Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies

Marca Bahia Notícias
Você está em:
/
Entrevistas

Entrevista

Bruno Reis confessa que não esperava primeiro ano de gestão tão difícil em 2021 - 20/12/2021

Por Fernando Duarte / Anderson Ramos

Bruno Reis confessa que não esperava primeiro ano de gestão tão difícil em 2021 - 20/12/2021
Fotos: Paulo Victor Nadal/ Bahia Notícias

Bruno Reis (DEM/UB) não contava que o seu primeiro ano no comando da Prefeitura de Salvador fosse tão difícil. Em entrevista ao Bahia Notícias, o prefeito da capital baiana esperava uma melhora no quadro da pandemia da Covid-19 na cidade, mas não foi o que aconteceu.

 

“Confesso que eu não esperava ter que enfrentar os obstáculos que nós enfrentamos. Quando a vacina chegou em 19 de janeiro, eu fiz ‘ufa meu Deus, estou livre de ter que enfrentar a pandemia por mais tempo’ e aconteceu o contrário. Nós tivemos no final de fevereiro, meados de março, o pico de uma segunda onda muito mais agressiva. Tivemos que adotar uma série de medidas e a principal foi abertura de mais leitos do que nós tínhamos no ano anterior”, disse o gestor.

 

Além da crise sanitária, outro ponto que mereceu atenção especial de Bruno foram os problemas relacionados ao transporte público. Nos meses iniciais do seu mandato, o prefeito teve que assumir a administração da Concessionária Salvador Norte (CSN), após a empresa decretar caducidade.

 

Ainda sobre o assunto de mobilidade, o prefeito não descarta um aumento expressivo da tarifa de ônibus em 2022, e espera que os apelos dos chefes de Executivos de várias cidades brasileiras sensibilize o Governo Federal, com a liberação de subsídios para custear o sistema.

 

“Tivemos semana passada em Brasília fazendo a mobilização, tentando sensibilizar o governo federal, nós queremos um apoio de R$ 5 bilhões para dividir com todos os municípios que tem transporte regular. A proposta nossa é que possa vir a título de subsídio pra compensar a gratuidade do idoso e das pessoas com deficiência e a gente possa repassar esse recurso para o sistema para evitar que tenha um aumento ou que o aumento seja mínimo, porque é fato que o óleo diesel aumentou quase 70%, teve reajuste da mão de obra durante o ano de 2021. Pneu aumentou 60%, inflação do período é 10%. Então todos esses fatores impactam na tarifa e efetivamente a população não tem condições de pagar. Veja a entrevista:

 

 

Qual é o grande aprendizado de 2021 e o que você espera a partir de agora já que o primeiro ano é a lua de mel com os eleitores e a partir do segundo ano não necessariamente?

Um ano muito difícil. Eu confesso que eu não esperava ter que enfrentar os obstáculos que nós enfrentamos. Quando a vacina chegou em 19 de janeiro, eu fiz ‘ufa meu Deus, estou livre de ter que enfrentar a pandemia por mais tempo’ e aconteceu o contrário. Nós tivemos no final de fevereiro, meados de março, o pico de uma segunda onda muito mais agressiva. Tivemos que adotar uma série de medidas e a principal foi abertura de mais leitos do que nós tínhamos no ano anterior, leitos de UTI e de enfermaria que tinham um custeio elevado e que ao longo do tempo vinha comprometendo muito as finanças públicas, além de todas outras ações de enfrentamento à pandemia, como as ações na área social, como auxílio emergencial, distribuição das cestas básicas, abertura de unidades de acolhimento, as ações na área de apoio à economia, retomada econômica que a gente tinha que abrir mão de receita e de outros fazer investimentos para estimular a economia. As ações da saúde como um todo, essa megaoperação de vacinação ela é toda custeada pelo município sem qualquer apoio federal e nós não tivemos esse ano o apoio de 2020. Então tivemos que enfrentar essa crise sem a certeza de como ficariam as nossas finanças. Então foi um ano muito difícil, mas nós tivemos a capacidade de dar as respostas e de fazer as entregas. Nós não paramos nenhuma obra, nem um único projeto, nenhum único programa, nenhuma ação que vinha sendo desenvolvida no governo anterior, pelo contrário, nós trouxemos novas ideias, novos programas, novos projetos, novas ações. Tivemos a capacidade mesmo em crise e a grande dificuldade dos governos é em crise conseguir se planejar, conseguir traçar um caminho para chegar lá ao final da gestão e nós fizemos isso com diversos planos, alguns que estão sendo elaborados como plano diretor de tecnologia, como plano de saneamento, outros que aprovados como plano de cultura, como o plano da infância e da juventude, como a regulamentação do estatuto da igualdade racial e o planejamento estratégico nosso que a prefeitura desenvolve que acaba de certa forma sendo a confluência de todos esses planos. Então hoje a prefeitura está arrumada por finanças em dia, nós vamos fechar o ano honrando todos os compromissos com os servidores, com fornecedores temos aí uma série de linhas de crédito e operações que já foram contratadas de outras que nós tivemos autorização da câmara pra contratar que vai permitir além dos recursos próprios chegar ao final do mandato fazendo as grandes entregas. Então foi um ano de muito aprendizado, a gente aprende muito na crise. Tudo que acontece de ruim sempre eu procuro acreditar que tem algum bônus e o bônus principal dessa pandemia foi ter feito nossa equipe ter tido condições de trabalhar no maior nível de estresse possível e com certeza a gente sai mais fortalecido para 2022 e os anos seguintes conseguir atender as expectativas da cidade. Esperamos que a pandemia passe. Estamos enfrentando agora um surto de influenza, mas graças a Deus a prefeitura hoje tem dinheiro, tem condições de dar respostas imediatas aos problemas e tenho certeza que ao final dos quatro anos eu vou entregar uma cidade muito melhor inclusive do que eu recebi.

