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Entrevista

Leo Prates diz que comandar a SMS foi 'maior desafio de sua vida' - 14/03/2022

Por Anderson Ramos

Leo Prates diz que comandar a SMS foi 'maior desafio de sua vida' - 14/03/2022
Foto: Marina Nadal / Bahia Notícias

Na contagem regressiva de sua saída do comando da Secretaria de Saúde de Salvador, cargo que ocupa desde julho de 2019, Leo Prates fez um avaliação de sua passagem pela pasta e, claro, falou sobre os desafios impostos pela pandemia da Covid-19, durante entrevista para o Bahia Notícias.

 

Engenheiro eletricista de formação, Prates acredita que a falta de conhecimento na área de saúde não afetou o seu trabalho. “Eu diria que surpreendi até a mim mesmo, porque nem eu esperava encontrar tantos amigos e tanta facilidade em um momento tão difícil. O meu balanço é extremamente positivo. A Bahia e Salvador tem um dos menores índices de letalidade. Nós nunca tivemos colapso no sistema de saúde, nunca faltou atendimento. E realmente foi o maior desafio da minha vida pública, mas também o que mais me realizou, sem sombra de dúvida”, afirmou.

 

Ainda sobre a crise sanitária, Prates acredita que o cenário já permite falar em afrouxamento das medidas restritivas na capital baiana. “Volto a dizer que essa decisão cabe ao prefeito Bruno Reis e ao governador Rui Costa, mas nós já temos cenário epidemiológico pra todas as flexibilizações que os dois quiserem avaliar. Mas, do meu ponto de vista, há uma preocupação na questão do mês de abril, por já ser um mês de alta de síndromes respiratórias [...] Apesar de eu sair no dia 30 de março, eu deixarei tudo pronto porque eu acredito que o mês de abril não teremos alta de internação hospitalar, mas teremos uma alta grande por atendimento por demanda de saúde, tanto que nós devemos ainda esse mês lançar um novo Reda para contratação de profissionais que eventualmente pediram examinação nas unidades básicas para que as unidades possam fazer esse atendimento de síndromes gripais leves”, projetou.

 

Prates vai tentar uma cadeira na Câmara dos Deputados nas eleições de outubro, e por isso precisa deixar a titularidade da SMS até o dia 2 de abril, prazo dado pela legislação para a desincompatibilização. A partir do próximo mês ele volta para a Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) para exercer o mandado de deputado estadual, do qual se licenciou para primeiro assumir a Secretaria de Promoção Social e Combate à Pobreza (Sempre) e depois a SMS.

 

Durante a conversa, Prates vendeu o peixe do PDT, partido o qual ele é presidente em Salvador. Na sua visão, a legenda trazer nomes de peso para a disputa, que vão surpreender a política baiana.

 

"O PDT é um partido do diálogo, é um partido da conversa e sobretudo é o partido da educação e da saúde. Essa esses vão ser sempre o nosso norte, a nossa luta e vocês podem escrever aí: nós vamos ser o melhor partido pra ser candidato da Bahia. Porque nós temos um grupo forte e eu posso lhe dizer que até o final do mês vem surpresa boa e grande”, prometeu. Veja a entrevista completa.

 

Foto: Marina Nadal / Bahia Notícias

 

Estamos completando dois anos de pandemia agora em março. Qual a avaliação que você faz da gestão da prefeitura na crise sanitária? Acho que algo deixou de ser feito durante esse período?

Em primeiro lugar eu diria que surpreendi até a mim mesmo porque nem eu esperava encontrar tantos amigos tanta facilidade em um momento tão difícil. O meu balanço é extremamente positivo, a Bahia e Salvador tem um dos menores índices de letalidade. Nós nunca tivemos colapso no sistema de saúde, nunca faltou atendimento. E realmente foi o maior desafio da minha vida pública, mas também o que mais me realizou, sem sombra de dúvida, por conseguir ajudar tantas pessoas.

 

Qual foi o momento mais crítico durante esse período ?

Para mim foi o mês de maio de 2020 por vários motivos. Primeiro motivo foi a questão da minha família toda com Covid. Eu tive uma das conversas mais duras que eu tive na minha vida com a minha esposa. Minha esposa, meus dois filhos pagaram, meus sobrinhos, minhas irmãs, meus cunhados, todos pegaram Covid. Eu sentei com ela e ela disse, ‘olha, você sai de casa e e eu fico. Você tem uma missão maior e não vou deixar os meninos sozinhos’. Aquele momento realmente foi muito duro como ser humano, tomar uma decisão daquela pra manter-se de pé no enfrentamento da pandemia e depois pra terminar de piorar minha irmã foi internada com Covid com oito meses de gravidez. A menina até nasceu minha afilhada por todo apoio que eu dei e se chama Giovana. É filha da minha irmã Priscila. Nesse mês de maio de 2020 eu tive que tomar a decisão política mais importante da minha vida que hoje eu vejo que eu fiz a coisa mais certa da minha vida, muito pelo conselho do pré-candidato ao governo ACM Neto que é um amigo irmão que eu tenho que foi de ter permanecido na prefeitura. Hoje eu tenho convicção disso, mas não posso negar a vocês que eu chorei muito por tudo que eu estava passando, por tudo que eu tinha passado, por toda a construção que fiz. Há mais de 20 anos que a gente estava construindo um projeto e eu tinha um acordo com o atual prefeito Bruno Reis de que como ele estava melhor do que eu seria o vice-prefeito. Eu tinha construído aquelas condições necessárias para estar na chapa. Eu tinha entrado no PDT, agradeço ao presidente Carlos Lupi, ao presidente Ciro Gomes, ao presidente estadual Félix Mendonça, todo apoio que tive e naquele momento foi a decisão mais difícil da minha vida, mas acho que acertei e colocando a vida das pessoas acima de qualquer interesse político pessoal.

