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Entrevista

Mesmo com óleo nas praias, 'outubro teve o melhor fluxo de turistas em 12 anos', diz Tinoco - 04/11/2019

Por Mauricio Leiro

Mesmo com óleo nas praias, 'outubro teve o melhor fluxo de turistas em 12 anos', diz Tinoco - 04/11/2019
Foto: Paulo Victor Nadal / Bahia Notícias

Mesmo com a catástrofe da chegada das manchas de petróleo nas praias de Salvador, o turismo na capital da Bahia parece não sentir o impacto. De acordo com o secretário de Cultura e Turismo de Salvador, Cláudio Tinoco, "em outubro tivemos o melhor fluxo de turistas e ocupação hoteleira dos últimos 12 anos".

 

A pasta que também cuida do Centro de Convenções revelou que, mesmo com o adiamento da inauguração, as obras serão finalizadas no prazo previsto. A festa de estreia do empreendimento contará com um evento para toda a população soteropolitana.

 

A dificuldade de manter relações com as secretarias correspondentes do governo da Bahia é vista com lamento e teria como motivação a "maneira de pensar a política". "As ações institucionais são bastante limitadas e muito mais por diferenças de visão que temos", comentou Tinoco ao Bahia Notícias durante a entrevista.

 

Já pensando nas eleições de 2020, o secretário acredita que " o que vai determinar o cenário das eleições do próximo ano vai ser a reflexão do eleitor sobre uma continuidade de um projeto e ações na cidade ou o rompimento com isso", referenciando o vice-prefeito, Bruno Reis, como forte opção para isso. Veja a entrevista completa aqui:

Foto: Paulo Victor Nadal

 

Secretário, após o desastre ambiental com as manchas de petróleo, o turismo de Salvador já começou a sentir o impacto?

É natural que qualquer notícia negativa impacta sob a imagem do destino. Temos alguns elementos que extrapolam ao que é associado diretamente com Salvador. Primeiro que os incidentes se concentraram no Nordeste do país, que de uma forma regional acaba atraindo muito a atenção de turistas. Desta forma, quando se aproxima o verão, quando se procura praia e sol, e nós reconhecemos que Salvador acaba se confundido com a Bahia. Tem algum impacto, porém, não gera uma queda de fluxo turísticos. É normal que, após catástrofes, tenha uma queda de fluxo imediato, mas, no caso de Salvador, em outubro tivemos o melhor fluxo de turistas e ocupação hoteleira dos últimos 12 anos. É claro que temos uma expectativa, e se estabilizar [vinda de manchas de petróleo] até 15 de novembro, nós não teremos prejuízos algum com o cancelamento de viagens.

 

Por falar em verão, a Secult teme que o aparecimento das manchas de óleo em praias soteropolitanas prejudique o turismo na cidade, já que estamos perto da estação? E o que tem sido feito para minimizar o dano?

Temos dado uma resposta imediata ao que se pode dizer com relação aos poderes locais. No caso, a prefeitura tem dado toda a atenção na limpeza nas praias e essa resposta rápida mostra que Salvador age de rápido. Fomos a primeira cidade de fazer um registro da normalidade do acesso as praias, como a balneabilidade, já que fizemos um monitoramento para nossos receptivos e as agências, assim como passamos monitorar com as agências e operadores de viagens se estariam ocorrendo a queda de busca. Não tivemos registros e preparamos uma campanha, ela aguarda para se que as ocorrências acabem e o lançamento dela será no dia 6 de novembro, em São Paulo, para divulgar também o Festival da Virada.

 

O prefeito ACM Neto já cogita a possibilidade de o Centro de Convenções ser inaugurado no próximo ano. Já existe alguma definição? O que está sendo planejado para a inauguração do complexo?

A definição ainda não foi tomada. É uma possibilidade que nesse momento, podemos decidir em qualquer instante. Primeiro, o Centro de Convenções será concluído em dezembro, porém essa data vai impedir de fazer uma inauguração com a empresa que administra em razão das datas festivas de fim de ano e a proximidade do Festival Virada. Queremos fazer uma promoção logística, do formato de acesso ao local, com estacionamento, toda a estrutura. Pensamos em adiar a inauguração, porém será feita em dois dias e a partir de 28 de dezembro a obra estará entregue, e já está definido que a inauguração terá no primeiro dia um evento interno para convidados e o segundo para a toda a população, para que a cidade se aproprie do empreendimento.

 

O governo do estado também planeja um Centro de Convenções. O senhor vê viabilidade na possibilidade de o complexo ser erguido no Comércio? Há risco de o Centro de Convenções causar prejuízos para o Estado?

