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Palocci diz que reforma de sítio, terreno e apartamento eram propinas a Lula

Por Julia Affonso, Ricardo Brandt, Luiz Vassallo e Fausto Macedo | Estadão Conteúdo

Palocci diz que reforma de sítio, terreno e apartamento eram propinas a Lula
Foto: Agência Brasil

"A denúncia procede, os fatos são verdadeiros. Eu diria apenas que os fatos desta denúncia dizem respeito a um capitulo de um livro um pouco maior do relacionamento da Odebrecht com o governo do ex-presidente Lula e da ex-presidente Dilma, que foi uma relação bastante intensa, bastante movida a vantagens, a propinas pagas pela Odebrecht para agentes públicos, em forma de doação de campanha, de benefícios pessoais, em forma de caixa 1 e caixa 2." Assim abriu seu depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, um dos homens fortes e de confiança de Lula e da história de ascensão política do PT. Pela primeira vez ele confessou seus crimes cometidos no bilionário esquema de corrupção descoberto na Petrobras pela Lava Jato. Preso desde 2016, Palocci falou por duas horas a Moro e afirmou que a reforma do sítio de Atibaia - que a Lava Jato diz ser de Lula e ele nega -, a compra de um terreno de R$ 12 milhões para ser sede do Instituto Lula, de um apartamento em São Bernardo foram propinas pagas pela Odebrecht ao ex-presidente. Palocci afirmou que está negociando um acordo de delação premiada com a força-tarefa da Lava Jato, mas que colaboraria com a Justiça de forma espontânea. Identificado como "Italiano" na planilha do setor de propinas da Odebrecht, Palocci confessou pela primeira vez seus crimes diante do juiz da Lava Jato. Palocci confirmou também o esquema de fatiamento político entre PT, PMDB e PP da Petrobras para arrecadação de propinas. "Era um intenso financiamento partidário." O ex-ministro disse que a Petrobras não era sua área de atuação direta, mas como membro da cúpula do governo ele disse que sabia dos desvios e discutiu isso internamente. Desde 2014, a Lava Jato apontou que os partidos, por meio dos diretores indicados, arrecadava de 1% a 3% de propinas, em conluio com empresários. O ex-ministro Antônio Palocci afirmou também que participou de uma reunião com o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o então presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, na qual Lula pediu "contribuição" oriunda de contratos do pré-sal para a campanha de sua sucessora, em 2010, à Presidência da República. Palocci foi preso na Operação Omertà, desdobramento da Lava Jato, em setembro de 2016, e foi condenado pelo juiz federal Sérgio Moro a 12 anos e 2 meses de prisão. Ele está tentando fechar acordo de delação premiada com a força-tarefa do Ministério Público Federal. O ex-ministro resolveu confessar seus crimes em interrogatório no âmbito de processo relacionado à suposta compra, pela Odebrecht, do apartamento vizinho ao de Lula, em São Bernardo do Campo, e do terreno onde seria sediado o Instituto Lula. Segundo o Ministério Público Federal, os imóveis são formas de pagamento de vantagens indevidas ao petista. O ex-ministro mencionou uma reunião, em 2010, no Palácio da Alvorada, da qual teria participado, ao lado de Dilma Rousseff, Lula, e do então presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli. O petista diz nunca ter ouvido Lula falar de uma "maneira tão direta" como naquela reunião: "Ele disse: 'eu chamei vocês aqui por que o pré-sal é o passaporte do Brasil para o futuro, ele que vai dar combustível para um projeto político de longo prazo no Brasil, ele vai pagar as contas nacionais, vai ser o grande financiador dos grandes projetos do Brasil, e eu quero que o Gabrieli faça as sondas pensando nesse grande projeto para o Brasil. Mas o Palocci está aqui, Gabrielli, porque ele vai lhe acompanhar nesse projeto, porque ele vai ter total sucesso e para que garanta que uma parcela desses projetos financie a campanha dessa companheira Dilma Rousseff, que eu quero ver presidente do Brasil", relatou o ex-ministro a Moro. Palocci ainda disse que Lula "encomendou" a Gabrielli que, "através das sondas, pagasse a campanha da presidente Dilma em 2010 pedindo, obviamente, às empresas os valores que seriam destinados à campanha". No entanto, apesar da suposta "encomenda", Palocci frisou que Gabrielli nunca cometeu ilícitos. "Na terceira reunião que eu tive com ele ele deixou claro que não ia viabilizar contribuição de campanha nesse projeto".