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Entrevista

Isidório ressalta marketing na campanha: 'Não ando mais com o 'bujão' porque isso eu cedi ao marqueteiro' - 28/10/2020

Por Fernando Duarte / Ailma Teixeira

Isidório ressalta marketing na campanha: 'Não ando mais com o 'bujão' porque isso eu cedi ao marqueteiro' - 28/10/2020
Foto: Rebeca Menezes / Bahia Notícias

Como planejado pela coordenação da campanha do Pastor Sargento Isidório (Avante) à Prefeitura de Salvador, o deputado federal está mais comedido. Ainda com danças, linguagem informal e sua postura pitoresca, ele aparece menos "doido" no pleito de 2020. O objetivo com isso é único: aumentar o eleitorado do parlamentar.

"Eu não estou mais andando com o 'bujão' porque isso eu cedi ao marqueteiro", ressalta, acrescentando que da bíblia ele não abriu mão. A mudança segue o conselho de grandes apoiadores - seu coordenador, o senador Angelo Coronel (PSD), o senador Otto Alencar (PSD) e o governador Rui Costa (PT), que ele faz questão de apontar como o primeiro a ter incentivado sua candidatura.

Em entrevista ao Bahia Notícias, parte da série que o portal tem feito, Isidório ressaltou sua gratidão a Rui, mas não deixou de reclamar da forma que tem sido oprimido pela candidatura petista, de Major Denice. "Eu estou brigando com duas máquinas: a máquina do DEM, da prefeitura, e a máquina do PT. Eu agora estou sendo esmagado por duas máquinas. Pode ver que o candidato do DEM fez tudo na prefeitura e pode ver que a candidata do PT é quem fez metrô, fez VLT, quem está fazendo tudo. E o restante? Olivia não fez nada, João Bacelar não fez nada, nós nem existíamos", desabafou.

 

Ao longo da entrevista, ele exaltou ainda os feitos da Fundação Dr. Jesus, que trabalha com a recuperação de dependentes químicos e agora passa por um processo de ampliação, e abordou algumas promessas de campanha, como a instauração de eleição nas prefeituras-bairros e redução no preço do gás de cozinha. Assista a entrevista completa.

 

Fotos: Rebeca Menezes/ Bahia Notícias

 

O que esperar do próximo gestor para lidar com as consequências da pandemia, tanto a parte social quanto a econômica?

O nosso plano de governo, que está sendo plagiado por todo mundo… Porque, assim, o doido era eu, agora todo mundo diz que quer baixar gás de cozinha, já tem gente dançando, mas só do corpo pra cima, porque as pernas são de outros artistas maravilhosos. Eu é que danço com as minhas próprias pernas, aí tem gente carregando Bíblia e o doido sou eu. Mas a gente criou o programa “Mais renda, menos impostos”, que quer dizer levantar, reerguer os empresários que estão demitindo para que eles possam trazer de volta essa mão de obra. E para as empresas, a moratória. Não é a meia boca que foi feita pelo plágio da prefeitura, que tem juros e o empresário continua em crise. A moratória que a gente propõe é ouvindo o prejudicado, de todos os tamanhos. A gente quer conversar com ele para que ele devolva o emprego das pessoas porque se as pessoas têm emprego, elas comem, bebem, vestem, calçam, o dinheiro gira e volta  a aquecer a economia. E o projeto que é do primeiro ano pra criar empresas novas, que gente quer liberar ISS, IPTU, ITIV e outras taxas para que essas pessoas primeiro se estabeleçam, botem outras pra trabalhar. A prefeitura não pode deixar de entrar com a mão carinhosa, imediatamente o país deve ajudar o ambulante, ajudar todo mundo, hotel, restaurante, todo mundo que foi falido. Não é fazendo politicagem pra depois estar dizer, como o candidato da prefeitura disse que até os artistas, os músicos estão recebendo cesta básica. A gente sabe que voltar pra esse parâmetro de cesta básica é involuir nossa sociedade. Então, nós teremos junto com Eleusa [Coronal, candidata a vice], com equipe técnica, com senadores, Otto Alencar, [Angelo] Coronel e o próprio Jaques Wagner, que é um aliado meu histórico, nós vamos estar juntos trabalhando pra bulir na cultura, no emprego. Salvador é uma cidade muito inteligente, criativa. Nós estamos na era das startups, a tecnologia está avançada, a gente manda tecnologia hoje para o Brasil e para o mundo. É um prefeito que quer trabalhar ouvindo o dono da casa, que é as pessoas. A gente precisa começar a saber o que as pessoas querem, por isso eu falei que nossas prefeituras-bairro terão eleição. Todo homem ou mulher comunitária vai poder se candidatar a prefeito de bairro, porque é nessas prefeituras-bairro que serão ampliadas. Não vai ser mais político, negócio de padrinho e pra esses prefeitos eleitos, como conselheiro tutelar, a prefeitura vai cercar eles de uma estrutura técnica pra ajudá-los a desenvolver política pública.

