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Entrevista

Secretário confirma aumento na tarifa de ônibus em janeiro e admite déficit no sistema - 03/12/2018

Por João Brandão / Rodrigo Daniel Silva

Secretário confirma aumento na tarifa de ônibus em janeiro e admite déficit no sistema - 03/12/2018
Foto: Paulo Victor / Bahia Notícias

O secretário municipal de Mobilidade, Fábio Mota, confirmou que haverá um novo aumento na tarifa do ônibus de Salvador a partir do dia 2 de janeiro. O titular da pasta não revelou, no entanto, o valor, porque, segundo ele, ainda está em estudo.

Mota afirmou, ainda, que a prefeitura pediu uma auditoria nos contratos das empresas de ônibus para saber da situação financeira. “Os balanços têm mostrado que estão em dificuldades. [...] Eles [os donos das empresas] dizem que não estão bem, mas as auditorias vão dizer definidamente qual é a condição”, pontuou.

O secretário contou, também, que permanece filiado ao MDB e que não pretende deixar o partido, pois, não tem intenção de ser candidato. Segundo Mota, ele se distanciou do deputado federal Lúcio Vieira Lima (MDB), que não conseguiu se reeleger. “Há muito tempo que não tenho [não tenho relação], desde o episódio da escolha do vice. Não tenho contato. Continuo amigo, mas a relação política rompeu naquele momento da escolha do vice”, declarou. Confira a entrevista completa:

 

A questão das 100 linhas de ônibus que, em um primeiro momento, o estado sugeriu que fossem extintas. Estavam no contrato ou foi apenas um lapso de discurso de discurso do secretário estadual da Casa Civil, Bruno Dauster?
Não. Eu desconheço qualquer estudo que tenha sido feito que se fale em retirada de mais de 100 linhas. Com a chegada do metrô, precisamos fazer uma restruturação de todo o transporte público da cidade de Salvador. Que foi feito e foi finalizado no fim do ano passado. Então, não existe nenhum estudo nem contrato que faça com o que tenha mais 100 linhas para ser cortada no município de Salvador. A discussão seria sobre as linhas troncais que são sete. Mas, até essas linhas, os estudos apontam que se retirar vai ter desassistência do serviço de transporte público. E mais. Hoje, nós temos um gargalo no sistema de transporte. O estado fez o processo do metrô e o município passou as estações de transbordo para a concessão do estado [hoje é administrada pela CCR]. E o estado não levou em consideração os números da integração. Fizeram estações que estão hoje superlotadas. Hoje, já tem problema, se for em horário de pico, em Pirajá. As pessoas chegam de metrô e tem problema para pegar ônibus. O problema não é do ônibus. A estação ficou pequena e não tem quantidade necessária de baias para colocar mais ônibus. Tem engarrafamento dentro das estações. O mesmo acontece na Estação Acesso Norte e Mussurunga não fica atrás. Para mim, soou com perplexidade a declaração do secretário Bruno Dauster que nós teríamos que tirar 100 linhas de ônibus. Se tirar, nós temos 400 mil a mais nas estações. É impossível acontecer a retirada.

O que ainda não foi feito da integração entre metrô e ônibus de Salvador?
Para o município, tudo foi feito. Nós integramos todas as linhas de ônibus da cidade. O usuário hoje opta. Por exemplo, se ele desce no Acesso Norte, ele pode pegar uma das linhas do Acesso Norte. Que são 40. O usuário pode fazer isso em Mussurunga, em Pirajá. A discussão que existe hoje e que tem sido tocada no Ministério Público é se o município teria ou não que cortar as linhas troncais.   




