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Marca Bahia Notícias

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O mito da independência nos Legislativos brasileiros

Por Fernando Duarte

O mito da independência nos Legislativos brasileiros
Do 'independente' DEM, Azi será vice-líder de Bolsonaro | Foto: P. Victor Nadal

Gosto do conceito de independência de parlamentares brasileiros. Acontece em todos os Legislativos e serve como uma estratégia discursiva que, na prática, esconde o governismo incubado de senadores, deputados e vereadores. O exemplo mais recente disso foi a nomeação do presidente estadual do DEM da Bahia, Paulo Azi, como vice-líder do governo na Câmara dos Deputados. Mesmo que a questão partidária não seja tão relevante nesse processo de escolha, é impossível não perceber que a independência só resiste até que surja um cargo e seus penduricalhos.

 

Para ser justo com Azi, ele não é o único cujo partido se declara independente e ainda assim ocupou uma liderança ligada ao governo. Outro baiano, José Rocha (PL), também assumiu o posto de vice-líder quando o PL ainda não estava oficialmente na base de Bolsonaro. Esses dois exemplos são de um passado recente, mas se buscarmos na história, isso acontece desde sempre. É consequência do excesso de partidos e da dificuldade do Executivo de construir diálogo com o Legislativo.

 

Na Assembleia Legislativa da Bahia, houve um tempo em que uma bancada fingiu ser independente, pois não queria se assumir como governo e nunca se comportou como oposição. É uma posição intermediária para não passar para o eleitorado uma adesão integral à base aliada do governo. Porém, diferente do plano federal, não gera tantos penduricalhos assim. Ganha-se mais politicamente do que com cargos em comissão e prestígio.

 

Até na Câmara de Vereadores de Salvador aconteceu recentemente algo similar. Porém a bancada independente era muito mais oposicionista do que a oposição. Naquele caso, os adversários de ACM Neto passaram a se apresentar como independentes porque a liderança escolhida era pró-governo demais para ser oposição. Chegou a ser engraçado, em algumas situações, quando o Palácio Thomé de Souza encaminhava um projeto e contabilizava, nos bastidores, o voto dos opositores.

 

Para quem acompanha política, não há nenhuma surpresa nisso. É um jogo de cena ao qual estamos bem acostumados. Nada impede que mostremos que não há independência quando se trata do Legislativo. É apenas uma maneira menos explícita de ser do governo. Isso inclui o próprio parlamentar e também o partido ao qual ele é filiado. Mesmo que eles digam que não.

 

Este texto integra o comentário desta quinta-feira (1º) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para a rádio A Tarde FM. O comentário pode ser acompanhado também nas principais plataformas de streaming: Spotify, Deezer, Apple Podcasts, Google Podcasts e TuneIn.

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