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Entrevista

Jerônimo estabelece combate à fome como prioridade e defende legado petista na Bahia - 14/09/2022

Por Lula Bonfim

Jerônimo estabelece combate à fome como prioridade e defende legado petista na Bahia - 14/09/2022
Foto: Adriel Francisco

O candidato Jerônimo Rodrigues (PT), em entrevista na última segunda-feira (12) ao podcast Projeto Prisma, estabeleceu os combates à fome e ao desemprego como prioridades máximas de um futuro governo seu. O petista ainda criticou a atual gestão federal, liderada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), e defendeu o legado das administrações petistas na Bahia.

 

“Não dá para uma pessoa que veio desse lugar ver as pessoas com fome e não fazer alguma coisa. O estado tem a sua responsabilidade. Ele não vai conseguir fazer tudo sozinho, mas é uma articulação para que a gente possa enfrentar o tema da fome. E eu não estou falando só da Bahia. Estou falando que o Brasil voltou ao mapa da fome, por uma perversidade de um presidente que não gosta de gente”, criticou o candidato.

 

Jerônimo também justificou os resultados ruins da Bahia no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), afirmando que uma educação deficiente nas redes municipais acaba prejudicando o desempenho dos alunos no ensino médio. Ele propôs uma atuação do governo estadual junto às prefeituras para resolver a questão.

 

“A idade ideal para alfabetizar uma criança é entre cinco e seis anos. Se você perdeu ali, o tempo ideal você já perdeu. Pode recuperar? Pode. Mas é a fase da formação do cérebro, da inteligência. O que eu quero fazer? Vou chamar um grande mutirão para que o estado possa entrar com a responsabilidade que for, para que as prefeituras possam iniciar desde cedo esse processo. Não se faz em quatro anos, mas se começa bem”, apontou o petista. Confira abaixo a entrevista completa:

 

Sendo governador, quais são as suas prioridades ao chegar à cadeira?

Eu tenho uma missão. Eu posso dizer que é pareada com a de Lula. O combate a fome. Não dá para uma pessoa que veio desse lugar ver as pessoas com fome e não fazer alguma coisa. O estado tem a sua responsabilidade. Ele não vai conseguir fazer tudo sozinho, mas é uma articulação para que a gente possa enfrentar o tema da fome. E eu não estou falando só da Bahia. Estou falando que o Brasil voltou ao mapa da fome, por uma perversidade de um presidente [Jair Bolsonaro, do PL] que não gosta de gente. Ele, recentemente, deu uma entrevista não valorizando este momento, das pessoas que estão com fome. Arredondando os números, 34 milhões de pessoas passam fome no Brasil. Acordam de manhã e não têm a perspectiva do que botar no prato dos filhos. Isso é muito lamentável e eu vou dizer isso onde eu estiver. A fome é o lugar que mais degrada as pessoas. Humilha as pessoas. Uma pessoa que tem fome não tem força para trabalhar, não tem condições de sonhar. A primeira coisa é isso e eu farei. Lula vai chamar a gente logo depois das eleições, para gente poder fazer o que ele fez em 2003. No dia do meu discurso na Fonte Nova com ele, eu falei que ele vai ter que reler aquele discurso de 2003. Vinte anos depois. Quando ele disse que, ao final do governo dele, as pessoas teriam três refeições diárias. Pode parecer bobo isso, mas não é. A fome não é boba. Essa é a minha missão. Eu vou suar. Vou fazer campanhas com vocês das mídias e dos blogs, vou chamar os prefeitos, empresários, religiões, terreiro, seja o que for, pastores, padres, para a gente fazer uma grande agenda, para, aqui na Bahia, a gente se livrar desse mal, dessa peste. Depois, super interligados, o desemprego. Eu vou lutar. O desemprego é tão duro quanto a fome, porque não vai ser um município ou um estado que vai enfrentar sozinho. Tem decisões que são nacionais. Taxas de juro, por exemplo. Grandes investimentos no setor produtivo, atração de empresas, taxação de impostos, tudo isso. É bom se cuidar, porque o ex-prefeito [ACM Neto] - não sei se ele deixou de ser prefeito - foi uma lástima aqui em Salvador. As taxas de IPTU foram um negócio absurdo. Fechando empresas, lojas. A indústria de multa que o ex-prefeito criou aqui virou uma cultura. Imagine você, que é Uber ou taxista, vive cercado disso. Resumindo: emprego e combate à fome serão duas bandeiras fortes. A pessoa tem que ter dinheiro no bolso e comida no prato, para ter aquela coisa de você sonhar no final de semana com um churrasco ou uma feijoada com amigos; ter um carro ou uma moto… Isso é sonho de todo mundo.

