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Coronavac é cereja do bolo de um péssimo dia para o bolsonarismo

Por Fernando Duarte

Coronavac é cereja do bolo de um péssimo dia para o bolsonarismo
Foto: Governo do Estado de São Paulo | Divulgação

O aviso de Jair Bolsonaro de que pretende dar um golpe caso não haja voto impresso nas eleições de 2022 foi suplantado pelo anúncio da eficácia da Coronavac, vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan com a farmacêutica Sinovac. Foi a tempestade perfeita para um dia difícil para o bolsonarismo no Brasil. No dia seguinte à frustrada tentativa de Donald Trump permanecer na marra na Casa Branca, com direito a um atentado ao Capitólio, a “vacina chinesa do João Dória” mostrou-se eficaz.

 

Ainda pela manhã, o presidente disse que "se tivermos voto eletrônico" em 2022, "vai ser a mesma coisa" ou "vamos ter problema pior que nos Estados Unidos". Foi mais um recado para quem acredita que vivemos num ambiente de normalidade. As instituições democráticas não funcionam há tempos, mas será uma ladainha repetida por autoridades públicas e pela imprensa em geral. Se estivéssemos em condições normais no Brasil, esse posicionamento de Bolsonaro seria alvo de reprimendas dentro dos meios legais. No entanto, só veremos notas de repúdio.

 

Nesse meio tempo, o Instituto Butantan anunciou 100% de eficácia para evitar casos graves da Covid-19. O governador de São Paulo, João Doria, refestelou-se. Era a senha necessária para que ele fizesse uso político de uma instituição séria como o Butantan - tão séria quanto a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), responsável pela pesquisa em parceria com a Universidade de Oxford e a AstraZeneca, a queridinha do Ministério da Saúde. Quem errou ao insistir no tensionamento com Doria foi Bolsonaro, com base na virtual disputa de 2022. Nessa, o tucano levou a melhor - o que não necessariamente é uma boa coisa para o restante do país.

 

Voltemos aos EUA. O chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, chamou de cidadãos de bem os terroristas que tentaram invadir o Capitólio, sede do Congresso Nacional deles. Combina com o discurso da claque, mas está longe de representar a história do Itamaraty - uma pena, inclusive, já que essa mancha vai demorar a ser desfeita. Porém o ilustre chanceler é um dos símbolos do pensamento da direita conservadora retrógrada brasileira - viúva da ditadura militar. Que não vê problema em defender um golpe de estado, desde que seja liderado por “cidadãos de bem”.

 

A cereja do bolo do mau dia para o bolsonarismo pôde ser vista com a coletiva do ministro Eduardo Pazuello. Ligeiramente descontrolado para os padrões contidos da caserna, Pazuello reclamou da imprensa e confirmou que o Ministério da Saúde se dobrou e vai comprar a Coronavac. Definitivamente, não foi tão fácil para os bolsonaristas dormirem, seja sonhando com o golpe, seja tendo pesadelos com Doria e sua trupe.

 

Este texto integra o comentário desta sexta-feira (8) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para a rádio A Tarde FM. O comentário pode ser acompanhado também nas principais plataformas de streaming: Spotify, Deezer, Apple Podcasts, Google Podcasts e TuneIn.

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