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George Floyd e o racismo estrutural pautando a eleição soteropolitana

Por Fernando Duarte

George Floyd e o racismo estrutural pautando a eleição soteropolitana
Foto: Reprodução/ Redes sociais

O episódio envolvendo o norte-americano George Floyd pode influenciar as eleições de 2020 em Salvador. Pode parecer absurda a afirmação, porém é certo que o debate sobre violência policial e racismo deve ser incorporado na discussão soteropolitana, inclusive por conta dos personagens envolvidos nela. Do lado do grupo político de ACM Neto, a figura de Bruno Reis, cuja imagem não dialoga diretamente com minorias. Do outro, os adversários, em especial Olívia Santana (PCdoB), cuja pauta do racismo sempre foi presente, e Major Denice (PT), que acaba agregando os dois temas primordiais levantados pela onda Floyd: é policial e negra.

 

Ainda que a pauta de violência policial seja muito mais estadual do que municipal, não se pode descartar a influência que o caso do norte-americano, morto em uma abordagem policial, terá na disputa pela prefeitura de Salvador. O receio de que a questão racial seja um calcanhar de Aquiles de Bruno Reis é tamanho que, na bolsa de apostas dos bastidores, cresce a chance de um negro ou uma negra integrar a chapa. Pesquisas qualitativas são decisivas para bater o martelo, então, aos poucos, é provável que esse tema passe a ser abordado pelo candidato do atual prefeito.

 

Todavia, a depender da forma com que seja construída a dialética da candidata do PT, é possível que o episódio Floyd seja utilizado contra ela. Há um problema histórico de violência policial, atrelada ao racismo estrutural, que deve ser “jogado no colo” de Denice. A petista sabe disso, tanto que iniciou um processo de reforço da própria imagem enquanto mulher negra que discorda dos excessos dos companheiros de farda. É possível, inclusive, que ela já pensasse dessa forma, porém a hierarquia militar a impedia de ser tão crítica a essa construção secular no Brasil - e muito presente em Salvador, apesar do negacionismo.

 

Nesse sentido, Olívia Santana possivelmente é quem vai conseguir falar sobre o tema com mais liberdade. Militante do movimento negro e com a carreira política pautada também na questão racial, a comunista vai transitar com mais facilidade e pode levantar o caso Floyd praticamente sem ressalvas - apesar do PCdoB ter se omitido em casos relativamente recentes de violência policial, como o episódio do Cabula.

 

Esses três exemplos são apenas fagulhas das formas como George Floyd e a pauta do racismo estrutural devem estar presentes na eleição soteropolitana. Pena que tenha sido preciso importar um movimento norte-americano, enquanto muitos anônimos baianos são vítimas dessa chaga social todos os dias.

 

Este texto integra o comentário desta segunda-feira (13) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para as rádios A Tarde FM, Irecê Líder FM, Clube FM, RB FM, Alternativa FM Nazaré, Valença FM e Candeias FM. O comentário pode ser acompanhado também nas principais plataformas de streaming: Spotify, Deezer, Apple Podcasts, Google Podcasts e TuneIn.

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