Com base de Rui pulverizada ou não, Bruno Reis segue como favorito em Salvador
Por Fernando Duarte
Por mais que existam indicativos de que a base do governador Rui Costa deve passar por um funil para chegar ao primeiro turno nas eleições de 2020 em Salvador, o cenário pulverizado talvez seja o que melhor favoreça a realização de um segundo turno. A ausência de Lídice da Mata (PSB), por exemplo, provocaria o crescimento também do favorito Bruno Reis (DEM), o que aumentaria a hipótese de vitória do vice-prefeito no primeiro turno, ainda que os votos se distribuíssem também entre os aliados da socialista.
A grande aposta de Rui, Major Denice, não consegue mostrar uma evolução expressiva nas intenções de voto. Ela precisaria reverter um percentual de votos grande para ultrapassar a candidatura de Isidório, até aqui a mais consolidada dentre os aliados do governador. No entanto, o pastor sargento também é o mais controverso dentre as candidaturas. É decisivo para uma disputa em dois turnos, mas é complexo demais para não utilizar outros adjetivos.
Apesar de citado como parte do campo progressista, Isidório bebe no conservadorismo e flerta muito mais com a direita radical do que com a esquerda clássica. Caso vá para o segundo turno contra Bruno Reis, fico a imaginar comunistas, socialistas e petistas engolindo a seco o apoio a ele, apenas porque outras candidaturas ditas progressistas não se mostraram viáveis no médio prazo. As ações de Isidório para pautas conservadoras são indefensáveis e não dá para fingir que esse passado dele não existe.
Olívia Santana, que também teria um potencial importante, acaba desidratada pela falta de musculatura política e do apelo popular do PCdoB. Diferente do PT, cujos tentáculos foram bem desenvolvidos na era pós-Lula, os comunistas sempre ficaram à sombra do petismo e não conseguiram crescer por conta própria. Seria uma candidata viável, porém não terá apoio massivo do petismo após a fracassada tentativa com Alice Portugal em 2016.
Até Hilton Coelho (PSOL) e Cezar Leite (PRTB) se beneficiariam com um cenário mais reduzido de candidaturas em Salvador. Ambos são aquilo que poderíamos chamar de candidaturas dos extremos e apresentam percentuais muito similares nas intenções de voto, o que mostra que o eleitor soteropolitano tende a caminhar em direção ao centro no pleito local.
Mesmo que os cenários estejam cada vez menos turvos, é possível identificar que Bruno Reis é favorito a ser eleito no próximo pleito. A dúvida levantada até aqui é se conseguirá vencer já no primeiro turno ou se a disputa será em duas etapas. Diante da inércia da base de Rui em Salvador, ACM Neto pode confirmar que o continuísmo não é algo tão ruim quanto tentam pregar.
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