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Entrevista

Daniel Almeida afirma que mantém diálogos para PCdoB indicar próxima vaga no TCM: “Há uma compreensão geral” - 14/08/2023

Por Leonardo Almeida

Daniel Almeida afirma que mantém diálogos para PCdoB indicar próxima vaga no TCM: “Há uma compreensão geral” - 14/08/2023
Foto: Clara Viana / Câmara dos Deputados

O deputado federal, Daniel Almeida (PCdoB), afirmou que mantém conversas com lideranças políticas para que o partido possa pleitear a indicação para o próximo conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), que, recentemente, teve uma cadeira ocupada pela ex-Primeira Dama, Aline Peixoto. Segundo o parlamentar, há uma “compreensão geral” de que os comunistas podem fazer a indicação para a próxima vaga no TCM.

 

“Temos conversas com membros da Assembleia, com deputados, com lideranças políticas, com o presidente do partido, com o governador. Então, as conversas existem e há uma compreensão geral de que o PCdoB possui legitimidade para pleitear, mas o acordo tem que ser feito com a Assembleia. Não tem um nome definido, acho que se alguém se apresenta para ser candidato em uma eleição não quer dizer que seja sempre candidato nas eleições seguintes”, afirmou o deputado em entrevista ao Bahia Notícias.

 

Daniel Almeida também comentou sobre as expectativas para as eleições de 2024. O parlamentar afirmou que espera dobrar o número de prefeitos do PCdoB após o pleito do ano que vem: “Nós já estamos tratando a eleição de 2024, tem uma diretriz do partido que é disputar a chapa majoritária em todos os lugares que for possível. Já temos uma pré-relação com 54 nomes, temos atualmente 16 prefeitos e achamos que reunimos condições para mais que dobrar”, disse o deputado.

 

Deputado Daniel Almeida | Foto: Tiago Melo / Bahia Notícias

 

Nos primeiros seis meses tivemos aprovações de projetos importantes do governo na Câmara dos Deputados. Qual é o balanço que você faz desse primeiro semestre dos trabalhos? 

Considero um balanço extremamente positivo. A Câmara dos Deputados, já no final do ano passado, depois da eleição, tomou uma decisão decisiva para este ano, que foi votar o fim da PEC dos Gastos e prover uma estrutura fiscal. A agenda da Reforma Tributária, que sempre ficou presa nos últimos anos conseguiu avançar, a votação foi uma demonstração de força e de compromisso do presidente [Luiz Inácio] Lula [da Silva]. O Arcabouço Fiscal, que deu segurança fiscal para o país, também foi aprovado com uma votação muito expressiva. Além das medidas sociais, o governo Lula é um governo que olha para os pobres e conseguiu instituir uma política de valorização do salário mínimo,a retomada do Bolsa Família, do Minha Casa Minha Vida, e todas essas matérias foram votadas no Congresso a partir de iniciativa do Executivo. Portanto, fechamos com um resultado extremamente positivo.

 

A gestão de Luiz Inácio Lula da Silva chegou a ser bastante criticada pela falta de articulação durante os primeiros meses, sendo os principais alvos os ministros Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Rui Costa (Casa Civil). Contudo, recentemente, houve uma diminuição dos embates entre o governo e as lideranças da Câmara. A gestão melhorou os diálogos ou as críticas direcionadas a Padilha e Rui foram exageradas?

Eu penso que os que criticaram não compreenderam a composição do Congresso Nacional, ou não compreendeu o resultado que a urna produziu. A urna produziu um Executivo mais para a esquerda e um Legislativo com um perfil mais de centro, e com predominância de centro-direita. Esse é o resultado. O governo Lula montou uma equipe predominantemente de esquerda para fazer interlocução com o centro. Era natural que houvesse dificuldades e insatisfações, especialmente do chamado Centrão. Mas eu penso que essas críticas resultam em uma compreensão do governo sobre os ajustes para dar uma estabilizada na base. Esses ajustes já começaram a ser feitos, não que seja da vontade de Lula, mas é pela necessidade de estabilizar a base de sustentação. Acho que as críticas foram, de alguma forma, fora do contexto da realidade eleitoral que a urna produziu. Mas acredito que estão absorvidas essas críticas e as coisas estão se ajustando naturalmente.

 

A disputa pela sucessão de Arthur Lira na presidência da Câmara já começou e, entre os nomes, aparece o deputado baiano Elmar Nascimento. Você acredita que a base governista pode indicar um outro nome ou Elmar deve receber apoio da base de Lula?

Eu vejo com mais probabilidade de se manter na presidência da Câmara alguém com perfil de centro, o PP é o que prevalece na composição da Câmara entre os partidos de centro. Qual é o nome? Acho que é muito cedo para falar sobre os nomes. O atual presidente tem sete meses de mandato, ainda tem mais um ano e cinco meses, não está nem no meio do mandato. Ficar falando de nome agora não presta um bom serviço ao funcionamento da Câmara, nós temos muitas tarefas ainda, temos que votar LDO, estipular orçamento, concluir a Reforma Tributária, concluir o Arcabouço Fiscal, temos que fazer mudanças na legislação para consolidar as políticas sociais que o governo Lula quer fazer, temos que discutir o PAC que acabou de ser lançado. Então acho que trazer a discussão sobre a sucessão agora não é um bom debate. Agora, dos nomes todos que estão sendo emancipados, são nomes com credenciais para assumir a presidência, Elmar, Antônio Brito, entre outros que são citados. Mas acredito que essa discussão não deve ser trazida agora.

