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Entrevista

‘Governo Bolsonaro é um desastre na política de geração de emprego’, diz titular da Setre - 13/06/2022

Por Nuno Krause

‘Governo Bolsonaro é um desastre na política de geração de emprego’, diz titular da Setre - 13/06/2022
Foto: Paulo Victor Nadal / Bahia Notícias

Titular da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), Davidson Magalhães (PCdoB) atribuiu a dificuldade de criar postos de trabalho na Bahia ao governo federal. Em entrevista ao Bahia Notícias, o gestor afirmou que o “governo Bolsonaro é um desastre na política de geração de emprego e renda”. No dia 13 de maio, um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou que o estado lidera a taxa de desemprego no Brasil, com 17,6% (lembre aqui). 

 

A falta de trabalho reflete diretamente na fome no país. Ao todo, segundo dados da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), 33,1 milhões de pessoas passam fome no Brasil em 2022 (saiba mais aqui). 

 

“O problema da insegurança alimentar está associado ao desemprego e à falta de renda. Temos que combater a raiz desse problema, além do processo inflacionário, sobre o qual não temos muito o que fazer, porque é uma política nacional”, refletiu Davidson. 

 

O secretário também comentou sobre os equipamentos esportivos que serão inaugurados em 2022. O Centro de Canoagem de Ubaitaba, inundado pela enchente do Rio de Contas em dezembro de 2021 (lembre aqui), por exemplo, deve ter sua reforma concluída ainda em junho. O Centro de Ubatã, prometido em 2016 pelo governador Rui Costa (PT), também deve ser inaugurado neste mês, de acordo com o gestor. 

 

“É claro que grande parte desses atrasos na entrega dessas obras se dá por causa das chuvas, mas o fundamental é que as duas obras estarão prontas neste mês”, explicou Davidson. 

 

Por fim, ele comentou sobre a atual situação política do PCdoB. Davidson voltou a fazer coro pela vaga que considera “legítima” do partido na suplência do Senado, na chapa de Otto Alencar (PSD). Confira a entrevista completa:

 

As chuvas que atingiram a Bahia em dezembro de 2021 afetaram diversos equipamentos esportivos. Entre eles o Centro de Canoagem de Ubaitaba, onde foi constatada a necessidade de uma reforma geral. Em que pé estão as obras para a requalificação do local?

Estamos vivenciando, na Bahia, um quadro muito diferente do nacional. A Bahia tem, hoje, o maior investimento da história na área do esporte. Só de recuperação e construção de novos equipamentos esportivos, já ultrapassamos R$ 210 milhões de investimento. Alguns já estão sendo executados e outros em fase de licitação. Outros conveniados com municípios, então são muitos investimentos. Tínhamos construído um Centro de Canoagem de excelência em Ubaitaba. Lá, temos um programa social importantíssimo, que é o Remando no Rio de Contas. Foram esses programas sociais do governo que inclusive gestaram Isaquias. Isaquias é fruto desse programa e alguns outros campeões brasileiros e sul-americanos passaram por esse programa. Inauguramos o Centro de Canoagem e tivemos essa chuva mais recente, que foi uma catástrofe no extremo sul da Bahia. A água deu no teto do Centro de Canoagem. Pela força das águas do Rio de Contas, demonstrou que a construção foi muito bem feita. Agora, já terminamos a reforma. Neste final de mês será entregue de novo aos esportistas do Rio de Contas. Também será entregue nesse mês o Centro de Canoagem de Ubatã. 

 

O Centro de Canoagem de Ubatã, por sua vez, sofreu uma série de atrasos. O equipamento estava previsto para janeiro de 2021, só ficou pronto em maio deste ano, com data de inauguração ainda a ser definida. O que justifica o atraso e quando vocês pretendem inaugurá-lo oficialmente? 

É claro que grande parte desses atrasos na entrega dessas obras se dá por causa das chuvas. Felizmente, estamos entregando neste mês de junho as duas obras. Tem sempre as alterações de datas para ver se vai ter ou não a presença do governador. Mas o fundamental é que as duas obras estarão prontas neste mês. 