 

Como está a situação do financiamento de leitos pelo governo federal? Com a melhora no quadro da pandemia, os recursos serão retirados?

Olha, eles já quiseram retirar no início do ano, e isso foi uma coisa que nós debatemos e conseguimos vencer na no Conselho Nacional de Saúde. Eu lamentaria bastante. Apesar de não acreditar mais numa alta considerável de internamento, eu acho que a Organização Mundial de Saúde tem pecado em dois pontos principalmente. Primeiro ponto é que nós temos 30 países com cerca de 10% da população vacinada, países pobres. A Ômicron surgiu em condições de pobreza e baixa vacinação. Eu aprendi que o conceito matemático de insanidade é fazer a mesma coisa e esperar resultado diferente. Então essa baixa vacinação em alguns países muito pobres preocupa para o futuro. Se fosse só o cenário atual eu acho que a gente já não teria tanta preocupação, e principalmente também eu acho que a pandemia tem que deixar um legado na nossa reflexão e da Organização Mundial de Saúde. Eu fiz um artigo sobre o controle sanitário sem ser contra nenhuma cultura mas é pelo controle da vigilância sanitária e pelo aumento do controle e pactos mundiais da vigilância sanitárias, principalmente em países que consomem animais silvestres, porque o vírus migra para o animal e o animal devolve com o vírus multado. Em boa parte acontece assim. Então eu acho que a Organização Mundial de Saúde e os países desenvolvidos deveriam se dedicar a esses dois pontos. Em Salvador nesse momento nós temos o melhor cenário que nós já vivemos nessa pandemia. Uma queda brusca. Nós temos um fator de retransmissão de 0,15. Nós temos aqui em Salvador uma alta vacinação. Nós já superamos a maioria dos países desenvolvidos. Nós temos 96% da população do público alvo em primeira dose vacinada, 91% segunda dose, e aproveitando fazer o apelo da terceira dose, que nós já chegamos a 50%, mas o ideal é chegar a 80% das pessoas com terceira dose. Então a gente tem uma alta vacinação na cidade graças ao esforço do prefeito Bruno Reis em contratar profissionais. Nós temos mais de 500 profissionais contratados, então eu diria que se não houvesse nenhum tipo de nova variante ou novo contorno a gente teria tudo pra virar a página esse ano da pandemia, mas essas duas situações me preocupam bastante, tanto o consumo de animais silvestres, que eu acho que tem que ser aumentado o controle para evitar novas pandemias, quanto essa parte da vacinação em alguns países.

 

Está tramitando na Câmara um projeto sobre política de saúde mental. O que a prefeitura pensa em fazer?

Primeiro é uma diretriz de uma política de longo prazo. Queria apelar aí ao grande líder da Câmara a uma pessoa que eu aprendi a respeitar e a admirar que é o presidente da Câmara Geraldo Júnior. Pelo início dos debates, o primeiro é sobre a política de saúde mental que Salvador deseja pra o seu futuro. O segundo é que passar dessa pandemia é que você tem hoje uma fila enorme de crianças em sofrimento mental, em automutilação, adultos também. Então com a demanda nós abrimos o primeiro de três CAPS três aqui em Salvador com o governo do estado, que é o CAPS 24 horas em Jardim Armação. A ideia é ainda nesse ano inaugurar o CAPS Célia Rocha o que está no planejamento definido pelo prefeito Bruno Reis. Nós já iniciamos o processo, mas meu sucessor vai ter que tocar. Então nós já temos duas UPAs que vão receber esse tipo de paciente, uma delas é a da Cidade Baixa que em dois psiquiatras. Nós estamos preparando a nossa estrutura também para o paciente de saúde mental ser atendido em qualquer estrutura nossa. foi uma ideia do Ministério Público que nós abraçamos, que nós temos um serviço de saúde mental pra quem tá na nossa rede. Então, a ideia é fazer dessa gestão a gestão que transformou a saúde mental na cidade de Salvador.

 

 A população de rua em Salvador está crescendo. Como a secretaria tá se preparando para atender este público?

