'Sempre há desgaste, mas faz parte do processo', diz Alan Sanches sobre gestão ACM Neto - 09/09/2019
O deputado estadual Alan Sanches (DEM) admitiu que há "desgaste" após sete anos de ACM Neto (DEM) na prefeitura de Salvador, mas, para ele, "faz parte do processo". "Sempre tem. É inegável. Sempre tem desgaste. Tem pontos positivos, pontos negativos para quem tem sete anos no poder. Isso vai ter desgaste. Uma coisa é ser pedra e outra coisa é ser vidraça. Hoje, a gente é vidraça. Tem coisas que a gente precisa evoluir mais, mas eu acredito que faz parte do processo", pontuou, em entrevista ao Bahia Notícias.
Sanches disse ter "esperança" que ACM Neto vai conseguir transferir votos para o candidatos a sucessor. "Neto ainda não entrou em campo para pedir votos, para dizer 'este é o meu candidato'. A partir daí, as coisas vão tomar corpo quando tivermos um candidato oficial. Acho que a transferência vai começar a ser medida aí. Tenho esperança e acredito que sim", ressaltou.
Para Alan, não é um erro dos governistas apostar todas as fichas no vice-prefeito de Salvador, Bruno Reis (DEM), para ser o candidato à sucessão. Em 2018, governistas avaliaram que o grupo errou ao ter apenas ACM Neto como postulante ao governo da Bahia após o prefeito desistir de ser candidato.
Confira a entrevista na íntegra:
O senhor já disse que Bruno Reis é o candidato de ACM Neto. O senhor tem colocado todas as fichas no vice-prefeito. Em 2018, colocaram em ACM Neto como candidato ao governo e acabou não sendo. Não é um erro que pode se repetir?
É diferente. Neto estava em um cargo eletivo colocado democraticamente pela população. E ele sempre disse que só abriria mão se Salvador desse o ‘o.k’. Salvador queria que ele continuasse. Então, é diferente. Bruno está terminando o mandato de vice-prefeito e vai ter que se dedicar a alguma coisa. Naturalmente, se credenciou para ser o candidato de ACM Neto. É uma coisa natural. Não foi imposta por ninguém. Existem diversos nomes que poderiam administrar a nossa cidade, mas neste momento acho quem está na frente, com passos largos, é o Bruno Reis.
O senhor mantém o desejo de ser candidato a vice na eventual chapa de Bruno Reis?
O que nós queremos é ganhar a eleição. Acho que o nome independente de ser o meu, eu acho que tem ser um nome que agregue e possibilite a nossa vitória. Acho que qualquer parlamentar que gosta do seu município e vive tem o nome à disposição. Não vou para disputar. Não é imposição. Se o grupo entender que o meu nome pode agregar, eu estarei à disposição. O que quero é ganhar a eleição com o meu grupo.
Especula-se que o secretário municipal de Saúde, Leo Prates, pode ser o vice na eventual chapa de Bruno Reis. Prates é um concorrente seu na disputa pela majoritária?
Não. Terá todo o meu apoio [se for o candidato a vice]. É extremamente trabalhador.
ACM Neto foi cabo eleitoral de Geraldo Alckmin na disputa presidencial de 2018. E o tucano teve 2% dos votos em Salvador. Além disso, José Ronaldo, que competiu pelo governo da Bahia, teve 23%. Muito se questiona a capacidade de transferência de votos de ACM Neto. O senhor acha que ele vai conseguir fazer essa transferência na campanha de 2020?
São personagens diferentes. Qualquer político gostaria de ter o apoio de ACM Neto. Neto ainda não entrou em campo para pedir votos, para dizer "este é o meu candidato". A partir daí, as coisas vão tomar corpo quando tivermos um candidato oficial. Acho que a transferência vai começar a ser medida aí. Tenho esperança e acredito que sim.
O senhor acha que há um desgaste da gestão de ACM Neto?
Sempre tem. É inegável. Sempre tem desgaste. Tem pontos positivos, pontos negativos para quem tem sete anos no poder. Isso vai ter desgaste. Uma coisa é ser pedra e outra coisa é ser vidraça. Hoje, a gente é vidraça. Tem coisas que a gente precisa evoluir mais, mas eu acredito que faz parte do processo.
O prefeito ACM Neto pediu que os aliados da Assembleia Legislativa tivessem uma atuação mais firme contra o governador Rui Costa. O senhor acha que a bancada da oposição tem conseguido?
A gente tem conseguido sim dentro de uma bancada de 18 deputados. Acho que a gente tem perfis e personalidades diferentes. Uns trabalham mais nos bastidores, outros fazem mais levantamento e há quem parta mais para os embates, críticas. Nem todos estão habituados para ficar no plenário. Ou não querem por diversos motivos. Mas, acho que a gente tem conseguido pontuar. É uma oposição diminuta, mas bastante qualificada.
Há quem compare a oposição da Câmara de Salvador com a da Assembleia. E avalie que os vereadores oposicionistas conseguem desgastar mais ACM Neto do que os deputados da minoria a Rui Costa. O senhor concorda?
Não, mas a gente tem uma diferença. Nós temos dois presidentes. Geraldinho, que tem uma independência maior, e temos Nelson Leal, que é um grande presidente e tem surpreendido pelo trato com todos os deputados. Mas é aliado completamente ao governo. Geraldinho tem feito um trabalho de maior independência. Talvez, essa seja a sensação de dar mais trabalho ao ACM Neto do que a Rui Costa. E a Câmara é muito mais calorosa. É mais próxima dos embates do que a própria Assembleia. A participação da população faz com que o parlamentar tente mostrar mais suas ações.
O senhor vai pleitear ser líder da oposição na Assembleia?
Acredito que as pessoas vão se credenciando ao longo do tempo com suas posturas e convicções. No momento em que acharem que posso contribuir, eu estarei firme e forte para dar minha contribuição. É uma coisa que acontece naturalmente. Se vier, ótimo. Não existe embate. Independente de mim, eu sempre sou a favor do rodízio.
Em 2022, o senhor vai sair candidato a deputado federal?
Depende de como o nosso grupo vai sair para a gente tomar uma decisão. Hoje, continuarei como deputado estadual consolidando o nosso trabalho. Não me faria mal ser deputado federal. Estaria subindo um degrau na carreira política.
ACM Neto é o candidato do grupo para governador em 2020?
Absoluta certeza que Neto será o candidato ao governo do estado em 2022. Do lado de lá, quem decide são eles.