 

Você falou do financiamento de 2021 para 2020 e a comparação das transferências federais para os leitos de UTI e enfermaria para Covid-19. Qual foi a demanda que o governo federal acabou não atendendo de transferência de recursos?

Veja, em 2020, com a chegada da pandemia, um orçamento de guerra foi autorizado e pode extrapolar o teto de gastos. Então, a gente compreende quem é gestor público, você tinha um cenário. Só que nós estamos em 2021 com o ano todo enfrentando a pandemia. Nós chegamos a ter mais leitos de UTI de enfermaria do que nós tínhamos no auge da primeira onda em 2020. E os recursos por conta dessa nova realidade orçamentária do governo federal não vieram na mesma proporção. Só para efeito de números, foram repassados em 2020, R$ 534 milhões e até então estamos no final de 2021, pode ser que chegue mais algum dinheiro, alguma transferência federal, mas chegou algo em torno de R$ 70 milhões ou R$ 80 milhões. Nós estamos falando aqui de menos de 20%. Mantendo os níveis de custeio em patamares superiores. Inclusive, tendo que manter uma megaoperação de vacina no nosso caso aqui em Salvador, o Governo Federal manda a vacina, a gente retira no GRAER e no aeroporto transporta vacina e distribui pra vacinar às vezes de domingo a domingo, pagando hora extra. São mil e oitocentos profissionais, diversos drives vão aí tem alimentação, tem a Guarda Municipal que dá apoio. Então, são muitos recursos que nós estamos investindo na pandemia. Esse balanço chega a mais de R$ 1,2 bilhões em dois anos. O que daria pra fazer com esse dinheiro? O quanto a cidade teria avançado com esse dinheiro. E muito desses recursos, recursos próprios da Prefeitura, uma Prefeitura que graças a Deus é a melhor gestão fiscal do Brasil, mas que não tem recursos suficientes quando a gente faz a conta PIB per capita, arrecadação per capita, toda conta que a gente faz per capital, Salvador tá lá nas últimas posições. Efetivamente são recursos que dariam pra gente mudar a vida de muitas pessoas. Mas, como eu disse, mesmo nesse cenário de adversidade, no cenário de crise financeira, nós conseguimos equilibrar as contas, cortamos muitas despesas, seguramos gastos com o pessoal conseguimos manter uma poupança corrente acima de 5% que é o que permite a gente ter o CAPAG para obter operações de crédito, conseguimos juntar algum dinheiro para recompor nosso superávit, então nós não podemos dizer que estamos com dinheiro disponível, mas estamos com as contas saudáveis em dia para honrar todos os nossos compromissos e para eventualmente, se a pandemia perdurar por mais um tempo, se vier outros fatos supervenientes a gente poder dar as respostas.

 

Você falou sobre a questão financeira da prefeitura que é uma situação confortável, financeira e fiscal, mas tem uma questão relacionada ao transporte público que inclusive a Prefeitura precisou assumir a gestão de uma das bacias responsáveis pelo transporte aqui em Salvador. Esse é o grande calo de todas as administrações municipais, transporte público, como resolver esse problema?