 

A pandemia aumentou a infraestrutura da área de saúde na Bahia. No entanto, não existe uma perspectiva clara de manutenção desse legado. Quais são as iniciativas, caso eleito, para manter a ampliação da oferta de serviços e do próprio acesso à saúde no estado?

Nós vivenciamos na pandemia um legado muito forte. Para mim, foi o mais forte: o comportamento de um gestor que não cuidou da sua população. Em casa, na escola ou no trabalho, sempre que tem uma situação preocupante, tem sempre um líder. Às vezes, é o pai, a mãe, o irmão mais velho, seja quem for, mas sempre tem uma liderança. Nós passamos a pandemia precisando de uma liderança. Naquele momento, para nós, era para ser um presidente da República que tinha que liderar, chamar governador, chamar prefeito, chamar a sociedade, a imprensa e dizer: “vamos aqui, que o negócio está pegando e eu não posso abrir mão. Eu tenho meu limite como governo federal, não vou poder fazer tudo, mas quero um grande mutirão como outros países fizeram”. Nós estamos chegando a 700 mil mortes e ele, com uma insanidade tamanha, não foi capaz de superar esse lado do partido e das eleições e dizer: “ó, gente, daqui a pouco a gente conversa sobre eleições, mas agora tem a vida em jogo''. Era isso que a gente queria, que ele chamasse para a responsabilidade. Mas não: ficou o tempo todo brincando, ironizando, imitando as pessoas sentindo falta de ar. Aquilo é de uma grosseria tamanha! Mas o que se destacou como legado? O comportamento de uma liderança que não serve para nós, mas também a gente compreender o quanto foi importante ter um Sistema Único de Saúde [SUS]. Foi quem segurou a onda. Precisamos fortalecer o sistema. Essa parceria entre União, estados e municípios é fundamental. Quando a gente ouve falar em regulação, nenhum da gente gosta de sofrer numa fila de espera. Nenhum da gente gosta de ver um parente ou amigo nosso tentando uma vaga e não ter. A gente precisa ajustar qual é o papel do estado, qual é o papel da União e qual é o papel do município. Nós encontramos gente hoje na fila da regulação que realmente precisa, mas também encontramos o que deveria ter sido feito pelo município. Um atendimento, um exame de toque, um cuidado com as mulheres, que a gente não encontra na prefeitura de Salvador, onde a atenção básica é muito ruim, não existe. Portanto, para nós, que dirigimos o estado da Bahia, vamos ter que superar isso. Passada as eleições, vamos chamar os prefeitos novamente. Rui fez muito isso. A gestão de uma policlínica não é o governador que faz. É um consórcio e o governo do estado faz parte dele. Na Policlínica de Santo Antônio de Jesus, o prefeito Ito de Bega, de Conceição do Almeida, é o presidente do consórcio. Com os prefeitos ali, eu achei aquilo de uma riqueza… Tinha uma quantidade de atendimentos e de exames muito grande. E eles funcionam a noite, porque, às vezes, a pessoa trabalha durante o dia e não pode fazer exame. Sábado e domingo, estão atendendo para poder zerar o atendimento. Tem um ônibus, você chega lá e servem um lanche para a pessoa que vem com fome. É um cuidado, um jeito de cuidar das pessoas, que eu farei isso com muito carinho. Nós estudamos. Rui não teve tempo de fazer todas, mas encontramos vazios. Quando estiver em pleno funcionamento, a média é que cada policlínica atenda uma região com 400 mil pessoas. Nós já percebemos que há regiões que, quando começar a rodar bem, vai ficar faltando policlínica. Já botei no meu programa de governo uma quantidade para que a gente possa suprir. Aqui na Região Metropolitana, nós teremos mais duas, porque as duas de Salvador não são suficientes para atender. Na Bacia do Jacuípe, na região de Jacuípe, Capim Grosso, Senhor do Bonfim, quem tem uma, nós temos que fazer outra. O Médio Rio das Contas, o Vale do Jiquiriçá, tudo isso está no nosso planejamento, para que a gente possa ter atendimento. Um outro desafio para a gente vai ser dialogar muito com os conselhos de enfermagem e de medicina, além das universidades, para que a gente possa formar profissionais. Em alguns lugares do interior, a gente não encontra aquela especialidade. De câncer, de coração…Então as pessoas acabam vindo para Salvador, buscando um grande centro. A gente quer que a saúde chegue mais perto de cada pessoa da Bahia.

