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Marca Bahia Notícias

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Cancelamento do Réveillon de Salvador é ocaso perfeito para 2020

Por Fernando Duarte

Cancelamento do Réveillon de Salvador é ocaso perfeito para 2020
Projeção do festival que não vai acontecer | Foto: Divulgação/ PMS

O recuo do prefeito ACM Neto sobre a realização do Festival Virada Salvador foi mais do que um “aviso à população”, como ele frisou durante a coletiva que confirmou o cancelamento da transmissão ao vivo. Foi estratégico. A repercussão desde o lançamento do evento não esteve entre as melhores e há impacto na imagem dos gestores que eventualmente resolverem bancar “festividades” em meio a um momento de luto, como a pandemia do novo coronavírus.

 

Os números da Covid-19 não param de crescer em todo o país. Em Salvador e na Bahia, há uma aceleração maior do que na primeira fase da doença por essas bandas. O governador Rui Costa já trata o momento como uma segunda onda do coronavírus, postura antecipada pelo secretário estadual de Saúde, Fábio Vilas-Boas. Como a primeira onda não chegou a arrefecer, ela parece que foi engolida pelo aumento expressivo de novos casos - que, sabemos, resultará em mais mortes, invariavelmente.

 

Parte disso é responsabilidade da população, como citou o prefeito de Salvador. Durante o processo eleitoral, as restrições presentes durante os seis primeiros meses da pandemia foram flexibilizadas, independente da posição dos gestores. É como se a população estivesse cansada de viver “enjaulada” e o resultado foi uma tomada das ruas como não acontecia desde março, quando a crise foi efetivamente instalada no país. Sem os cuidados, o risco de contágio cresceu exponencialmente e agora a conta começa a chegar.

 

O Festival Virada Salvador era um sinal de que era preciso seguir em frente, mesmo com o caos que espreitava. ACM Neto resolveu bancar em um primeiro momento, contando com o apoio de parceiros da iniciativa privada e até de grandes redes de televisão. Da última semana para cá, o caldo entornou. Mesmo com a perspectiva de que o evento seguiria todos os protocolos sanitários necessários, o risco de ser interpretado como uma negação à doença poderia perseguir o prefeito que toma posse no dia seguinte, Bruno Reis, tanto quanto o futuro do próprio ACM Neto. Para muitos críticos, uma festa com o atual contexto pode ser um sinal de estar alheio à crise e ao sofrimento de quem foi impactado pela pandemia. É uma pecha que ninguém quer carregar, quanto mais figuras públicas.

 

Além do fim do festival, a prefeitura endureceu com uma espécie de toque de recolher nos bairros do Rio Vermelho e de Itapuã, fechou cinemas e teatros e determinou a interdição da Barra no dia 31 de dezembro. São medidas impopulares, mas que mostram que a gestão não está brincando com a pandemia. O difícil é só fazer com que a mensagem chegue efetivamente à população.

 

Este texto integra o comentário desta terça-feira (8) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para a rádio A Tarde FM. O comentário pode ser acompanhado também nas principais plataformas de streaming: Spotify, Deezer, Apple Podcasts, Google Podcasts e TuneIn.

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