Eu vinha desde o ano passado primeiro durante a campanha e logo após de eleito chamando atenção. Naquela ocasião nós já estávamos sobre a intervenção de um terço do sistema. Em março tive que decretar caducidade, assumir a execução direta, imagine a prefeitura tem que contratar todos os insumos de uma operação de transporte? Mas nós fizemos. Eu chamava atenção do Brasil naquele momento que a tarifa não paga mais o sistema, ou seja, só o valor da tarifa não paga mais os custos do sistema. Em todos os lugares do mundo, o transporte público ele é subsidiado, por quem? Pelo órgão central, pelo Governo Federal. Que dá subsídio para que possa manter um transporte que é um serviço essencial deslocando as pessoas na cidade, para o seu trabalho, para casa. Isso é o que se pratica no mundo todo. E com a pandemia esse sistema, que já vive em crise, muitas empresas quebraram, algumas por má gestão também, mas muitas porque a conta não fecha. Eu enfrentei aqui em Salvador diversas paralisações, manifestações, conseguimos redistribuir as linhas, temos uma licitação em curso para contratação de uma empresa definitiva, tivemos que colocar recursos públicos, agora por exemplo, estou pagando desequilíbrio da pandemia de 2021 e se não fizer isso, as empresas não tem condições de pagar o 13º dos trabalhadores. Só que é uma grande preocupação para o ano que vem, que eu venho alertando e disse semana passada meus colegas prefeitos, quando meus forem velhos, os de vocês serão novos. Então, muitos porque a gente tá preso a questões contratuais, terão que dar o reajuste ano que vem e se for aplicar a fórmula que está em todos os contratos de concessão e transporte público no Brasil, o aumento da tarifa vai ser entre 10% a 15%. A população não comporta a pagar.

 

Salvador vai ter esse reajuste?

Salvador tem um contrato assinado com as empresas que executam o serviço. Eu tenho até maio para dar esse aumento. Confesso que vou aguardar o que vai acontecer com o Brasil, porque tem outros prefeitos que estão na situação em relação ao aumento muito pior do que a minha. Por exemplo, em São Paulo tinha que comunicar a Câmara ainda esse mês e praticar o em janeiro. Vocês lembram aquelas cenas de 2013 do aumento de 20 centavos? Serão muito mais do que 20 centavos se for praticar o que estabelece o contrato. Então, nós prefeitos tivemos semana passada em Brasília fazendo a mobilização, tentando sensibilizar o governo federal, nós queremos um apoio de R$ 5 bilhões para dividir com todos os municípios que tem transporte regular. A proposta nossa é que possa vim a título de subsídio pra compensar a gratuidade do idoso e das pessoas com deficiência e a gente possa repassar esse recurso para o sistema para evitar que tenha um aumento ou que o aumento seja mínimo, porque é fato que o óleo diesel aumentou quase 70%, teve reajuste da mão de obra durante o ano de 2021. Pneu aumentou 60%, inflação do período é 10%. Então todos esses fatores impactam na tarifa e efetivamente a população não tem condições de pagar. Vamos seguir, mobilizados, tentando sensibilizar o governo federal, mas essa é uma questão urgente. O Brasil pode parar em 2021 se não houver um apoio ao transporte público para todos os municípios brasileiros.

 

A gente está falando de pandemia, Leo Prates, secretário municipal de Saúde devem se ausentar da prefeitura pra ser candidato a deputado federal, deputado estadual. É até bom perguntar qual é o destino de Leo Prates na sua avaliação. Já tem uma perspectiva de quem vai substituir as peças que devem sair pra disputar a eleição em 2022 ou ainda não é o momento?

 Veja, da nossa equipe que irá disputar a eleição em 2022 é o secretário Leonardo Prates, que é candidato a deputado federal, ele já é deputado estadual, está licenciado. Os números da pandemia estão caindo, nós vamos vencer essas dificuldades e mais essa batalha contra a Influenza. Diferente do passado onde ele tinha até a pretensão de ser vice-prefeito, ele abriu mão desse sonho pra se dedicar ao  enfrentamento da pandemia A gente espera lá no final de março, quando tem que ocorrer a descompatibilização, que ele já esteja livre ou numa situação muito mais confortável que agora. Que ele possa deixar a secretaria para ir para este desafio e aí até lá, nós vamos discutir a sua sessão, que será o nome que irá sucedê-lo. Com certeza alguém que tenha qualificação técnica, preparo para dar continuidade, para tirar do papel o que nós planejamos. A vantagem hoje é de ter uma gestão planejada como nós lançamos essa semana o plano de saúde para infância e adolescência. Estão ali os passos a passos tem que ser dado quais são as metas, marcos de entrega, prazos para serem cumpridos que serve tanto pra quem vem a ser o novo gestor, como também para o prefeito cobrar dos seus colaboradores o cumprimento e que tenha o melhor desempenho.