 

Quais são os principais gargalos e os problemas de Salvador na avaliação do senhor?

O desemprego, o lixo, que está aí em tudo quanto é canto, com exceção onde é feito pra turista ver. Nós temos duas Salvador. Temos a Salvador só de rico e de turista e tem a Salvador que é 80% do subúrbio, de Cajazeiras, de Brotas, da Cidade Baixa… Eu acho que tem que manter o que está aí no Corredor da Vitória, na Ondina, na Barra, no Rio Vermelho, na área nobre... tem que ser mantido. Agora, a gente tem que estender pra os outros pagadores de imposto porque o povo que está na encosta, está no gueto, na favela, na periferia é também pagador de imposto e precisa também ser ajudado. Vamos fazer reciclagem de lixo e, com ela, reduziremos o impacto do custo do lixo, que está levando muito dinheiro. E eu vou ter que ouvir nas comunidades quais são os gargalos porque eu serei prefeito ouvindo os líderes comunitários, ouvindo vereadores que é quem mais conhece cada bairro também porque vai ter orçamento impositivo, o que eu to dizendo aqui já está em Brasília, já foi aprovado. Deputado federal tem R$ 20 milhões, senador eu já não sei, mas deve ser bem maior, deputado estadual é um pouquinho, mas é um R$ 1,5 milhão e o vereador é o principal agente ali,  pastor, enfermeiro, médico, faxineiro, psicólogo... Se for um bom vereador, é isso o tempo todo, então por que não tem dinheiro também pra ter uma emenda impositiva?

 

 Tem R$ 1 milhão de emenda.

 Mas é pra quem baba, quem for bom.

 

 É o que está previsto no orçamento da prefeitura.

No meu caso, não vai precisar puxar meu saco. Vai ser de R$ 2,5 a R$ 3 milhões pra ele fazer quadra de esporte, botar ambulância em algum canto, fazer uma creche, fazer aquilo que a comunidade dele precisar, botar um pouquinho de asfalto antes da eleição para não ficar essa agonia, jogando carro-de-mão, com borra de asfalto. A gente vê os trabalhadores sofrendo porque eles passam quatro anos fazendo nada pra depois, de última hora sair raspando estrada que não precisa, enganando o povo.

 

O que o senhor faria diferente da atual administração?

Eu vou ouvir o povo, eu vou respeitar o parlamento, eu vou dar condições para os vereadores e vereadoras eleitos fazerem algo também. Vou ali inaugurar com ele e dizer: “vim inaugurar a obra que é da emenda do vereador fulano”. Agora, vou trabalhar ouvindo a comunidade. Às vezes o povo quer uma coisa menor, mas às vezes a gente tem interesse de botar concreto porque na hora da nota fiscal, na hora da fatura, é tanta coisa ali embutida... eu sou construtor, eu sei preço de obra. Cada centavo eu gasto com economicidade de verdade, eu não deixo desperdiçar nada. O governador visitou ontem o primeiro pavimento que eu ajeitei todo porque a corregedora-geral do Ministério Público, Cleonice [Lima], vai nos ajudar na área de educação, já se comprometeu lá com a escola técnica que não é pra quem usou droga. É uma cobrança antiga do povo: “ ah, não vou votar mais nele porque ele só cuida de drogado, de alcoólatra”. Aí foi que disse: “vamos construir, vamos pra educação”. Peguei e dividi o terreno, o que tem de recuperação vai ser mantido e, de agora em diante, a gente vai trabalhar com quem não usou droga. Então, povo de Salvador, Região Metropolitana vai poder fazer curso técnico, tecnólogo, EAD, e o melhor de tudo isso é que aquele modelo, que o governador gostou muito vai vir um pra o subúrbio, um para as Cajazeiras e um pra Brotas, onde fica a Case [Comunidade de Atendimento Sócio-educativo].

