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Kleber Rosa chama gestão Bruno Reis de “fracasso” e alfineta Geraldo Jr: “Sem identidade com a esquerda”

Por Thiago Teixeira

Kleber Rosa chama gestão Bruno Reis de “fracasso” e alfineta Geraldo Jr: “Sem identidade com a esquerda”
Foto: Divulgação / PSOL

“Eu acho que a gestão do prefeito é fracassada à medida em que ela não atinge o elemento central da vida das pessoas”. Essas foram as palavras que o candidato à prefeitura de Salvador, Kleber Rosa (PSOL), usou para definir a gestão do prefeito Bruno Reis (União). Na visão de Kleber, existem inúmeros problemas na capital baiana que passam pela gestão.

 

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Durante a entrevista ao Bahia Notícias, o candidato fez duras críticas ao prefeito e citou problemas como mobilidade urbana e segurança pública como os principais “calcanhares de Aquiles” de Bruno, chegando a dizer que o problema da violência passa pelo fato do prefeito não entender o tema de maneira mais profunda.

 

“O papel da prefeitura é fundamental no enfrentamento à violência e que o prefeito foge desse debate. Entende o problema da violência como mera questão policial. Ele não compreende que o município e gestores municipais são fundamentais nesse enfrentamento. [...] Eu acho que a gestão do prefeito é fracassada à medida em que ela não atinge o elemento central da vida das pessoas [...] Salvador é a capital com maior violência, maior desemprego, maior índice de desnutrição infantil e maior defasagem habitacional”, afirmou o candidato pelo PSOL.

 

Kleber também afirmou não entender como o prefeito consegue comemorar seus índices de aprovação - fazendo referência às recentes pesquisas que apontam Bruno como favorito à reeleição - uma vez que a cidade “vive na miséria”. Na visão do candidato, parte da população o aprova mais “por questões culturais” do que devido à avaliação do trabalho em si.

 

“O que quer um gestor? Qual é o objetivo de gerir uma cidade se não for para tirar as pessoas da condição de miséria? Se não for para garantir qualidade de vida e dignidade para todo mundo, então, para mim é uma gestão fracassada, uma gestão que não consegue enfrentar desemprego, enfrentar fome, enfrentar violência. É uma gestão fracassada. Nenhum gestor deveria comemorar índices de aprovação popular tendo as estatísticas tão cruéis como essa. Então, para mim, ele está reprovado. Por outro aspecto, as pessoas aprovam também por questões culturais, mas a gente que tem condições de analisar, que se ocupa de analisar o aspecto mais geral, não pode aprovar uma gestão dessa. A gente percebe isso como resultado de escolhas gerenciais administrativas feitas pelo prefeito”, disparou Kléber.

 

GERALDO JR

Durante a entrevista o Psolista também teceu críticas a outro candidato que irá enfrentar nas urnas: o vice-governador, Geraldo Jr. (MDB). Ela voltou a afirmar que o político, apesar de ter o apoio do PT - ao qual classificou como perigosíssimo- , não possui identificação com a esquerda e relembrou os tempos em que Geraldo Jr. foi presidente da Câmara de Vereadores de Salvador, época em que era bastante alinhado com o grupo político de ACM Neto e União Brasil.

 

“O PT seja se dispõe a disputar a cidade pela direita, apresentando um candidato identificado com a matriz ideológica de centro direita e liberal, que entende aí esse modelo de cidade e que atende a interesses de setores econômicos. Inclusive o Geraldo é muito identificado com o próprio grupo do ACM e do Bruno Reis. Então, eu acho perigosíssimo esse movimento que o governo faz e acho que a resistência que existe hoje no campo deles dialoga com isso que eu estou falando. Pela primeira vez o campo do governo topa abrir mão da cabeça [de chapa], né? Abrir mão de uma matriz de esquerda para disputar a cidade por um outro viés ideológico. Então, eu acho isso perigosíssimo. Nesse sentido, a tarefa do PSOL ganha importância”, afirmou Kléber Rosa.

 

Disputa interna com Tâmara Azevedo, nominata do PSOL na Câmara de Vereadores, problemas na capital baiana, Geraldo Jr. e Bruno Reis. Tudo isso e muito mais foi tema da nossa entrevista da semana com o candidato à prefeitura de Salvador pelo PSOL, Kleber Rosa. Confira:

 


Kleber Rosa candidato pelo PSOL à prefeitura de Salvador | Foto: Bahia Notícias
 

Kleber, quais são os calcanhares de Aquiles que o senhor identifica na gestão Bruno Reis e que pretende atuar?

