Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies

Marca Bahia Notícias

Notícia

Com sinais de queda, redução da violência não pode virar 'onda política'

Por Fernando Duarte

Com sinais de queda, redução da violência não pode virar 'onda política'
Foto: Reprodução/ Pixabay

O Atlas da Violência 2020 mostra um cenário de redução de homicídios no Brasil. É um dado positivo, ainda que as informações sejam uma compilação referente a 2018. Mesmo na Bahia, onde a sensação de segurança não é lá das melhores, o documento registra uma queda de 6,1% dos homicídios. Em tese, é algo a se comemorar, mesmo que os números da violência ainda assustem. Porém é preciso salvaguardar algo importante: existe uma trajetória de queda dos crimes violentos contra a vida sendo registrada em todo o país.

 

Muito questionado por secretarias estaduais de segurança pública, o Atlas usa como base dados da área de saúde para fazer um diagnóstico da violência no país. A falta de uma unidade na forma como que os governos estaduais mensuram e divulgam as informações sobre crimes violentos contra a vida é um dos desafios que o próprio documento sinaliza. Porém era muito comum ouvir que os dados eram equivocados quando os registros mostraram uma crescente dos homicídios. A partir de 2019, isso muda um pouco de figura.

 

Trata-se de uma estratégia importante para consolidar a imagem de que houve melhora nos índices da violência. Se o Atlas mostra melhora, por que não surfar nessa “onda positiva”? Ainda assim, não se percebe uma celebração. A SSP-BA, por exemplo, é bem cautelosa quando trata do assunto. O secretário Maurício Barbosa, por exemplo, fala sobre a tendência de queda dos números a partir da implantação do “Pacto pela vida” e do esboço de uma política integrada entre os entes federativos na área de segurança.

 

Porém, a partir de 2019, é possível identificar tentativas de apropriação desses dados como se fosse uma clara política do Ministério da Justiça e Segurança Pública. De certo, o próprio Atlas da Violência aponta a criação desse órgão, ainda no governo de Michel Temer, junto com o Sistema Único de Segurança Pública (Susp), como um possível elemento para a redução de homicídios e aumento da segurança em todo o país.

 

Como os dados divulgados ontem se referem ainda a 2018, um bom caminho é explicar que, caso a tendência se mantenha nos anos seguintes, não foi a adoção de uma fórmula mágica que diminuiu os homicídios. Foi certo pragmatismo, que inclui a criação de canais de diálogo entre as polícias, os estados e também a União. Queríamos todos que um estalar de dedos nos transportasse para o Brasil seguro. Pena que a realidade é muito mais dura e cruel quando se trata da violência.

 

Este texto integra o comentário desta sexta-feira (28) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para a rádio A Tarde FM. O comentário pode ser acompanhado também nas principais plataformas de streaming: Spotify, Deezer, Apple Podcasts, Google Podcasts e TuneIn.

Compartilhar