 

E quem não vai ser candidato, mas que vai colaborar com a campanha. Temos uma informação que pessoas como o Fábio Mota, Luiz Carreira, podem sair pra participar da campanha do ex-prefeito ACM Neto ao Governo do Estado. Essas figuras voltam ou eles pedem só uma licença temporária?

Podem sair, nós ainda vamos discutir quem irá sair, quem precisará de mais tempo, porque não há como estar em uma campanha e está tocando a gestão. A gente vai separar isso de forma clara. Até a minha participação na campanha será como cidadão, então nos meus horários à noite, aos finais de semana, estarei cumprindo o meu papel como cidadão, defendendo o que eu acredito que é um projeto que podemos levar de sucesso em Salvador para toda a Bahia, e efetivamente tomando a decisão de Fábio e colaborar na campanha, Carrera de colaborar na campanha, nós vamos ter sabedoria para escolher grandes nomes que possam sucedê-los e que possam fazer com que a cidade avance. O importante é que isso é um time, peças vão sendo substituídas ao longo do campeonato. Isso já foi no passado nos 8 anos de ACM Neto. Eu mesmo joguei em várias posições. Nós temos tanto uma turma nova, uma turma mais experiente, todo mundo muito empolgado, com disposição. Fazer as coisas acontecerem, todos querem ter oportunidade de deixar, de ver o resultado do seu trabalho. Nós vamos escolher nomes bons se caso isso vier ocorrer, caso seja necessário, para tocar o trabalho uma coisa eu garanto, a cidade não perderá nada em relação aos serviços que vêm sendo executados, pelo contrário, nós vamos elevar cada vez mais a qualidade de serviço.

 

A Câmara de Salvador aprovou nessa semana o plano de saúde da infância e adolescência, plano municipal de cultura, temas que inclusive envolveram polêmicas com a bancada cristã. Durante o relacionamento da prefeitura com a câmara durante 2021 teve o episódio da crítica do excesso de jabutis. Informações que não estavam previstas no escopo original do projeto que acabavam sendo inseridas. Qual o balanço que você faz dessa relação com a em 2021 e essa relação tensa principalmente com a bancada evangélica nesses dois planos que foram aprovados?

 Eu comecei a minha trajetória política como estagiário da Câmara Municipal, naquela casa. Trabalhei por dois anos e conheço a importância do trabalho do vereador, do Poder Legislativo para uma cidade como uma capital que é a Salvador. Então valorizo muito o trabalho dos vereadores. É natural que na Câmara tenha debates. A Câmara é o retrato da cidade. Lá estão os representantes dos mais diversos segmentos das mais diversas faixas sociais. O importante é que se decida como se decidiu, ouvindo a opinião de todos podendo colaborar, podendo sugerir muitos das alterações dos projetos que ocorrem na Câmara contam com a participação do que vem contribuir. Então o importante é que nós saímos desse processo unidos, respeitando a posição de cada um. Eles entendem que eu sou prefeito de uma cidade tenho que governar pra todos. Uma cidade que é marcada pela sua diversidade cultural, nós procuramos no plano contemplar as mais diversas culturas, e vamos, a partir daí, ter um planejamento para uma série de ações que serão desenvolvidas nos próximos anos. Quando você transforma um plano em lei deixa de ser uma política de um governante e passa a ser uma política de estado. Seja quem venham ser os próximos secretários, os próximos prefeitos. Tem aí um norte se seguir o que está no plano, não tem como dar errado. Parabenizo a Câmara pela aprovação desses planos e iremos mandar o ao longo desse ano de 2022 outros planos como já fizemos no passado. Hoje em Salvador, além do Estatuto da Igualdade Racial, do Plano de Resiliência de um PDDU, de uma nova LOUOS, do Plano Salvador 500, nós temos aí outros planos ainda vão ser discutidos e debatidos pela Câmara. O importante é a Câmara sempre contribui como tem feito e nós agradecemos ao apoio que a Câmara deu à cidade. Eu tenho uma excelente relação com o presidente da Câmara, uma excelente relação com os vereadores. Tenho vereadores que tem vereadores que era estagiário, há 22 anos., mas em nenhum momento a gente confunde essa relação de amizade, sempre está o que está à frente são os interesses da cidade e eles nunca faltaram a cidade.