 

A Bahia, infelizmente, mantém índices baixos nas avaliações de ensino feitas pelo Ministério da Educação. Somado ao problema histórico, estudantes ficaram distantes das salas de aula no período da pandemia. O que fazer para reduzir a distância entre estudantes da rede pública e da rede privada, bem como fazer com que o estado se torne uma referência na temática educação?

Quando eu assumi a secretaria, eu sempre falava que não estava secretário da rede estadual. Eu era secretário da Educação do estado da Bahia. E eu tenho muita clareza disso. Assim como serei um governador da Educação, não só da rede estadual. Por que? Quando você avalia o ensino médio, você tem três anos. O estudante já vem com a formação de baixo. Se a gente não fizer uma formação inicial boa, na universidade e no ensino médio não vai resolver. Podem botar culpa - a oposição -, que a carapuça não é fazer essa disputa. Nós temos que resolver o problema da qualidade da educação no país. Não existia esses indicadores de avaliação, do Ideb. Foi o governo Lula, com Haddad, que criou em 2005. Não se avaliava qualidade de aprendizagem. Botavam o dinheiro lá, mas não se avaliava. Com o governo Lula, criamos o Ideb. Tem que consertar? Tem! Tivemos a coragem de criar, para poder avaliar os investimentos. Mas veja… Eu não tive a oportunidade de estudar numa creche. A família educa, mas não é escola. É a creche o lugar ideal para o estudante começar a fazer aqueles desenhos, aprender a gostar da educação. Se você não fez, você perdeu a oportunidade. Aí você vai para o infantil, o fundamental 1. Se você não tem, nesse momento inicial, uma formação adequada, sua vida educacional acabou. Você vai se formar? Vai! Vai ter diploma? Vai! Mas a qualidade não é a mesma. A idade ideal para alfabetizar uma criança é entre cinco e seis anos. Se você perdeu ali, o tempo ideal você já perdeu. Pode recuperar? Pode. Mas é a fase da formação do cérebro, da inteligência. O que eu quero fazer? Vou chamar um grande mutirão para que o estado possa entrar com a responsabilidade que for, para que as prefeituras possam iniciar desde cedo esse processo. Não se faz em quatro anos, mas se começa bem. Nós pegamos um estado com dificuldade muito grande de prioridade de recursos. Se eu estivesse na secretaria, com certeza, eu poderia garantir que eu iria fazer essa luta mais intensa e mais forte. A Bahia, não é que deixou as escolas de lado, mas nós não tínhamos estradas. Eu lembro muito bem: de onde eu nasci [Aiquara] para Jequié, 32 km, era três ou quatro horas de viagem. Então tinha que ter prioridade: estradas, para passar viatura, um caminhão, ônibus, uma ambulância. Depois, tivemos dificuldades imensas, por exemplo, com algumas infraestruturas que não tínhamos no estado, como hospitais e policlínicas. Mais uma vez, eu digo: tinha que caminhar em conjunto o governo federal e o governo do estado, para a gente poder fazer isso em grande escala. E eu sei também que o governo federal pegou uma situação dessas não foi só na Bahia. Maranhão, Piauí, o Nordeste em si, o Norte. Nós fizemos uma grande ação de investimentos em concursos públicos para professores. Rui vai deixar aproximadamente, na parceria comigo, 600 escolas entre novas e modernizadas, e eu vou fazer as outras que faltam. São 1.200 escolas só da rede estadual. Estamos fazendo 600 e, no meu governo, vou puxar para a gente fazer as outras que faltam. Nós temos que fazer um trabalho de investimento na infraestrutura das escolas municipais. Não vai ser o estado que vai fazer isso, mas tem que ser parceiro. Quando um menino vem para a rede estadual vindo de uma escola boa, esse menino rende. Estou afirmando como proposta e está no meu programa de governo: infraestrutura, concursos e formação para professores, permanente, para valorização do professor e encerro dizendo que temos que fazer uma grande parceria com as universidades. Porque o professor é formado na universidade e, se a universidade não estiver atenta para as grandes mudanças que temos que fazer, o professor fica para trás. Não pode culpar o professor por isso. Eu, por exemplo, sou professor e não tive uma carga horária em minha formação para poder aprender a mexer nas tecnologias. E, assim como eu, meus colegas professores não tiveram essa oportunidade. Então, vou ter que fortalecer o orçamento das universidades estaduais e vou ter que conversar com Lula para as federais no estado da Bahia. Temos que colocar universidade naqueles lugares que não têm oferta da educação superior. Porque, quando a gente não oferta educação superior na Chapada [Diamantina], eu tiro as pessoas de lá para fazer curso fora e, quando vou fazer concurso para medicina ou direito, eu fico levando algumas pessoas daqui para lá. E nem sempre a pessoa quer morar em cidade grande. Quem é de lá quer ficar lá. Temos que fazer uma arranjo positivo para que essas ações possam fortalecer cada território.