O histórico demonstra que essa deve ser uma atitude que gere uma consequência de um novo Centro de Convenções do estado. Existiu uma demora do governo de reformar o antigo Centro, então vem o desabamento, a dificuldade do estado de arranjar um destino para as ruinas do que desabou, a licitação que está repetida e não se consegue concluir, além de tentar viabilizar um Centro no Parque de Exposições. Eu não respondo pelo estado, porém, digo que não cabe. O estado perdeu a oportunidade. Nesse novo centro de convenções é preciso ter uma atenção por ele ter tido uma área toda conformada para isso. Seria muito oportuno que o estado ofertasse recursos em outros equipamentos, como exemplo o Parque de Pituaçu, já que está próximo do nosso e que poderia trazer um atrativo maior. Infelizmente não há uma sintonia, não faltou convite para visitarem o centro e acompanhar as obras. No nosso temos programação até 2024.

Foto: Paulo Victor Nadal

 

A prefeitura tem investido em um calendário de eventos fixos ao longo do ano. Qual o resultado prático desse tipo de investimento?

É a movimentação na cidade. Temos uma concentração no calendário de eventos no verão, na alta estação, até o Carnaval. Ela traz de fato um resultado diferenciado, mas no caso de Salvador quando reunimos a festa do Bonfim, Iemanjá, o que a prefeitura fez foi diversificar, colocando em baixa e média estação. Quando um operador tem a oferecer atrativos a plataforma de evento é crucial para decidirem por esse ou aquele destino. Em outubro temos desde a festa da canonização de Irmã Dulce, até os jogos universitários, aos próprios eventos privados. Tem sido uma vantagem muito grande com operadores de viagens do Brasil e internacionais.

 

Recentemente também um grupo de empresários que vai construir um mega shopping próximo ao aeroporto, em Lauro de Freitas, e a expectativa é que tenha um Covention Center no local, que deva abrigar hotel, hospital e etc no espaço. Inclusive já tem eventos grandes agendados. A inauguração está prevista para ocorrer março do ano que vem. Isso de alguma forma preocupa a prefeitura? O que vocês acham dessa proposta? Já tiveram diálogo com esse grupo de empresários?

Não há preocupação alguma. Não temos receio de abrir concorrência com Centro de Convenções. Vamos dar a cidade e a Bahia um equipamento que será o melhor espaço de eventos a beira mar da costa, e quiçá do Brasil. Porém, vemos que o Centro de Convenções é uma âncora e é feito para captar eventos. Salvador já possui alguns locais para eventos, alguns hotéis têm para eventos de pequeno porte. Recomendamos que tenhamos eventos de forma integrada, até mesmo porque não faremos todos os eventos. Não será em Lauro de Freitas que nos vai preocupar, desejamos sorte a iniciativa privada.

 

Recentemente o secretário estadual Fausto Franco revelou ao BN que a Bahia iria investir mais no turismo religioso. Alguns sinos de igrejas da capital foram restaurados e com o advento da Santa Dulce dos Pobres o governo pretende explorar isso. Vai acontecer alguma parceria entre o estado e o município na restauração de mais sinos e o que investir no turismo religioso?

Fico feliz que os sinos toquem, até mesmo para lembrar a todos que o tempo passa. Preferimos tratar das coisas que são estruturantes. Temos investido na requalificação do corredor da fé, o caminho da fé. Isso tudo em consonância com a Arquidiocese do Bonfim, com as Obras Sociais de Irmã Dulce. Reconhecemos que a igreja católica tem um grande acervo de suas obras, com a oitava maravilha que é igreja de São Francisco. Temos uma catedral totalmente reestruturada para encantar quem visita. Por outro lado, não temos a intenção de trabalhar só com a igreja católica, vemos que as religiões de matriz africana trazem turistas há algum tempo para nossa cidade. Por isso somos autores do plano de ação de desenvolvimento da religião de matrizes afro, que está muito próximo de ser lançado para a sociedade, até o fim de novembro o prefeito apresentará, serão 14 milhões de reais com ações para o fortalecimento de algumas manifestações. Salvador tem dado uma grande contribuição mesmo preservando o estado laico.

 

Como está a relação da prefeitura com as secretarias de Turismo e a de Cultura do Estado?

Ela praticamente não existe. Temos abertura para dialogar na questão pessoal, tenho boa relação com Arany [Santana] e Fausto [Franco]. São duas pastas que diferente de Salvador não atuam de forma integrada. Por outro lado o diálogo institucional é nulo, em razão do governo do estado ter uma retração de dialogar com Salvador, além de uma diferença de visão. Mesmo com o diálogo surge não tem sintonia para por em prática o que se pensa. Temos autonomia e protagonismo, já que na cultura somos os que mais investimos. Quando olhamos para o estado vemos eles muito distante da nossa promoção digital, enquanto se gasta muito dinheiro para participar de uma feira, não se gasta para atingir o viajante na questão do marketing digital.

