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Marca Bahia Notícias

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Frota 100%: Quem vai pagar a conta dos ônibus nas ruas de Salvador?

Por Fernando Duarte

Frota 100%: Quem vai pagar a conta dos ônibus nas ruas de Salvador?
Foto: Max Haack/ Agecom

O Ministério Público da Bahia (MP-BA) ajuizou uma ação para obrigar que a frota de ônibus em Salvador volte a funcionar com 100% dos veículos. A ação já havia sido prometida pelo parquet e já tinha sido alvo de críticas pela prefeitura da capital baiana. O motivo: a conta da gestão dos ônibus ficará impagável. E, por mais que tenhamos um histórico déficit na prestação do serviço, não dá para resolver o caos da noite para o dia. Ainda que o MP-BA e a prefeitura tenham boa vontade.

 

As medidas restritivas, a falta de aulas e esse “novo normal” impedem que a população retome a utilização do transporte público como o fazia antes da pandemia. Dados da prefeitura sugerem que menos de 60% dos usuários têm utilizado 80% da frota de ônibus já disponível. Isso não impede que cenas com veículos lotados sejam registradas pela população, que depende desse meio de transporte para se locomover. É preciso chegar a um meio termo e o aumento da tensão com a ação movida pelo MP-BA não parece ajudar muito a chegar a um entendimento.

 

Ninguém aqui está defendendo que os usuários de ônibus sofram com o risco de se contaminarem com latas de sardinha transformadas em transporte público. A concessão foi a modalidade escolhida pela gestão municipal para administrar o sistema rodoviário, e fiscalizar o cumprimento dela é também papel da Câmara de Vereadores. Na ausência dos nobres edis, que seguem em campanha pela reeleição, coube ao MP-BA tentar forçar a melhoria da prestação de serviço essencial.

 

O prefeito ACM Neto ressaltou, em entrevista recente, que o transporte público entrará em colapso em todo o Brasil se não houver uma discussão mais séria sobre o tema. O Congresso Nacional, que poderia pautar o assunto, segue silente, autoridades federais, estaduais e municipais se calam e o povo que lute para não sofrer com as consequências desses problemas históricos. Rico só pega ônibus e metrô no estrangeiro, então aqui não há sinal de que algo pode melhorar no curto prazo.

 

A ação do MP-BA talvez tenha papel educativo. Mas também pode ser punitivo, já que a passagem pode aumentar para R$ 5, segundo ACM Neto. No final, não deixa de ser uma ameaça para que se busque um consenso em torno da má prestação do serviço de transporte. No contexto da pandemia, todavia, esse é o melhor plano? Tenho minhas dúvidas.

 

Este texto integra o comentário desta quarta-feira (7) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para a rádio A Tarde FM. O comentário pode ser acompanhado também nas principais plataformas de streaming: Spotify, Deezer, Apple Podcasts, Google Podcasts e TuneIn.

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