 

Os índices de crimes violentos, bem como os números envolvendo violência policial - e violência contra policiais, seguem alarmantes. O que fazer para melhorar a própria sensação de segurança dos baianos? Você pretende investir em tecnologia de que forma? E sobre o efetivo de policiais civis e militares, você tem alguma perspectiva de ampliar esses números? O aumento de efetivo é a solução, na sua visão, para diminuir a violência?

Tem candidato que fica parecendo que tem uma varinha de condão, porque não conhece a realidade e ainda está com o salto um pouco alto. O tema da violência e da segurança pública é muito sensível. Não se destampa uma caixa e resolve de uma hora para a outra. Nós temos feito, com rigor, nos dois governos Wagner e nos dois governos Rui, investimento pesado, maciço. E nós também sabemos que as facções criminosas investem também em inteligência e em tecnologia, fazendo estrago ora num canto, ora em outro. Aqui na Bahia, nós temos tido os investimentos, primeiro no profissional da segurança pública. Concurso público, formação de profissionais, equipamentos de proteção… Eu lembro muito bem que, quando um efetivo estava trocando um turno com outro, tinha que esperar um colega chegar, porque não tinha colete para todo mundo, não tinha armas para todo mundo. Hoje tem em quantidade suficiente para que um efetivo saia enquanto o outro está se deslocando. Eram viaturas sendo empurradas. Hoje não. Viaturas novas, de qualidade. Inclusive, está até no meu programa de governo a blindagem de viaturas, para que possa, além de proteger o profissional em trânsito, ter uma proteção com a viatura parada. O próprio uso de tecnologia: a gente tem que se precaver com o setor de inteligência, para garantir precaução. Por exemplo, você consegue evitar que aconteça um assalto a banco ou alguma ação de trafegabilidade de drogas ou de armas. E temos que ter uma boa relação com a Justiça, para que ela seja parceira do estado, para realizar um trabalho para a sociedade que realmente surta efeito.

 

O país vive um momento de crise ambiental e a Bahia está inserida nesse contexto, de baixa preservação de biomas importantes, como a Mata Atlântica e a caatinga. Há uma demanda mundial por desenvolvimento sustentável, porém temos obstáculos legais e da história e da cultura locais. Como aliar desenvolvimento e respeito ao meio ambiente estando na cadeira de governador?

