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Entrevista

Candidato do PT vai defender a 'desprivatização' de Salvador, diz presidente do partido - 13/01/2020

Por Rodrigo Daniel Silva

Candidato do PT vai defender a 'desprivatização' de Salvador, diz presidente do partido - 13/01/2020
Foto: Priscila Melo / Bahia Notícias

Presidente do PT de Salvador, Ademário Costa disse, em entrevista ao Bahia Notícias, que o candidato a prefeito na capital baiana vai, na eleição deste ano, defender o projeto de resolução aprovado pelo partido para "desprivatizar" a cidade.

 

"O nosso candidato é o candidato do programa. O candidato quem quer que seja vai ter esse programa na ponta da língua. Senão, o PT perde o sentido de existir. O PT é um partido para defender a classe trabalhadora. Se o PT não for um partido para defender a classe trabalhadora, não tem sentido existir", afirmou.

 

O petista salientou, porém, que, na campanha eleitoral, a sigla vai adotar estratégias de comunicação para o eleitor entender a proposta de "desprivatização" da cidade. Ademário Costa admitiu que há "contradição" quando o governador Rui Costa (PT) defende a concessão de parte da Embasa para a iniciativa privada, por exemplo, mesmo sendo do Partido dos Trabalhadores. 

 

"A Embasa não vai mais ser concedida. Não temos a menor dúvida. O PT fez um debate sincero com o governador Rui Costa na última rodada de debates sobre a Embasa. O PT continuará fazendo esses debates. A nossa bancada tem uma posição muito clara sobre isso. Não temos nenhuma dificuldade de trabalhar essas contradições. São contradições de ser governo", pontuou.

 

Ademário frisou, todavia, que Rui Costa é um "petista nato, de carteirinha". Sobre o candidato que vai defender o programa da sigla em Salvador, o chefe da sigla não deu prazo para definir. "Esse debate sobre o prazo para o estabelecimento de nomes é muito pobre", frisou.

 

O PT vem desde o ano passado discutindo uma candidatura própria a prefeito em Salvador. E, até o momento, não decidiu o nome que vai disputar o Palácio Thomé de Souza. Por que a demora? 

É o tempo do PT. O PT, em 2016, não teve candidato para a prefeitura de Salvador. Nós não tivemos a esquerda presente naquela eleição com o maior partido que lidera a esquerda, que é o Partido dos Trabalhadores. O PT foi vice do PCdoB em 2016. E a ausência do PT na disputa retirou a maior força social e partidária da esquerda soteropolitana do debate político e do enfrentamento direto ao projeto do carlismo na cidade. Isso provocou um resultado eleitoral que não é real. A cidade não tem mais de 70% de eleitores de um projeto. A cidade é bem dividida. Então, o PT passou os últimos anos refletindo. E o PT terá candidato próprio.

 

Qual o prazo para o PT estabeleceu para definir o nome?

Esse debate sobre o prazo para o estabelecimento de nomes é muito pobre. A política não pode se mover apenas com essa discussão. Nós precisamos ter conteúdo para debater a política. E a política brasileira muitas vezes carece de debates. Passa a existir um debate para saber apenas quem é o líder e se o líder organizou a tropa. Esse é o conteúdo da direita. Não é do PT.


O PT aprovou um projeto de resolução que prevê a "desprivatização" de Salvador. O candidato do PT vai defender essa proposta?

Eu vi [que essa questão] gerou certa polêmica na imprensa. Foi um conceito que as pessoas começaram a debater sobre o que significa "desprivatizar" a cidade. A cidade é uma cidade privatizada, porque os interesses que são atendidos na gestão do governo municipal e na maior parte das legislações aprovadas na Câmara de Vereadores são interesses que atendem pequenos segmentos empresariais. Eles têm força política para eleger prefeito, para indicar secretários, dirigir aquilo que é votado na Câmara, como o Plano Diretor. Ao mesmo tempo em que eles têm essas forças, eles são setores minoritários da sociedade. Hoje, nós temos um governo municipal que prioriza fortalecer a gestão da cidade a partir dos interesses desses setores.

 

Mas, para ficar claro, o candidato do PT vai defender essa "desprivatização"? 