Eu acho que nós temos um problema gravíssimo nesta cidade, que é a questão da mobilidade urbana, que incide na qualidade de vida da nossa população, que submete a população mais pobre a condições precárias de mobilidade, que exclui uma outra parte significativa da nossa cidade que não tem condições de pagar. Uma tarifa alta que obriga o município a investir na malha viária para atender a uma demanda crescente de transportes individuais, como carros e motos, que é resultado da falência do transporte coletivo, do transporte de massa e que termina tendo como resultado também o ataque ao ambiente, seja do ponto de vista da emissão de gases tóxicos pelo número elevado de carros, seja pelas intervenções permanente em áreas verdes, como a gente vê aqui. Isso também é consequência lá na ponta de um transporte de massa ruim. Que é insustentável porque ele é sustentado basicamente pela tarifa. E quanto menos pessoas estão no sistema, mais a tarifa fica cara, mais se exclui pessoas, menos sustentável e piora a qualidade. Ou seja, para mim esse é um gargalo dentre outros. Esse é um que eu identifico, que incide sobre todos esses aspectos. Empobrece o trabalhador porque paga transporte caro e isso incide na sua cesta básica. Ou seja, tem consequências para a qualidade de vida no aspecto geral. À medida que o transporte é ruim e piora a qualidade de vida, nesse aspecto ambiental também piora o trânsito, piora o deslocamento, aumenta o estresse. Ou seja, um transporte público de qualidade, um transporte de massa que consiga atender a uma demanda mais ampla. Gera consequências positivas para a sociedade como um todo. Então, isso para mim é um gargalo que a gente precisa resolver. Eu acho que há medidas imediatas. Algumas delas a gente já pode começar a ter resultados, né? Por exemplo, o horário de pico é algo que a gente pode tentar intervir nisso para diminuir aquela coisa ali. Se a gente tentar conseguir remover alguns setores trabalhistas de horários, aí discutir a convenção coletiva de alguns setores que começam a trabalhar sete, oito para um outro horário, então deslocar parte já diminui. Isso incide no IVA, pode incidir no valor da tarifa e ao incidir no valor da tarifa já pode atrair mais pessoas e começar a dar um nível de sustentabilidade maior. Enfim, estou falando para você aqui como uma medida que parece uma coisa exclusiva, né? Pode mexer em toda, toda a geopolítica de uma sociedade, né? Toda a vida social, urbana. Então, isso é um problema que eu considero importantíssimo, né? Se fosse, se a gente ficar só em um, eu diria que isso é um elemento central que nós vamos colocar como central e outro, objetivamente, é garantir. Distribuição de renda para melhorar a qualidade de vida das pessoas, garantir que as pessoas possam comer, que as pessoas possam ter dignidade, possam ter renda e melhorar suas condições de vida.

 

Qual a sua avaliação acerca da gestão do prefeito?

Eu acho que a gestão do prefeito é fracassada à medida em que ela não atinge o elemento central da vida das pessoas. Nós vimos recentemente uma pesquisa amplamente divulgada que diz que Salvador é a capital com maior violência, maior desemprego, maior índice de desnutrição infantil e maior defasagem habitacional. Ou seja, o que quer um gestor? Qual é o objetivo de gerir uma cidade se não for para tirar as pessoas da condição de miséria? Se não for para garantir qualidade de vida e dignidade para todo mundo, então, para mim é uma gestão fracassada, uma gestão que não consegue enfrentar desemprego, enfrentar fome, enfrentar violência. É uma gestão fracassada. Nenhum gestor deveria comemorar índices de aprovação popular tendo as estatísticas tão cruéis como essa. Então, para mim, ele está reprovado. Por outro aspecto, as pessoas aprovam também por questões culturais, mas a gente que tem condições de analisar, que se ocupa de analisar o aspecto mais geral, não pode aprovar uma gestão dessa. A gente percebe isso como resultado de escolhas gerenciais administrativas feitas pelo prefeito. Falando em Segurança Pública, temos a Guarda Municipal. Eu não quero arriscar o número para não ser leviano, mas me parece que gira em torno de 800 a 900 policiais militares que estão à disposição da prefeitura para resguardar patrimônios públicos municipais, sendo que isso é uma tarefa da Guarda Municipal. Significa dizer que se a prefeitura assumisse sua responsabilidade, nós teríamos essa quantidade de policiais militares cumprindo outras tarefas mais necessárias, mais importante e que incidisse nas nossas estatísticas de segurança pública, dando um dado objetivo de algo que não é priorizado pela gestão e que poderia incidir objetivamente na sua contribuição para a questão além da violência. Então, para mim, é uma gestão que não está aprovada, porque os índices falam por si.

