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Marca Bahia Notícias

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Alcolumbre volta à planície política após acumular conquistas pessoais

Por Fernando Duarte

Alcolumbre volta à planície política após acumular conquistas pessoais
Foto: Jefferson Rudy/ Agência Senado

Estreante na disputa pela presidência do Senado Federal em 2019, o “azarão” Davi Alcolumbre (DEM-AP) contou com as circunstâncias políticas para derrotar o veterano Renan Calheiros (MDB-AL). Incluindo aí a força do Palácio do Planalto, que operou naquele ano para derrotar o representante alagoano da “velha política”. Parece uma sina do Amapá exportar senadores que fingem ser discretos, mas acabam chamando atenção por uma atuação marcada pela forma “cordeirinha” - sim, é uma referência a José Sarney.

 

Eleito vice de Tancredo Neves, Sarney chegou ao Palácio do Planalto de maneira ainda mais indireta que o titular, morto antes de ser presidente de fato. Depois passou anos sendo reeleito para o Senado pelos amapaenses mesmo sendo um coronel do Maranhão, sempre atuando nos bastidores e contribuindo para o perfil do MDB de ser sempre governo, independente de quem estivesse no poder. Durante sua passagem pela presidência do Senado, o maranhense-amapaense foi, em resumo, isso.

 

Alcolumbre teve uma oportunidade boa de ser protagonista da cena política brasileira como presidente do Congresso Nacional. Ao invés disso, preferiu ser omisso quando as instituições democráticas estiveram sob constante ataque ao longo do primeiro semestre de 2020. No máximo, emitiu notinhas de repúdio. Ou teria agido como bombeiro a apagar os incêndios criados pelo governo Jair Bolsonaro e o Supremo Tribunal Federal (STF), como relatou à coluna Radar Online. Mais governista que o presidente do Senado, talvez apenas titulares da Esplanada dos Ministérios ou o procurador-geral da República, Augusto Aras.

 

É certo que Rodrigo Maia também clamou todas as atenções para si nesse embate entre os poderes. Enquanto Bolsonaro agia sem freios, incitando o próprio eleitorado contra Câmara, Senado e STF, o “chefe” dos deputados se tornou o antagonista perfeito para justificar os constantes ataques. Já Alcolumbre acenava para o Planalto como se estivesse mais preocupado com o próprio futuro do que com o país (ok, admito que criei expectativas demais ao pensar diferente disso).

 

Alcolumbre tanto olhava apenas para o próprio umbigo que tentou articular um golpe brando para continuar na presidência do Senado. Foi frustrado por ministros do STF, que teriam prometido uma coisa e entregaram outra. Aí, pelo menos, o ainda presidente conduziu bem a sucessão e garantiu que o correligionário Rodrigo Pacheco (MG) fique no posto pelos próximos dois anos, sem tanta celeuma como na Câmara.

 

Admitamos, todavia, que o senador do Amapá conseguiu atingir parte dos seus objetivos. Garantiu mais poder político em casa, apesar da derrota do irmão em Macapá; pode eventualmente herdar um ministério ou mais cargos para quando voltar à planície; e deve figurar como um senador do baixo clero, sem chamar tanta atenção para quem ele realmente é. Bem brasileiro, eu diria.

 

Este texto integra o comentário desta segunda-feira (1º) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para a rádio A Tarde FM. O comentário pode ser acompanhado também nas principais plataformas de streaming: Spotify, Deezer, Apple Podcasts, Google Podcasts e TuneIn.

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