 

Outra obra anunciada pelo governo em 2022 é a do Centro de Boxe e Artes Marciais da Bahia. Ele foi prometido em 2016 pelo governador Rui Costa, e agora, depois de uma longa novela, deve ser inaugurado em julho. De que forma esse novo equipamento pode ajudar a revelar novos talentos no boxe, que na Bahia é a modalidade que mais traz medalhas? 

Além desse Centro de excelência e de boxe que vamos ter lá na Cidade Baixa, vamos reinaugurar, reabrir o Centro Pan-Americano de Judô, que vai se transformar agora em um grande ginásio de Artes Marciais. Vamos inaugurar dois. Fizemos a reforma completa do Centro de Judô, que vai mudar para um grande espaço para as artes marciais da Bahia. Vamos entregar os dois em julho. Além disso, temos um outro dado importante: serão abertas 25 academias de artes marciais na Bahia, com programas sociais, que vamos colocar tatames, em alguns lugares ringues, e pagar para montar essa estrutura em regiões da Bahia onde se faz a prática das diversas lutas marciais. Não é uma coisa específica, limitada. Esses dois vão se destacar pela dimensão. 

 

O Centro Pan-Americano de Judô tornou-se também a sede de uma série de federações esportivas. No entanto, conversei recentemente com o presidente da Federação Bahiana de Atletismo, Antônio Luís Paranhos, e ele me disse que o local é muito distante, o que dificulta levar a sede administrativa para lá. Como resolver essa questão da distância e em que pé está essa mudança das federações para a nova sede? 

Em uma capital, depende do referencial, qualquer lugar é distante. O que nós tínhamos do ponto de vista público de espaço era aquele. Grande parte das federações já se mudaram para lá. E agora todas essas federações estarão atuando em uma área que foi construída para o esporte. Nada mais adequado. Isso está resolvido. Lauro de Freitas tem metrô, e tem uma possibilidade real de adequar-se a todas as federações. Foi isso o que acordamos. 

 

A ideia de conceder o estádio de Pituaçu à iniciativa privada travou por causa da pandemia da Covid-19, que afetou muito o setor de eventos. Com a volta das atividades normais, a Setre pretende retomar as discussões desse processo? 

Neste ano, estamos com uma agenda carregada de obras. Temos que correr atrás para entregá-las. São obras importantes, estruturantes do esporte baiano. Fizemos uma reforma recente em Pituaçu, até para atender às exigências do Corpo de Bombeiros, que nos deu um laudo provisório. Estamos correndo atrás. Inclusive times da segunda divisão da Bahia estão disputando lá jogos, como o Galícia. Por enquanto, isso não está na pauta. Essa discussão está relacionada à concessão para [Pituaçu] ser explorado como uma arena multiuso, mas a própria pandemia limitou esse debate. Neste momento, o governo tem outras prioridades. 

 

Falando agora sobre emprego. A Bahia liderou a taxa de desemprego no Brasil no primeiro trimestre de 2022, com porcentagem de 17,6%, segundo levantamento do IBGE. Como a Setre observa esse dado e quais são as medidas que a pasta vem tomando para melhorar essa situação? 

Lançaremos, neste mês, o programa Qualifica Bahia 2022. São 800 cursos em 417 municípios do estado. É uma política arrojada de qualificação profissional. Foram 12 mil pessoas atendidas em cursos à distância, com bolsas de R$ 240,00. Essa é uma forma de preparar nossa mão-de-obra para uma retomada. A nível nacional, estamos com o freio de mão puxado por falta de políticas de investimentos públicos. Esse quadro ainda desse ano é muito desfavorável para a economia brasileira, porque o governo Bolsonaro é um desastre na questão da política de geração de emprego e renda. Estamos vivendo um período de inflação alta, especialmente para os mais pobres. A cesta básica cresceu quase 17% no ano. A economia cresceu 1% no primeiro trimestre. Não é nem voo de galinha, não está saindo nem do chão. Isso dificulta a geração de emprego e renda, especialmente em um estado muito amplo, como a Bahia, com 2 terços semi-árido. E as políticas que foram implementadas pelo governo Bolsonaro, como por exemplo a valorização do salário mínimo, afetaram muito a Bahia. A Bahia possui um conjunto de pessoas que depende do salário mínimo como referência. Na medida que tem o salário mínimo crescendo menos que a inflação, isso deprime o mercado interno. Isso atinge em cheio estados com o perfil de mercado da Bahia. 