 

 

O senhor admite que a Fundação Dr. Jesus tem impacto direto na sua eleição? O senhor foi o deputado federal mais votado na Bahia, o seu filho foi o deputado estadual mais votado nas eleições de 2018 aqui do estado, então há uma troca de votos, a Fundação Dr. Jesus é o grande eleitor da família Isidório nesse processo político aqui da Bahia?

Veja, as pessoas que são inimigas minhas dizem que eu ganho eleição porque eu danço, eu sou palhaço, porque eu sou doido, porque é voto de protesto. O [Jaques] Wagner e o próprio Otto Alencar outro dia estavam me dizendo isso: “Seu voto é de trabalho. Ninguém vota em você de protesto”. É como [Raimundo, o apresentador] Varela. Varela batia que só vendo, picava o porrete em mim. No dia que ele entrou na fundação, mudou, virou amigão, hoje virou um dos embaixadores da fundação. Ele viu, eu tinha sete supermercados, fábrica de pão e era revendedor de gás de cozinha ali na Região Metropolitana. À época, o gás custava R$ 11,90, eu já vendia de R$ 7,90, ganhando R$ 3, R$ 4 numa garrafa de gás. Hoje o gás de cozinha sai por R$ 27 da refinaria, eu não estou mais andando com o 'bujão' porque isso eu cedi ao marqueteiro, eu não cedi tirar minha Bíblia porque o 'bujão' já estava muito apetrecho. Como Otto, Edvaldo Brito disseram: “Você tem que tirar essa imagem de doido porque a gente sabe que você é trabalhador, você é pai de sete filhos, todos os secretários de estado parabenizam nossa prestação de contas". Então, veja eu deixei tudo isso pra vir cuidar de vida, foi um chamado de Deus. Eu não fiz por política, fiz porque eu era alcoólatra, fui drogado dentro da Polícia Militar. Só tem apenas 27 anos que eu voltei a ser um cidadão de bem. Não sou melhor do que ninguém, mas eu melhorei. Eu não sou mais alcoolatra, não uso mais droga, não planejo mais assalto porque até isso tinha em mim. Por isso eu ando com a Bíblia porque nela eu conheci Jesus, eu conheci os passos de um homem que transforma a vida de verdade, então a  Fundação Dr. Jesus é o meu pulmão. 

 

O senhor citou a questão do grupo do PSD, que tem dado apoio, cedeu tempo de televisão, indicou Eleusa Coronel. Mas a figura do Isidório, aquela figura pictórica, bem humorada, desapareceu um pouco da campanha, pelo menos no rádio e televisão. Isidório não é o mesmo de 2016, de 2018. Como convencer o eleitor que já era favorável que esse Isidório continua sendo o mesmo e se isso não tem um impacto? O senhor teve um bom resultado nas pesquisas de intenção de voto inicialmente e, nas últimas, já apresenta uma desaceleração. O senhor não teme que essa mudança drástica atrapalhe seu desempenho enquanto candidato a prefeito de Salvador?