 

Qual é a sua expectativa para o desempenho do PCdoB nas eleições de 2024? Há alguma meta para as prefeituras, um número para quantas prefeituras o PCdoB pensa em alcançar em 2024?

Nós já estamos tratando a eleição de 2024, tem uma diretriz do partido que é disputar a chapa majoritária em todos os lugares que for possível. Já temos uma pré-relação com 54 nomes, temos atualmente 16 prefeitos e achamos que reunimos condições para mais que dobrar. Estamos trabalhando com a ideia de consolidar pré-candidaturas dentro da frente, que é PT, PCdoB e PV, e viabilizar candidaturas do bloco de sustentação  do governo Jerônimo [Rodrigues]. Temos a pretensão de disputar grandes centros, como é o caso de Salvador, Juazeiro e Senhor do Bonfim. Estamos com a expectativa de tornar essas pré-candidaturas em candidaturas para dar sustentação ao governo Jerônimo.

 

Esse ano nós temos uma novidade para as eleições que é a questão da federação. O senhor acredita que a formação dessa composição facilitou os diálogos para a escolha dos nomes ou então vem tendo alguns entraves? Em Juazeiro, por exemplo, há uma forte disputa interna entre Isaac Carvalho (PT), Roberto Carlos (PV) e Zó (PCdoB).

A federação fortalece a disputa no campo da esquerda, o campo da esquerda fica mais robusto. Acho que facilita os projetos porque já não se discute a necessidade de achar uma proporção para alcançar o quociente eleitoral na questão dos vereadores. Antes você tinha que medir em cada município se o partido tinha condições de conseguir o quociente ou não. Dentro da federação esse objetivo fica mais fácil de ser alcançado. A federação favorece as discussões no campo da esquerda, portanto favorece a questão do quociente eleitoral para a montagem de uma chapa.

 

Em Salvador há uma forte disputa interna para o nome da federação em 2024. Temos Geraldo Jr., Robinson Almeida, José Trindade e a sua colega de partido, Olívia Santana. Você tem participado dessas discussões? Acredita que a federação pode, de fato, apoiar o nome de Olívia? Ela possui credenciais para o cargo?

Eu tenho acompanhado, participado de todas essas discussões. Tenho defendido e trabalhado na unidade do campo de apoio de Jerônimo, com uma única candidatura e tenho defendido que o melhor nome é o de Olívia por questões objetivas. Ela foi a liderança política, dentre todos esses pré-candidatos, que passou por experiências mais consolidadas em Salvador em todas as eleições. Seja para vereadora, seja para deputada estadual, teve muitos votos, na última eleição ela foi a deputada mais bem votada. Ela tem uma vivência política com Salvador muito sólida como gestora, como representante dos movimentos sociais e com uma grande capacidade de articulação política. Então, enxergo, com questões objetivas, que é o nome mais representativo da cidade e com melhores condições de unificar o campo político que apoia o governador Jerônimo.

 

Neste ano tivemos a nomeação da ex-primeira-dama, Aline Peixoto, para o cargo de conselheira do TCM. A gente ouve nos bastidores que essa vaga na verdade estava prometida ao PCdoB, com a indicação de Fabrício Falcão. Agora, para uma próxima cadeira, existe diálogo ou então um acordo para que o(a) próximo(a) conselheiro(a) seja indicação do PCdoB?

O PCdoB defende há bastante tempo a tese de que essas vagas nos tribunais de contas sejam, na medida do possível, compartilhadas entre as forças políticas que atuam na Bahia. O PCdoB nunca teve a oportunidade de ocupar esse espaço, por isso temos levantado há algum tempo a necessidade de ser reconhecido, valorizado. Nas últimas conversas que tivemos com várias lideranças ouço a compreensão de todos que estamos conversando e espero que essa nossa vaga seja levada em conta. O nome a ser definido é um nome que a gente tem que começar a dialogar com as lideranças políticas dentro do PCdoB e fora do PCdoB, e esse será feito no momento apropriado. A vaga ainda não está aberta, então em um momento oportuno o PCdoB irá discutir com as lideranças políticas e internamente no partido. Não tem um nome definido, acho que se alguém se apresenta para ser candidato em uma eleição não quer dizer que seja sempre candidato nas eleições seguintes. Cada momento político exige enxergar a realidade e fazer as movimentações que aquela realidade exigir. O acordo tem que ser feito com os deputados da Assembleia Legislativa da Bahia, que indica o nome, temos conversas com membros da Assembleia, com deputados, com lideranças políticas, com o presidente do partido, com o governador. Então, as conversas existem e há uma compreensão geral de que o PCdoB possui legitimidade para pleitear, mas o acordo tem que ser feito com a Assembleia, que é quem vota. Respeitar outras pretensões também.