 

Ao mesmo tempo em que o desemprego cresce, os preços dos combustíveis e dos alimentos também sobem. Uma pesquisa feita pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional aponta que, atualmente, 33 milhões de brasileiros passam fome. De que forma o governo tem atuado para minimizar esse estrago aqui na Bahia? 

Duas questões são muito importantes de serem destacadas. O Brasil é o único país do mundo que saiu do mapa da fome e voltou. Não existe isso. Todos que saíram se desenvolveram para nunca mais voltar. Só voltou porque tem governos federais sem o menor compromisso com a questão da segurança alimentar. O governo da Bahia, por meio de programas ligados à agricultura familiar, ao trabalho de fortalecimento das regiões, distribuição das políticas sociais, tem ampliado bastante não só o nível de distribuição, mas possibilitou o acesso. Por exemplo, na Secretaria do Trabalho temos um programa chamado de Economia Solidária, que tem feito uma política que é exemplo no país. Temos 15 centros de economia solidária. Durante a pandemia, distribuímos cestas básicas, duas milhões de máscaras gratuitas, fabricadas por 500 pequenos produtores nos municípios e 500 pequenos produtores que além de terem o recebimento pela confecção das máscaras, fizeram parte de um programa social, porque produziram e distribuíram nos próprios municípios. Temos, por meio da Economia Solidária, trabalhado com 40 mil pessoas. Cada centro trabalha com 40 empreendimentos. O problema da insegurança alimentar está associado ao desemprego e à falta de renda. Temos que combater a raiz desse problema, além do processo inflacionário que não temos muito o que fazer, porque é uma política nacional. Essas políticas de economia solidária têm ajudado a enfrentar parte do problema.

 

Partindo agora para o lado mais político, o PCdoB definiu o nome do senador Augusto Vasconcelos para ocupar a vaga na suplência ao Senado caso o grupo político do PT deseje. Você já chegou a fazer coro para que o PCdoB ocupasse essa vaga, principalmente após a saída do PP, na chapa de Otto Alencar. Em que pé estão essas discussões? 

Estamos iniciando uma discussão na federação. Das forças políticas que compõem o governo, o MDB já está na chapa, o PSD também. Das antigas forças que compõem o governo, a terceira é o PCdoB. Depois do PT e do PSD, quem tem o maior número de deputados é o PCdoB. Nesse quadro, temos o legítimo direito de pleitear a suplência do Senado com o vereador Augusto, que inclusive é o líder da oposição na Câmara de Salvador, e tem um papel importantíssimo. 

 

Se vê otimista com a possibilidade de Augusto ser indicado? 

Sim, porque é um candidato forte, representativo, que soma à chapa majoritária. Tem força política suficiente para isso. É legítimo o PCdoB pleitear isso. Ouvi até um comentário: “O PCdoB já tem a suplência de Coronel”. Se fosse assim, o PSB já tem a suplência de Wagner, o PSD já tem dois senadores, o PT está indicando um candidato a governador, já tem um senador. Nada mais justo do que ter uma visão que contemple as forças de acordo com sua real participação e presença política dentro do estado. Pedimos apenas que o critério que foi utilizado até agora continue sendo utilizado. 

 

O TSE aprovou, no último dia 24, a federação entre PT, PCdoB e PV. De que forma o senhor enxerga essa federação? É realmente a saída para partidos médios como o PCdoB? 

Eu considero a federação um ganho democrático. Porque ela permite a constituição de blocos políticos homogêneos, que têm programas semelhantes. Não vai ser um processo de uma coligação para uma eleição, e sim para um período. Os partidos têm identidade programática. Então não é um ajunte, como era a coligação, que acabava às 17 horas do dia eleitoral. Dura pelo menos quatro anos, e isso vai permitindo a formação de blocos políticos no Brasil com mais identidade e que façam um debate mais programático. 

 

O senhor acredita que a federação vai ajudar a manter as cadeiras que o PCdoB já possui na Câmara dos Deputados e na AL-BA ou há a expectativa de ampliar esse número? 

Amplia.