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Entrevista

Otto Alencar classifica como 'ressaca de uma guerra' período pós CPI da Covid - 01/11/2021

Por Mauricio Leiro

Otto Alencar classifica como 'ressaca de uma guerra' período pós CPI da Covid - 01/11/2021
Foto: Reprodução / Agência Senado

"Ressaca de uma guerra". Essa é a sensação revelada pelo senador Otto Alencar (PSD) após a CPI da Covid-19. Segundo Otto, a comissão foi um marco histórico e mostrou para o mundo sobre uma realidade vivida no Brasil. Além disso, o senador pontuou que o grupo de parlamentares virou os holofotes para a compra de vacinas contra a infecção por parte do governo federal. 

 

"A marca da CPI é essa, mostrou que o ministério da saúde estava desorientado, deixa essa lembrança de um grupo de senadores e senadoras que se esforçaram muito para estabelecer critérios e evitar mortes. Depois da vacinação os casos diminuíram e os óbitos também. Primeira vez que uma CPI chama atenção do mundo. Eu nunca imaginei que pudesse dar entrevista para a Alemanha, Portugal, França e Inglaterra. Ela chamou atenção do mundo, e mostrou um presidente obtuso, insensível, que não é fraterno. Negou a ciência, a vacina e pela primeira vez um presidente receita um medicamento ineficaz", disse. 

 

Otto também projetou uma análise dedicada à questão econômica no pós-pandemia e no acompanhamento para os indiciados no relatório final da CPI. "Eu achei que ele vai dar seguimento e nós vamos aprovar a criação de uma frente no Senado, que será um observatório dos desdobramentos para acompanhar os processos. Até porque, a duração da vacina, a imunidade, é em torno de 8 a 14 meses, quem tomou em março, tomará em janeiro. O governo vai ter que continuar comprando até encontrar uma solução de longo prazo. Vamos acompanhar de perto essa situação. Nós temos como, se observarmos que não haverá desdobramentos, temos como fazer uma ação penal subsidiária contra o procurador, aquele que tiver a responsabilidade de fazer as denúncias", comentou. Confira:

 

Foto: Agência Senado

 

Qual a importância histórica da CPI da Covid?

Essa foi a primeira comissão parlamentar de inquérito que foi se aprofundando na investigação das mortes por uma pandemia. Uma doença virótica, grave, que deixou muitos óbitos, órfãos, viúvas, dos mais de 600 mil, 70% tinham mais de 60 anos, aposentados, deixaram de ser provedores, agravou os problemas. Nenhuma outra CPI se aprofundou na investigação para evitar mortes, deixando uma marca importante. A partir dela, o governo começou a se preocupar em comprar vacinas. Quando conseguimos assinaturas, no final de fevereiro para março, o governo não tinha colocado uma vacina no Brasil. Assinou com o Butantan, trouxe a Pfizer, quis assinar com a Covax, detectamos que havia uma fraude. A marca da CPI é essa, mostrou que o ministério da saúde estava desorientado, deixa essa lembrança de um grupo de senadores e senadoras que se esforçaram muito para estabelecer critérios e evitar mortes. Depois da vacinação os casos diminuíram e os óbitos também. Primeira vez que uma CPI chama atenção do mundo. Eu nunca imaginei que pudesse dar entrevista para a Alemanha, Portugal, França e Inglaterra. Ela chamou atenção do mundo, e mostrou um presidente obtuso, insensível, que não é fraterno. Negou a ciência, a vacina e pela primeira vez um presidente receita um medicamento ineficaz.

 

Como está se sentindo depois da CPI, saúde, projetos. Qual a sensação?

Durante a CPI contrai a doença. Cursei assintomático, fiquei em casa, repouso, usei apenas remédios para sintomas. Depois da CPI, estou em casa como se fosse com uma ressaca de uma luta, uma guerra. Seis meses intensos de reuniões, estudos, conversas, análises de vídeos. Isso deu um desgaste físico e mental. O Renan, também. A doença que eu tive me deixou uma sequela que é dor de cabeça e insônia muito grande, nunca tive isso. Eu acho que o Ministério da Saúde e as secretarias precisam rever esses pacientes todos para começar a estudar as sequelas. As complicações, perdas, não serão só a vida. As sequelas pulmonares, renais, cardíacas, preocupam muito a gente. A doença deixou essa situação. Muito cansativo, noites perdidas, tensão. Tivemos discussões grandes. Eu sempre, com Tasso, éramos os mais experientes e tentavamos acalmar as veementes de Randolfe, Alessandro. Queremos continuar trabalhando agora na área econômica. 

 

Relatórios entregues, será que teremos desdobramentos práticos contra os indiciados?

Eu acho que sim. O acolhimento da PGR foi muito firme. Disse que daria seguimento ao relatório. Deixamos o HD com as provas e fiquei bem convicto que ele irá fazer as coisas, com quem tem ou não prerrogativa de foro. Entre os indiciados tem mais ou menos 16 que têm foro privilegiado. Eu achei que ele vai dar seguimento e nós vamos aprovar a criação de uma frente no Senado, que será um observatório dos desdobramentos para acompanhar os processos. Até porque, a duração da vacina, a imunidade, é em torno de 8 a 14 meses, quem tomou em março, tomará em janeiro. O governo vai ter que continuar comprando até encontrar uma solução de longo prazo. Vamos acompanhar de perto essa situação. Nós temos como, se observarmos que não haverá desdobramentos, temos como fazer uma ação penal subsidiária contra o procurador, aquele que tiver a responsabilidade de fazer as denúncias. O senado tem poder para entrar com impeachment sob qualquer autoridade.

 

De fato a CPI conseguiu elucidar todos os temas? Faltou algum tema?

Tudo que nós investigamos tivemos provas. No HD tem algumas coisas sigilosas, tem provas de emails, mensagens, vídeos, áudios, tudo que aconteceu. Foram seis meses de trabalho, acho que tudo que era mais importante foi investigado até o final. No final tivemos o caso escandaloso da Prevent Senior e isso tomou três semanas. Eles fizeram um corredor da morte, os pacientes poderiam sobreviver. Fizeram a paliação de pacientes que tinham chance. Não esperávamos que os crimes contra a vida fossem no ambiente privado. 

 

O senhor tem uma base apoio pelo governo, temos uma aproximação do presidente com o PP, o que o PSD achou?

Eu não conversei com ninguém do PP a respeito da filiação de Bolsonaro. O presidente, falta menos de um ano para eleição e ele não tem partido. Isso é uma coisa exclusiva. Não sei se ele vai para o PP. João Leão é um amigo, mas não conversei. Nos bastidores, em Brasília, Bolsonaro poderia ir para o PL. Está muito nebuloso. O ruim disso é ter um candidato, um pré, a reeleição que não tem partido. Se ele não tem partido, não tem base, e agora está a reboque do Centrão, pois não tem uma base. 

 

Foto: Agência Senado

 

E qual seria o tamanho do impacto dessa filiação na Bahia?

Não tem como dimensionar. Na Bahia, me parece que o principal seguidor do Bolsonaro é o atual ministro João Roma. É do grupo, do ministério. João Leão tem se mantido firme na aliança, tem palavra. 

 

Vemos movimentações na base de Rui Costa. Uma possível chegada do MDB também no grupo. Cabe mais um partido nessa aliança?

Eu acho que todo apoio é bem vindo. Tenho bons amigos no MDB, no interior. Tem que avaliar, acho que sim. Não vejo que alguém vai recusar apoio, todo apoio é bem vindo. 

 

Foto: Agência Senado