 

Uma ala interna do PSOL pretendia lançar o nome de Tâmara Azevedo para prefeitura, mas agora ela vai sair para Câmara. Como foram os diálogos para essa definição?

Tem um processo democrático, que já é parte da da tradição do PSOL, que é apresentar as diversas possibilidades de nomes e é a gente fazer o debate interno. Então, assim, eu não imaginava que fosse diferente, né? Teve ali o lançamento da Tâmara, que é uma pessoa que também se destacou lá na na eleição para o Senado e cresceu politicamente, para colocar o nome dela à disposição. No entanto, a decisão foi por unanimidade. Diferente, por exemplo, da eleição da decisão de 2022. Embora naquele momento eu tive 82% dos votos do partido para ser o candidato, mas teve uma disputa entre quatro pessoas. Dessa vez não teve disputa. Fomos para o Congresso e construímos uma unidade política. E saiu de lá respaldado por todas as correntes políticas, todas as lideranças, todos os grupos internos do PSOL. Tâmara colocou o nome dela antes à disposição, assim como Hilton colocou o nome dele à disposição. Mas quando fomos afinando, houve aí uma convergência para o meu nome, pelo meu nome e acredito que essa leitura é devido ao acúmulo que nós tivemos do ponto de vista político, sobretudo no debate de 2022. Quando eu falo o debate, eu falo de uma forma geral, né? Muitos nomes foram cogitados, muitos nomes se colocaram à disposição, mas a decisão pelo meu nome foi uma decisão unânime de todos os grupos, de todas as correntes, de todas as lideranças do partido.

 

Com relação à nominata do PSOL para a Câmara de Vereadores, já está fechada? Quantas cadeiras o partido pretende eleger?

Na verdade, nós fizemos um processo prévio de seleção de inscrições e tivemos quase 100 nomes de lideranças de militantes expressando o desejo de ser candidato pelo PSOL. Obviamente que isso não é possível, né? Nós temos que fechar uma chapa com com o número limitado. Eu acredito que pela primeira vez o pessoal vai lançar uma nominata forte, mais forte do que em outros momentos, melhor dizendo. Até porque o nosso objetivo é crescer na Câmara de Vereadores. A gente tem como meta eleger três ou quatro vereadores. Sabemos que não é um número fácil de atingir, mas dada as condições políticas que estão postas, a avaliação é que a gente consegue crescer. Então, obviamente, o PSOL está mirando lá em cima. Temos nomes muito bons, que já são do partido. Temos outros nomes que estão vindo para o cá. Temos nome de gente que está vindo do PT, por exemplo. É como eu disse, a gente ainda não fechou a nominata, mas a gente deve ter uma chapa mais competitiva aí, com desenvolvimento, que ajude o partido a crescer.

 

Em 2022 o senhor se apresentava como candidato ao governo do Estado pelo PSOL. Agora, dois anos depois, como é que o Kleber Rosa de hoje se avalia para a disputa à prefeitura?

Em processo de amadurecimento. Experiência também de como conduzir melhor a caminhada. Nas eleições de 2022. Nesse período, nesse mesmo período, a gente ainda estava sendo pautado por entrevistas, por exemplo, espontâneo. E agora nós já demos largada a um processo de construção do programa. Nós demos largada a um processo de organização e um preparo para a campanha que está por vir. Então, estamos fazendo uma mobilização de pré campanha. Estamos focando no diálogo com lideranças do campo da esquerda. De uma forma geral, compreendemos que nessa eleição a gente precisa dialogar mais para fora, né? As condições que estão dadas hoje são para um desempenho melhor e para a gente ousar um lugar melhor no processo eleitoral também e nos coloca num patamar bem diferente de 2022. Claro que a gente vai para uma disputa sempre numa perspectiva de se eleger, mas a gente tinha uma dimensão de uma dificuldade maior ali, dada as condições da polarização entre dois grupos nacionais e dois grupos representados de forma muito significativa, o engajamento do presidente Lula e também no jogo. A gente sabia que as nossas condições estavam dadas de forma diferente. Agora não. Agora tem um acúmulo já, já adquirido. Tem o fato de eu não ser mais um candidato desconhecido também. Que as pessoas só foram conhecer mais no finalzinho. Então já tem aí uma adesão dos setores da esquerda ao nosso nome previamente. Então a gente já acumula agora, para quando chegar lá na frente, estar mais forte. E o fato também de ser uma, de ser uma campanha até então com poucas candidaturas, né? Do campo do do governo, por exemplo, que costuma lançar várias candidaturas e lançou apenas uma candidatura e uma candidatura que tem pouca identidade, aliás, que não tem identidade com a tradição de luta de esquerda. Então, isso abre um espaço enorme, né? E acende a nossa perspectiva de disputar uma vaga num possível segundo turno.

