Ainda assim, o agendamento da mídia ficou focado no recolhimento noturno, mostrando que a estratégia de comunicação poupou os gestores municipais nesse primeiro momento.

 

Todavia, há um fator que deve ser considerado em breve, caso o ritmo de contaminações se mantenha acelerado e com altos índices de ocupação de leitos de terapia intensiva. O fechamento abrupto das atividades comerciais para tentar dar um freio de arrumação na disseminação do coronavírus pode alterar a percepção que a população tem do combate à pandemia. E esse ônus não caberá exclusivamente a Rui, já que a fiscalização de uma medida dura como essa caberá às administrações municipais. Aí será o momento de sentir realmente qual impacto eleitoral terão os processos de abertura e fechamento da economia.

 

Seria inocência da nossa parte acreditar que cálculos políticos não têm sido feitos quando são tomadas decisões relacionadas a medidas restritivas. Ainda que haja a reverberação do discurso de que a adoção de restrições é parte de uma jogada para minar o potencial do presidente Jair Bolsonaro, é cada vez mais fraca a incorporação desse argumento. O ônus há de vir e ele será compartilhado por todos os agentes políticos. Mesmo quem ainda está em lua de mel com os eleitores.

 

Este texto integra o comentário desta quarta-feira (24) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para a rádio A Tarde FM. O comentário pode ser acompanhado também nas principais plataformas de streaming: Spotify, Deezer, Apple Podcasts, Google Podcasts e TuneIn.

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