O nosso candidato é o candidato do programa. O candidato quem quer que seja vai ter esse programa na ponta da língua. Senão, o PT perde o sentido de existir. O PT é um partido para defender a classe trabalhadora. Se o PT não for um partido para defender a classe trabalhadora, não tem sentido existir. Obviamente, quando a gente vai para uma campanha eleitoral, a gente pega o programa e media com linguagem para apresentar ao público. Não vamos fazer uma campanha eleitoral sem trabalhar com as técnicas de jornalismo, de publicidade, de propaganda. Isso vai ser transformado em peça inteligente para que a população possa entender.

 

O governador Rui Costa, do PT, quer vender o terreno do Colégio Odorico Tavares. Também quer conceder uma parte da Embasa para iniciativa privada, ele não está privatizando também?

Tenho duas coisas importantes para colocar. Primeiro, nós estamos passando por um momento na sociedade brasileira que é um momento de aperto econômico sobre os estados e municípios. Essa orientação geral não foi construída pelo PT nem pelo governador Rui Costa. Quando o governo exige que os estados façam a reforma da Previdência, isso está acontecendo porque não é o PT que está à frente do governo federal. Quem está retirando os orçamentos dos estados e municípios, quem congelou os recursos para Educação e Saúde, não foi o PT. É por isso que é preciso compreender que em 2020 não estamos disputando só um projeto local...

 

Mas não é incoerente o PT defender "desprivatizar" a cidade, enquanto o governador Rui Costa, que é do PT, está privatizando algumas coisas do Estado?

O que foi privatizado até então?

 

O governador já disse que pretende conceder parte da Embasa à iniciativa privada. E enviou um projeto para Assembleia para vender o terreno do Odorico Tavares. 

Vai ser privatizado? A educação na Bahia está sendo privatizada?

 

Mas, o colégio não vai ser vendido? 

[Exaltado] Se o Bahia Notícias quiser falar que a educação na Bahia está sendo privatizada, é responsabilidade de vocês. Não pode ser do partido (risos). Eu discordo que a educação na Bahia está sendo privatizada.

 

Mas o governador já disse que vai conceder parte da Embasa para iniciativa privada? 

A bancada do PT é bastante aguerrida. É a bancada que mais se manifesta sobre a questão da Embasa é a bancada do Partido dos Trabalhadores. Se depender de outra bancada sendo governo, não teria um debate tão vivo na sociedade sobre o futuro da Embasa. Pelo contrário, a gente tem uma orientação do prefeito ACM Neto para votar todas as matérias na Assembleia Legislativa que ajudem a fazer com que o estado se adeque ao governo federal. Se o PT estivesse no governo federal, os estados e municípios não estariam sendo forçados a transformar suas empresas públicas em empresas mistas. Há um aperto político, econômico, sobre estados e municípios.

 

Então, o governador Rui Costa está sendo obrigado pelo governo federal a conceder a Embasa?

A Embasa não vai mais ser concedida. Não temos a menor dúvida. O PT fez um debate sincero com o governador Rui Costa na última rodada de debates sobre a Embasa. O PT continuará fazendo esses debates. A nossa bancada tem uma posição muito clara sobre isso. Não temos nenhuma dificuldade de trabalhar essas contradições. São contradições de ser governo.


O senhor considera o governador Rui Costa um "petista raiz"?

O governador Rui Costa veio do movimento sindical. Foi base. Foi dirigente sindical. Foi vereador com dois mandatos, dirigente do PT estadual. Secretário, deputado mais votado do PT. E ele conduziu um processo na última eleição aqui na Bahia que fez com o PT tivesse uma votação história. Se isso não for PT, o que é ser? Rui é um petista nato, de carterinha.

 

Uma eventual ausência do governador Rui Costa e do senador Jaques Wagner na Lavagem do Bonfim não desmobiliza a tropa? 

Pelo contrário, a tropa sabe da sua responsabilidade. O governador, o senador, o presidente Lula são representações fundamentais do nosso projeto. Se eles não estarão presente, vamos colocar ainda mais peso. Vamos colocar ainda mais gente para mostrar que nós somos um projeto. Somos todos Lula. Somos todos Rui e somos todos Wagner.

 

Para 2022, o candidato do senhor para a Presidência é Lula? E para o governo da Bahia é Jaques Wagner? 

Não tenha a menor dúvida. Lula é o candidato a presidente da República. E Wagner é o nome natural. É a nossa aposta.