 

Secretário, como estão as obras do Arquivo Público e do Museu da Música após o resultado da licitação e o reforço na estrutura do museu?

Estamos a uma semana da ordem de serviço do Museu da Música, é a fase inicial a instalação de obras. O Arquivo Público é uma obra para 15 meses, estamos tendo reuniões para estabelecer um plano de ataque a obra para tentar concluir até o fim de 2020. É um equipamento sobre tudo mais que uma obra física, é seu conteúdo que importa, vamos restaurar todo o acervo, com mais de 4 milhões de itens, vamos equipar e associar de forma integrada com um museu. Vamos implantar um novo conjunto cultural na praça Cairu que vai alavancar muito.

 

Foto: Paulo Victor Nadal

 

O senhor fica na secretaria até abril? Ou pode retornar para a Câmara antes a fim de buscar a reeleição? O subsecretário Pablo Barrozo ficará no seu lugar?

Se o prazo que o prefeito estabelecer para quem vai ser candidato em 2020 for o da lei, até 3 de abril estarei na secretaria. O meu retorno estará condicionado a uma orientação do prefeito. A verdade é que sua cabeça está voltada para uma agenda administrativa. Ele já disse que vai divulgar seu candidato até dezembro, entrando em janeiro, vamos ver, até porque alguns se esquecem que eu também sou vereador. Sobre meu sucessor, é também uma decisão do prefeito, a caneta é dele. Ele deve estabelecer um critério, participei de governos que ocorreram essas transições, independente dessas posições eu ficaria muito feliz de manter Pablo, pois conheço ele há muito tempo, ele está apto por ter conhecimento e capacidade.

 

Muitos vereadores cogitam a possibilidade de mudar de partido para garantir a reeleição. O senhor cogita trocar de sigla?

Não cogito. Já perdi eleição ficando no partido, sou do Democratas desde 2001, em 2008 eu cogitei sair antes para poder concorrer com maior competitividade, na época era o PTN e fui vetado e acabei ficando no Democratas ao lado de Neto. Perdemos juntos, porém tive mais votos do que 5 que se elegeram. Isso não me abateu e não tenho nenhuma pretensão de sair do Democratas, sendo protagonista, a liderança no congresso nacional, Neto como presidente nacional do partido, além de que gosto de ouvir o eleitor. A mudança está relacionada a uma mudança eleitoral apenas.

 

O que o senhor pensa sobre o movimento de Léo Prates de mudança de partido?

Legítimo e pragmático. Léo está buscando de uma forma muito protagonista o seu espaço, e tem demostrado isso e nesse momento que está buscando mesmo associado a base do governo, quando Neto deixa claro que Bruno Reis é seu candidato, cabe a ele se movimentar. Quando conversava com ele no último ano ele já me dizia que iria se movimentar para 2020, e ali não estava fixado qual posição iria buscar. Ele quer ocupar o espaço e na minha percepção é para que ele se viabilize para vice-prefeito, como ninguém faz isso, ainda não está definido o candidato, ele ainda não é o candidato. Ele tem se movimentado além da conta, ele dialogou com o PCdoB, isso não criou liga, por mais que tenha um pensamento mais à esquerda, isso não cria liga. Imagine Claudio Tinoco no PT. O PDT pode deixar ele mais confortável, apesar de ser da base do governador, eu não sei o que está na base desse diálogo, se há um rompimento com o PT na Bahia. Então, o movimento de hoje terá reflexos lá na frente, espero que tenha êxito.

 

Analisando de dentro do governo Neto, o senhor acredita que Bruno Reis vai conseguir se viabilizar? Quem seria o candidato ideal para dar continuidade ao projeto de Neto?

O candidato ideal é o que Neto escolher. Neto será prefeito durante as eleições e isso terá um reflexo e ele tem que fazer a escolha da melhor forma disso. Com relação a bruno ele tem todas as condições de se viabilizar, já que ele foi eleito junto com Neto, o eleitor sabia que o sucessor era Bruno Reis, sobre sua personalidade que tem capacidade de trabalho, de fazer política, coisa que muitas vezes me falta, a articulação. A experiência que ele tem com secretário de Infraestrutura, para conhecer melhor as atividades e o conhecimento administrativo. Tudo tem que estar combinado com o eleitor, acho que Bruno pode ser esse candidato. O eleitor em Salvador já demonstrou que tem uma pegada própria, haja vista as reeleições passadas. Então, eu acho que esta lançado um grande desafio, mas confio que a reflexão do eleitor vai pensar em um candidato relacionado com o prefeito ACM Neto.