A mediação não é fácil, porque a força do capital impõe situações em que a gente não tem mais como recuar. A forma como se implanta uma cultura de cuidar do meio ambiente, dos biomas, se confronta muitas das vezes com o capital. O capital é feroz por conta do lucro e por conta do retorno de investimento. Na agricultura familiar, por exemplo, quando um agricultor coloca ovos na prateleira de uma mercearia ou do comércio, é o mesmo ovo que vai para a mesa dos filhos do agricultor familiar. Ele não produz um para a família e o outro para vender. É o mesmo, então ele não vai botar na mesa de seus filhos um produto envenenado. Ele sabe da responsabilidade ambiental e humana. Essa seria a cultura ideal para você produzir qualquer coisa, inclusive o que a gente exporta. Porque aquele milho e aquela soja alguém vai consumir. “Ah, mas o milho é para alimentar porcos nos Estados Unidos”. Sim, mas alguém vai comer aqueles porcos. Essa é a cultura. Tem que ter uma base legislativa muito forte, uma lei intensa e cumprir com rigor. Nós temos encontrado forte apoio nas promotorias, no Ministério Público, na Defensoria, em ações. Alguém tem que defender o direito do consumidor. Mas, acima do consumidor, tem o ser humano. No novo ensino médio, o currículo, instalado nos últimos oito ou seis anos, trata na abordagem curricular dessa preocupação. E não é só na escola pública não. É no ensino médio como um todo. Para que a gente possa formar estudantes com essa consciência. Isso é em médio e longo prazo. Agora, o que resta é ter rigor na lei para proteger o meio ambiente. E quando eu falo meio ambiente, é proteger os mananciais, os rios, mas também quem consome. Acima de tudo, tem que ter rigor nisso. Ter órgãos fiscalizadores. E o estado tem que bancar isso, porque o município não tem força suficiente. É o estado e principalmente a União.

 

Somos um estado com a maioria da população negra, porém não temos uma política clara de combate ao racismo, inclusive institucional. Você consegue enxergar o racismo e a intolerância religiosa como problemas de Estado? Como combater essas chagas sociais?

O desejo é que a gente possa fazer um governo antirracista. E não é pela metade. Nós temos que ser contra essas posturas racistas. Nós tínhamos uma secretaria nacional que cuidava disso e os caras [governo Bolsonaro] acabaram, destruíram. Uma política como essa é da cultura, é da raiz, nós tínhamos que ter uma política nacional. E os estados serem parceiros. A Bahia, como é um país com grande vocação de pessoas negras, tem que fazer a defesa desse povo. Eu estou incluso, não é uma coisa distante. Minha expectativa primeira é que Lula possa resgatar essa ação. Ele já falou de um ministério ou uma secretaria para os indígenas e também falou que o povo negro vai ter espaço de volta para o cuidado de políticas afirmativas, investimento, orçamento, editais… Aqui na Bahia, é o único estado que tem uma secretaria para a promoção da igualdade. Eu conheço muito bem, porque tanto na Secretaria de Desenvolvimento Rural quanto na Educação, eu fui um parceiro muito forte nessas atitudes. No Rural, fizemos com a Sepromi ações concretas de habitação rural em quilombos, de editais específicos para comunidades ribeirinhas, que são muito negras, e pescadores de quilombo. É o fortalecimento da autonomia financeira desse povo. E agora, na Educação, temos um conjunto de formação para o professor, para que ele possa, além de respeitar a cultura e o tema racial, fazer grandes agendas de investimento a partir da iniciativa das escolas sobre esse tema. Não é só naquela semana de novembro, que a gente faz aquele evento não. Ali é um fechamento. A gente faz ao longo do ano essa cultura na escola, para que a gente possa superar o racismo. E o estado tem os seus limites. É fundamental que tenhamos campanhas junto com vocês dos meios de comunicação e que a própria rede estadual, municipal e particular possam estar envolvidas com isso.