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Marca Bahia Notícias

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Doses de vacinas contra Covid-19 não devem ser homeopáticas

Por Fernando Duarte

Doses de vacinas contra Covid-19 não devem ser homeopáticas
Foto: Fernando Vivas/GOVBA

Mesmo que tenha mantido uma postura otimista com relação a 2021, o prefeito Bruno Reis deu sinais de que a situação de enfrentamento à pandemia do novo coronavírus não é tão tranquila quanto parece. Não que Salvador vá enfrentar caos ou despreparo para lidar com a crise. Ao sinalizar o interesse em adquirir vacinas contra Covid-19 “por fora”, sem depender exclusivamente do Ministério da Saúde, o gestor demonstra preocupação com a instabilidade do Plano Nacional de Imunização. Se isso não o deixa tenso, não sei o que deixaria.

 

Desde o segundo semestre do ano passado, quando nações de todo o mundo começaram a se mobilizar para adquirir doses do imunizante, repetimos diuturnamente a necessidade do Brasil se preparar para comprar vacinas. Como o Ministério da Saúde perdeu o timming, parte pela inoperância da gestão, parte pela perspectiva negacionista da pandemia pelo governo federal, ficamos expostos a receber as vacinas como se fossem doses homeopáticas. Pena que, durante uma pandemia, não dá para tratar a doença dessa forma.

 

Para além de Bruno Reis, o secretário de Saúde, Fábio Vilas-Boas, compartilhou dessa preocupação. Recentemente, ao avaliar a velocidade com que as doses chegavam à Bahia, o titular da Sesab indicou que levaríamos anos para imunizar decentemente a população. A declaração aconteceu antes da flexibilização das regras para uso emergencial pela Anvisa, porém nem com o incremento de outras vacinas como a Sputnik V ou a Covaxin será possível concluir a imunização massiva de todos os brasileiros. Ou seja, estamos à mercê do descaso com a pandemia de meses atrás do ministério comandado por Eduardo Pazuello. Por isso esse esforço coordenado de outros entes federativos por opções viáveis.

 

O governo da Bahia tem investido pesado na opção russa, desenvolvida pelo Instituto Gamaleya. Veio daqui a iniciativa para questionar no Supremo Tribunal Federal as portarias da Anvisa que limitavam os registros de imunizantes no Brasil. A prefeitura de Salvador abriu uma frente de negociação com a Índia, que pode incluir tanto a Covaxin quanto doses da CoviShield, da Universidade de Oxford com a AstraZeneca. São esforços para evitar ficar esperando demais de um governo que não se sabe exatamente o que esperar.

 

Caso o Ministério da Saúde autorize que outros entes públicos adquiram imunizantes, isso pode desafogar a pressão exercida atualmente contra a pasta. É bem distante do cenário ideal, já que pode acabar privilegiando apenas estados e municípios com capacidade de pagamento. Porém, dentro do contexto atual, é uma situação a ser considerada.

 

Este texto integra o comentário desta sexta-feira (5) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para a rádio A Tarde FM. O comentário pode ser acompanhado também nas principais plataformas de streaming: Spotify, Deezer, Apple Podcasts, Google Podcasts e TuneIn.

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