 

Pegando o gancho da sua própria fala sobre a questão da falta de identidade de Geraldo Júnior com pautas da esquerda, eu queria que o senhor se aprofundasse um pouco mais sobre esse aspecto e desse a sua opinião acerca da sua visão sobre candidatura do emedebista.

O leque de alianças que o PT sempre fez aqui na Bahia e que em alguma medida, reflete o que Lula fez nacionalmente, né? Buscando ganhar a adesão de partidos do campo, do centro e até da direita. Sempre se justificou por uma ideia de que era, na verdade, a esquerda dirigindo esses partidos, dirigindo a política e tendo a adesão dessas siglas. Portanto, continuaria sendo um projeto da esquerda, né? Mas com a adesão de setores do centro e setores da direita e isso até aqui, embora eu discorde do ponto de vista mais conceitual dessa tática, não acho que ela se aplica dessa forma, porque também houve um esvaziamento, um rebaixamento do programa de esquerda para poder se adequar a essas adesões. Mas a justificativa estava lá, né? Temos um projeto de esquerda, um projeto popular e que venha quem quiser apoiar. Até o movimento que o campo petista faz agora que o campo do governo não pode nem dizer que é o campo petista porque setores do PT claramente se posicionaram contra. Mas o governo bateu o pé e manteve. Então o campo do governo dirigido pelo PT, faz um movimento agora que coloca por terra essa tese. Ou seja, se dispõe a disputar a cidade pela direita, apresentando um candidato identificado com a matriz ideológica de centro direita e liberal, que entende aí esse modelo de cidade e que atende a interesses de setores econômicos. Inclusive o Geraldo é muito identificado com o próprio grupo do ACM e do Bruno Reis. Então, eu acho perigosíssimo esse movimento que o governo faz e acho que a resistência que existe hoje no campo deles dialoga com isso que eu estou falando. Pela primeira vez o campo do governo topa abrir mão da cabeça, né? Abrir mão de uma matriz de esquerda para disputar a cidade por um outro viés ideológico. Então, eu acho isso perigosíssimo. Nesse sentido, a tarefa do PSOL ganha importância. E, obviamente, aumenta a responsabilidade de não deixar que se naturalize a ideia de que e que é possível disputar a cidade com esses setores que dirigem hoje pela direita e com outro projeto que não seja um projeto de esquerda. Existe um outro setor de opinião pública que se identifica com as pautas da esquerda. Aí eu falo dos intelectuais, da turma, das universidades, de profissionais liberais, de setores médios que, embora necessariamente não estejam militando, mas constroem, a partir da sua opinião pública, um caminho de um projeto pela esquerda, né? E parte do eleitorado também, que está um pouco fora dentro dessa caracterização, mas que vota, se identifica no voto pela esquerda, seja por uma referência de identidade racial, seja por uma referência de classe. Então tem esse eleitorado também que soma uma parcela significativa da população e nosso desafio é dialogar com esse segmento. Apresentar para essas pessoas que nós temos uma opção de esquerda para a cidade e isso abrir um caminho para que a gente consiga crescer dentro desse eleitorado. Então, esse cenário pode mudar. Essa polarização esperada que todo mundo imagina que possa acontecer e a gente está trabalhando para isso. Para entrar nesse jogo, para crescer, para passar e superar o segundo colocado aí e numa possibilidade de ter um segundo turno que eu acho possível. Bruno Reis atingiu 51% dos votos válidos em média, né? Significa dizer que tem, que tem uma metade da população. A outra metade não aprova o governo dele não quer votar, pensa numa perspectiva de coisa. Então acho que tem um espaço grande para a gente conquistar. E numa possibilidade de segundo turno a gente ocupar esse espaço, né? E obviamente que quando se vai para o segundo turno é uma nova eleição, as condições se igualam, o nível de visibilidade e de espaço aumenta para candidaturas menores, como a nossa. Candidaturas com menor visibilidade, como a nossa, a gente ganha novos aliados, né? Possibilidade de segundo turno? Obviamente, eu conto em ampliar o diálogo para os setores, inclusive, que constroem esse campo democrático popular, os partidos tradicionalmente identificados com partidos de esquerda.O próprio governador, né? O PSOL fez o movimento em 2022 de apoiar no segundo turno a candidatura de Jerônimo. E obviamente que nós, estando no segundo turno, vamos dialogar para também ter esse apoio, assim como de outras lideranças do campo da esquerda, os partidos do campo da esquerda. Até porque a gente não acha que tem que governar sozinho. O PSOL claramente não está nessa eleição para demarcar posição. Não estamos nessa eleição para manter o nosso tamanho, o nosso eleitorado agitado. Nós entendemos verdadeiramente que temos condições reais de entrar numa disputa que está aberta, que não está dada, que não está definida, né? E com condições reais de disputar uma parcela que pode nos levar ao segundo.