Olhe, pesquisa é bom porque gera emprego pra alguém ali, pelo menos pra os empresários. Eu estou brigando com duas máquinas:, a máquina do DEM, da prefeitura, e a máquina do PT. Eu agora estou sendo esmagado por duas máquinas. Pode ver que o candidato do DEM fez tudo na prefeitura e pode ver que a candidata do PT é quem fez metrô, fez VLT, quem está fazendo tudo. E o restante? Olivia não fez nada, João Bacelar não fez nada, nós nem existíamos. Mas o carinho do povo na rua, o respeito é muito grande por minha pessoa. Basta dizer que em 2018 eu não ganhava mais eleição pra deputado de jeito nenhum porque faziam denúncia, inventavam fake news contra mim e quando abriu a urna eu estava eleito o mais votado pela glória de Deus, vontade do povo e puxei o doidinho também, mais eleitos. Vai acontecer de novo. Agora eu tenho que ser comedido. O meu eleitor, que conhece Isidório doido, fique tranquilo. Eu vou continuar jogando capoeira, eu sou professor de teatro, de folclore, agora eu tenho que me adequar um pouco. Você tem um partido com seis deputados federais, nove estaduais, dois senadores da República, 108 prefeitos lhe dando tempo de televisão, você não obedecer nada? O homem é produto do meio ambiente. Então, quando eu to aqui com um jornalista competente como é o seu caso, eu tenho que me comportar como o entrevistado. Quando eu estou recebendo um general, ministro chefe de Presidência, um presidente da Câmara, eu tenho de ser um Isidório comedido. Ontem eu estava em casa com todas as maiores autoridades do estado lá na fundação. O governador, os senadores, deputados federais, secretários de saúde, então eu não posso. Se eu ficar brincando, eu posso perder voto, é isso que o meu eleitor que vota em mim tem que entender. Quando passar a eleição, a gente brinca porque o povo vai ver que a gente brinca, mas vai estar fazendo, as coisas irão acontecer. Eu já disse que até meu setor de licitação, que é onde se disputa dinheiro, vai ter assento pra Polícia Federal, Ministério Público, imprensa. Por que o 'bujão' não está nas costas? Porque eu já entendi que pra baixar gás, perfeito é quem tem o alvará. Porque se eu tenho e sei onde é a refinaria, ninguém vai vender gás de cozinha em Salvador a mais de 60 reais. Pelo contrário, ainda vai poder baixar mais um pouco. Porque se eu não resolver isso com os distribuidores, as carretas da empresa mista vão deslocar pra refinaria, vão chegar aqui socadas de 'bujão' de gás, os ambientalistas vão dizer onde é que vai ser as plataformas, os setores, e toda Salvador vai ver que um dia o doido baixou o gás de cozinha. Até porque se tiver problema na refinaria, Bolsonaro vai ter que vir de avião ou helicóptero para desobstruir a pista porque eu vou botar o povo lá e vai ter que baixar o gás de cozinha. Eu não sou criança, eu estou dizendo o que eu sei, que tinha fábrica de pão, eu vendia pão mais barato nas comunidades. eu tinha cooperativa de alimento, acabei de dizer que eu tinha sete supermercados que vendia alimento mais barato, então o que o marqueteiro está querendo é que eu mostre esse Isidório que faz, que eu não gaste tempo com assunto polêmico. O governador toda hora me chama atenção, me diz: “saia de polêmica, mostra o Isidório que eu conheço, que faz, o Isidório capaz".

 

Apesar do senhor demonstrar um carinho grande pelo governador Rui Costa, durante o processo de apresentação do senhor, o senhor falou que ele te chamou, te incentivou a ser candidato, eu percebo que há um pouco de mágoa nesse processo contra a máquina do PT, que tem sido usada assim como a máquina do DEM para esmagar os candidatos que não fazem parte desses grupos políticos, há essa tensão entre o Pastor Sargento Isidório e o partido político do governador Rui Costa ou com o próprio governador por conta dessa falta de apoio no processo eleitoral em Salvador?

Não, eu não posso me queixar do governador. O governador veio me pedir pra eu sair candidato, que eu tinha que manter, eu disse a ele: “agora eu to dançando mais que 2016 porque eu não tenho tempo de televisão, eu tenho de dançar pra dizer que estou aqui, batendo a perna, arriscando quebrar até um dos ovos aqui porque às vezes a cueca quebra, o ovo desce, bate, eu vou embaixo com dor, o pessoal pensa que é alegoria, não é não, é a dor, porque nada é fácil. Então, ele disse: “Eu vou te dar um partido pra você ter tempo de televisão, ter estrutura de campanha, ir pra o segundo turno e ganhar a eleição”. Agora, o governador não tem jeito, ele é do PT, ele tende a apoiar a candidata. Todo mundo já sabe, aí já estão botando que o metrô e ela, tudo é ela, mas todo mundo sabe que aquelas obras são de governo e todo mundo sabe que não é feito só por Rui, é feito por joão Leão, Otto Alencar, Wagner, Bacelar, Olívia… porque governo é feito por coalizão de partido, que é quem aprova projeto, propõe projeto, traz recursos de Brasília, então eu tenho obrigação de manter minha amizade com o governador. Todo mundo sabe porque eu vou meter SAC nas prefeituras-bairro. Porque eu estou combinado com ele, porque é que eu vou botar algumas escolas no município, principalmente aquelas onde está tendo muita violência, vou botar com modelo cívico-militar. Tem gente que tem raiva daquilo, mas é uma briga pra achar uma vaga, ninguém acha. Então, eu irei ser prefeito do povo de Salvador, sou prefeito sem patrão, vou me relacionar bem com o governador e bem com o presidente da República, mesmo eu tendo discordâncias com ele em respeito à imprensa, negocinho de arminha.