Delator da UTC liga propina a ex-tesoureiro de Lula
Por Julia Affonso, Mateus Coutinho e Fausto Macedo | Estadão Conteúdo
Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil
O executivo Walmir Pinheiro Santana, ligado à UTC Engenharia, disse em delação premiada à Procuradoria-Geral da República que a assinatura do contrato de obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) entre a Petrobras e o Consórcio TUC - UTC, Odebrecht e Toyo do Brasil - gerou "alguns compromissos" para o PT no valor de R$ 15,51 milhões. Santana relatou que o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto o autorizou a abater desse valor R$ 400 mil para José de Filippi Júnior, aliado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ex-tesoureiro da campanha dele em 2006. Por indicação de Lula, Filippi também foi responsável pelas contas da campanha presidencial de Dilma Rousseff, em 2010. O delator não informou quando ou como o dinheiro foi pago. Segundo ele, também foi feita uma transferência para a campanha eleitoral do PT em São Bernardo do Campo, administrada pelo petista Luiz Marinho, outro aliado direto do ex-presidente Lula. "Vaccari autorizou abater destes valores de R$15,51 milhões, R$ 400 mil para entregar para José Filippi, R$ 1,69 milhão para José Dirceu e R$ 1,8 milhão foram para algumas campanhas eleitorais (provavelmente para campanhas ao cargo de prefeito)", declarou o executivo em 6 de agosto. Em nota, o partido diz que "todas as doações que o PT recebeu foram realizadas estritamente dentro dos parâmetros legais e declaradas à Justiça Eleitoral". A defesa de José de Filippi Júnior não retornou os contatos da reportagem. O criminalista Luiz Flávio Borges DUrso, que representa o ex-tesoureiro do PT, diz não haver "nenhum elemento de prova que possa corroborar essas informações". Segundo ele, Vaccari refuta as acusações. A defesa do ex-ministro José Dirceu afirmou desconhecer o teor do depoimento e negou irregularidades na relação dele com a UTC.
