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Retornar aulas é impensável, mas é preciso conhecer parâmetros para reinício

Por Fernando Duarte

Retornar aulas é impensável, mas é preciso conhecer parâmetros para reinício
Foto: Mateus Pereira/GOVBA

Após um crescimento expressivo do número de casos e óbitos por Covid-19, o movimento que pede o retorno das aulas presenciais na Bahia perdeu o fôlego. É inconsequente tratar do assunto em meio à possibilidade de colapso do sistema de saúde. No entanto, é preciso também admitir que há uma falha grave das autoridades públicas quando instadas a falar sobre o tema. Eles se recusam a apresentar parâmetros objetivos sobre quando será possível retomar a rotina de atividades dos estudantes na rede pública e privada.

 

“Ah, mas foram apresentados em audiência pública os protocolos do reinício das aulas”. No entanto, quando o documento reunindo as informações é cobrado, a resposta é evasiva: “ainda falta consolidar o que foi discutido”. As aulas na Bahia foram suspensas na segunda quinzena de março de 2020. Estamos prestes a completar um ano sem estudantes em salas de aula e ainda assim não foi possível consolidar os debates? É um insulto à boa fé alheia.

 

Antes que seja acusado de genocida por propor essa discussão, não julgo que seja imprescindível reabrir escolas agora. No segundo semestre do ano passado tivemos momentos na pandemia muito mais calmos do que a tempestade que se avizinha. Ainda assim, a postura conservadora do governo não autorizou a retomada das aulas. Não será agora que devemos avaliar ser possível reagrupar crianças e adolescentes e rezar para que não haja surtos.

 

Pois bem. Ao apresentar os parâmetros para o reinício das aulas presenciais, ficamos nas idas e vindas de que caberá aos índices de saúde determinar o momento. É justo. No entanto, tivemos números baixos de casos e mortos e ainda assim não avançamos em um protocolo de retomada. Para que haja transparência, é preciso mostrar quais são esses parâmetros. Os casos ativos têm que ter um teto X, o número de óbitos por dia não pode ultrapassar Y e a ocupação de leitos precisa ficar abaixo de Z. A não apresentação dessas variáveis gera questionamentos e justifica a pressão daqueles que são favoráveis ao retorno das aulas.

 

Firmamos um pacto hipócrita há bastante tempo para fingir que o ano letivo de 2020 existiu. Tanto para estudantes da rede pública quanto da rede privada de ensino. Não tenho qualquer dúvida de que a sociedade como um todo foi partícipe desse processo - mesmo porque o “movimento antipolítico” transformou o Brasil nesse caos social. Porém empurrar a poeira para debaixo do tapete só vai adiar a resolução do problema. Estamos realmente dispostos a continuar nessa fantasia?

 

Daqui a algumas décadas, como o futuro vai avaliar esse período macabro da nossa história? Além das mortes, do medo da pandemia, teremos também um apagão da educação? Se esse é o legado que deixaremos para as próximas gerações, precisamos ter consciência disso.

 

Este texto integra o comentário desta segunda-feira (22) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para a rádio A Tarde FM. O comentário pode ser acompanhado também nas principais plataformas de streaming: Spotify, Deezer, Apple Podcasts, Google Podcasts e TuneIn.

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