Nós temos a maior rede de atenção proporcional do Brasil em relação a atenção à população em situação de rua. Eu fui secretário de Promoção, assim como o prefeito Bruno Reis, a vice-prefeita Ana Paula, e nós temos uma grande militância com esse movimento. Nós temos hoje cinco consultórios na rua, e o prefeito tem um planejamento até o final da sua gestão de ampliar pra oito consultórios. Nós temos dois pontos de cidadania e temos uma unidade de acolhimento na Cidade Baixa. Temos o programa chamado Girassóis de Rua, falando em relação a saúde. Também temos o Sempre Cidadão que é um projeto enorme. Então, vocês podem ter certeza que em Salvador a gente cuida daquele que mais precisa, daquele que está mais vulnerável.

 

Falando um pouco de política, de 0 a 10 qual a possibilidade do PDT ficar a vice na chapa de Neto ?

A minha defesa é que o PDT tenha uma vaga na majoritária. Eu sempre entendi que o PDT era fundamental para o projeto político que é um projeto que eu torço aqui na Bahia. Por quê? Porque ACM Neto abarcou as minhas ideias, os meus projetos, todas as coisas que nós fizemos na saúde eu contei com o apoio irrestrito de ACM Neto e Bruno Reis. Então me sinto contemplado no projeto de ACM Neto com as minhas ideias. Então eu defendo que o PDT esteja na chapa. Eu gosto muito da história e em 2006 quando Wagner ganhou a eleição para o grupo carlista, o atual senador e ex-governador utilizou o PMDB como ponte entre as pessoas que queriam aderir ao novo projeto, mas não poderiam sair do DEM [à época PFL] e perder de uma vez. Então o PMDB foi aquele partido de centro que fez a ponte. No nosso caso o PDT, que é um de centro esquerda, pode ser a ponte entre eventuais insatisfeitos com a condução do projeto político atual que já tem 16 anos e que não tem como sair por exemplo do PSB, do PCdoB, do PT e ir direto para a União Brasil. Eu acho que o PDT é o partido hoje mais importante dentro do arco de alianças que pode se formar porque o PDT ainda não definiu o seu caminho. O presidente Lupi e o presidente Félix ainda não anunciaram o seu caminho apenas que uma tendência é de ACM Neto, e eu também defendo o apoio ACM Neto. Eu acho que o PDT serviu demais ao projeto do PT e não foi servido. A última vez que o PDT teve uma vaga na majoritária foi em 2006 com João Durval candidato ao Senado e mesmo assim não foi oficialmente apoiado pelo PT.

 

Ciro Gomes terá palanque na Bahia ?

O Jaques Wagner tem falado muito quem é o candidato a presidente de Neto como se fosse uma muleta e no meu entender tem que ser diferente. Neto tem que provar que a Bahia está acima de qualquer interesse. Eu acho que um dos erros, se eu puder apontar do PT nesses 16 anos foi ter submetido a Bahia ao interesse nacional. A Bahia tem que estar acima de qualquer coisa, nós temos que defender a Bahia. E aí pegando essa consideração, eu acho que ACM Neto faz a construção mais correta. Invertendo a lógica e colocando a Bahia sobretudo. Por quê? ACM Neto vai ter o apoio de João Doria, vai ter o apoio de Ciro Gomes. Não é ele que vai apoiar porque o presidente que vai apoiá-lo mostrando a força, a estrutura, a envergadura e o crescimento político que tem ACM Neto. Então assim, eu gostaria muito de ter um governador com essa capacidade de aglutinar tantos candidatos mostrando que ele não tem um não, que ele tem vários candidatos que o apoiam.

 

A Bahia pode ter três deputados federais ligados a saúde. Além de você, temos Fábio Vilas-Boas e também Jorge Solla. Acha que podemos ter um excesso de candidatos ligados ao mesmo tema?

Eu quero em primeiro lugar dizer que o deputado Jorge Solla é um grande amigo, é uma pessoa que eu admiro, me ensinou muito sobre saúde, assim como o secretário Fábio, eu também sou suspeito, nós somos parceiros, colegas, foi um cara que nunca me faltou, é um irmão que eu tenho de luta aí no SUS, nosso partido é o SUS acima de tudo. Se puder eleger os três, melhor. Agora também eu queria separar duas coisas. A primeira coisa, que eu não estou no mesmo campo e que o eleitorado não é o mesmo. O eleitorado da saúde que vai votar em mim não é o mesmo o eleitorado. A disputa é muito maior entre Solla e Fábio. Eu não sei se eu estou me fazendo entender, eu estou num campo político oposto ao deles e normalmente o eleitor decide primeiro o voto pra o governo e depois pra deputado. Segunda coisa, eu não sou só um representante da saúde, eu tenho muito orgulho do trabalho que fiz na saúde. Eu não posso ser ingrato com Deus com tudo que Deus me deu. Muito novo eu fui vereador em 2012 com 33 anos de idade e entrei já como vice-líder do governo de ACM Neto fui o presidente da CCJ mais novo e com menor tempo de mandato com dois anos [...] o que eu acho é se puder os três serem eleitos, tenha certeza que a Bahia que vai ganhar, a saúde da Bahia que vai ganhar. Eu considero Fábio Vilas-Boas e Jorge Solla, quadros qualificadíssimos que estão na oposição. Torço muito pela eleição dos dois.