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Pecar pelo excesso de zelo talvez seja o menor dos problemas da crise do coronavírus

Por Fernando Duarte

Pecar pelo excesso de zelo talvez seja o menor dos problemas da crise do coronavírus
Foto: Lucas Arraz/ Bahia Notícias

Não é novidade que nenhum gestor público do mundo se preparou para enfrentar uma pandemia como a vivenciada com o novo coronavírus. Isso explica a grande quantidade de barbeiragens nesse período, até que uma fórmula ideal fosse encontrada. A velha lógica da “tentativa e erro” custaria vidas, razão pela qual muitos ficaram reticentes sobre quais as medidas mais adequadas para enfrentar a crise. Agora, passados mais de cinco meses que a doença desembarcou no Brasil, parece haver um consenso de que é possível administrar a pandemia sem ficar completamente inerte.

 

Isso não justifica o excesso de críticas aos governantes que optaram por restrições duras, como o fechamento do comércio e a suspensão de atividades não essenciais. Por mais que o período tenha se alongado, ele foi essencial para que fosse criada uma infraestrutura básica para dar suporte aos casos mais sérios de Covid-19. Se com a abertura de tantos leitos se mantém um percentual expressivo de ocupação, imagine se tivéssemos cruzados os braços e aguardado o pior?

 

Quando o coronavírus chegou à Europa e até mesmo em Nova York, nos Estados Unidos, com muito mais estrutura hospitalar do que o Brasil, foi possível ver que o eventual despreparo para enfrentar o problema geraria caos no sistema de saúde e muitas mortes. O novo coronavírus foi uma surpresa nefasta e ainda pouco se sabe. E, do que se sabe, é difícil entender o comportamento e a evolução da doença em boa parte dos pacientes. Ainda assim, houve muita gente cobrando que figuras como o governador Rui Costa e o prefeito ACM Neto se comportassem como se vivêssemos no primeiro mundo.

 

Agora, com o processo de reabertura, é possível até argumentar que gestores como o governador da Bahia e o prefeito de Salvador pecaram pelo excesso de zelo. No entanto, é preferível que agentes públicos ajam com esse cuidado ao invés de tratar a crise com descaso, como observado quando o coronavírus foi tratado com desdém. Se a reabertura não gerou uma grande contaminação, ótimo. Porém não vale criar uma onda de críticas ou revolta porque alguém manteve um mínimo de sanidade em meio à possibilidade de uma situação caótica.

 

Já tínhamos perdido muito tempo entre janeiro março, quando era possível ter iniciado as ações de infraestrutura de saúde. Negar o coronavírus de março para cá ou fingir que não precisávamos adotar medidas restritivas era tapar o sol com a peneira. Para a nossa sorte, mesmo que as sequelas tenham sido graves, parece que o pior já passou.

 

Este texto integra o comentário desta segunda-feira (10) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para as rádios A Tarde FM, Irecê Líder FM, Clube FM, RB FM, Alternativa FM Nazaré, Valença FM e Candeias FM. O comentário pode ser acompanhado também nas principais plataformas de streaming: Spotify, Deezer, Apple Podcasts, Google Podcasts e TuneIn.

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