 

Levando em consideração todo o cenário que já conversamos e as pesquisas que mostram Bruno em primeiro lugar e Geraldo em segundo, o senhor acredita que entra nessa eleição para retirar mais votos de quem?

Eu acho que com certeza dos dois. Geraldo são os votos da oposição ao atual gestor Bruno Reis. Então, eu estou disputando o voto de quem não quer manter o projeto que tá aí, naturalmente. Quem tá na oposição disputa esse sentimento. E além disso, como eu já falei aqui, a gente já enfatizou, tem um voto identificado com o campo da esquerda em si. E agora disputa também o voto que tá com Bruno Reis. Eu acho que o eleitorado se divide em sentimentos diversos, né? Tem pessoas que votam por uma crença de que quem é capaz de dirigir a cidade “melhor para mim”. Tem muito aquele voto pragmático individual, né? Quem consegue ser melhor para mim? Quem é que vai conseguir atender melhor os meus interesses? Então, obviamente que a medida em que a gente apresenta o projeto que a gente defende bem, nossas propostas, que a gente se apresenta como uma candidatura viável, responsável, capaz de governar de forma diferente e melhor, a gente consegue entrar numa parte desse eleitorado que vislumbra essa perspectiva. Então eu aposto nisso também. À medida em que a eleição, o processo eleitoral, se instaurar de maneira mais objetiva, que a gente puder dialogar melhor, de forma mais ampla, atingir diversos segmentos aí que ainda não estão nesse momento do processo. Então, a gente disputa de fato, tem possibilidade. Estamos focado em disputar o eleitorado desses dois campos aí, que por enquanto estão nesses dois universos. Porque senão também você não vai ao segundo turno, né? Se Bruno Reis conseguir manter o que ele tem hoje, não tem segundo turno.

 

Kleber, o senhor é uma figura tida como heterogênea por muitos, já que, além de professor, ativista e sindicalista, também é investigador. Como é que essa sua experiência de vivenciar âmbitos diferentes pode facilitar o seu diálogo justamente com diversas alas da sociedade e conseguir aglutinar um número de votos maior?

Essa personalidade multifacetada me coloca no lugar de privilégio que é ter condições de discutir com propriedade, com pertencimento, coisas que são fundamentais para o nosso povo. Quando eu falo de racismo, eu não falo de quem observa, eu falo de quem vive. Quando eu falo de segurança pública, eu não falo de quem analisa os números. Eu falo de quem opera, de quem vive, de quem estuda. Quando a gente fala de educação, também não estou analisando as estatísticas. Eu estou analisando a realidade concreta do chão da sala de aula, dos desafios de promover a educação, de lidar com aquele aluno que está prestes a evadir, que a gente conquista, traz de volta. Então, essa minha, desenvoltura de quem opera em diversas frentes, que dialoga com diversas demandas, eu acho que me coloca num lugar privilegiado frente aos outros candidatos. Sobretudo, privilegiado no diálogo com a população, né? Eu acho que eu tenho condição de falar sobre cada um desses temas com a propriedade que pode me dar o privilégio e as melhores condições de dialogar de forma mais mais convincente com quem sente o problema na base. Então eu também tô me apoiando nesses elementos para conseguir atingir o coração e a mente da nossa população e conquistá-los para o nosso projeto.