O Fundo de Mobilidade começa com um aporte inicial ou a prefeitura pretende estabelecê-lo do zero?
É um fundo financeiro. Não é um fundo ordenador de despesas. Na verdade, a ideia do fundo é muito mais criar uma garantia. Nós estamos vivemos, no país inteiro, uma dificuldade no transporte. Salvador não fica fora. As empresas estão dizendo que não renovam a frota porque não conseguem crédito, porque estarem com o nome sujo. A ideia do fundo é criar uma garantia para que as empresas possam assim usar desta garantia e a gente começar a renovar a frota. Precisamos melhorar a frota, inclusive, trazendo o componente do ar condicionado. Então, a ideia do fundo é garantir os próximos ônibus.

Os empresários de ônibus reclamam que o sistema é deficitário. A prefeitura acompanha as auditorias das concessionárias?
O contrato quando foi feito e assinado em 2015. Previa que 28 milhões de pessoas seriam transportadas na cidade. Quando falo em 28 milhões, falo em pagantes, porque temos muito mais de 28 milhões de transportados. Hoje, pelos dados da bilhetagem do ônibus, nós temos 22 milhões. Então, tem um decréscimo de seis milhões. Isso, segundo as concessionárias, traz o desequilíbrio do contrato. A prefeitura está auditando para saber se esses números são verdadeiros. Até fevereiro, a auditoria deve ser concluída. Tudo isso é acompanhado pelo Ministério Público.

Qual a real situação das empresas que prestam serviços de ônibus?
Hoje, existe uma transparência no sistema de contrato. Então, os balanços são públicos. Qualquer pessoa pode fazer essa consulta. Os balanços têm mostrado que estão em dificuldades. Tivemos um episódio recente. Pela convenção coletiva dos rodoviários, eles deveriam ter recebido a primeira parcela do 13ª [salário] dia 20 de novembro. As empresas não conseguiram crédito no mercado para pagar. Foi preciso a intervenção do prefeito ACM Neto, que falou direto com o Bradesco, para conseguir o crédito. E receberam no dia [30 de novembro] a parcela do décimo terceiro. Essa crise é nacional. Eles dizem que não estão bem, mas as auditorias vão dizer definidamente qual é a condição [das empresas].




Já foram iniciados os estudos para a tarifa de ônibus em 2019?
É contratual. Vai aumentar. No dia de 2 janeiro, teremos uma nova tarifa. O valor não tenho como falar até porque o ano não fechou.

O projeto de regulamentação do Uber e outros aplicativos está emperrado na Câmara. Agora só vai ficar para 2019. O senhor acha que a demora em regulamentar é prejudicial?
Prejudica e muito. Qual é a situação de hoje? Hoje, o município de Salvador está impedido de fazer a fiscalização. Os aplicativos não estão regulamentados e não sabemos quem é quem, quem é aplicativo ou não. Então, acaba que não podemos fiscalizar nem quem é aplicativo nem o outro que seria clandestino. Isso complica muito. Fizemos um projeto isento para equilibrar a relação entre taxistas e aplicativos. A ideia do projeto foi essa.

As obras do BRT prometem solucionar alguns gargalos do trânsito em Salvador, em especial aquele trecho da Avenida ACM. Opositores criticam a priorização do transporte individual por meio das faixas exclusivas e reclamam que o BRT estaria obsoleto. Esse sistema é uma resposta da prefeitura à incapacidade de gerir um modal como o metrô?
O BRT está em 212 países da Europa, da América do Norte e mais 16 cidades dos Estados Unidos. Implantados neste momento. Essa é a pecha de ser obsoleto não se sustenta. Basta entrar no google e vai ver que tem BRT no mundo inteiro e implantado agora. O BRT vem para resolver problemas de macro e microdrenagem. Aquela área vai deixar de alagar. O BRT vem resolver problemas crônicos de engarrafamento.

O senhor permanece filiado ao MDB?
Sim.

Tem pretensão de deixar?
Minha relação política hoje é direta com o prefeito ACM Neto. Não tenho pretensão de ser candidato. Como não sou candidato, não tem porque me filiar ou desfiliar. Vai depender da conveniência do momento.

O senhor tem contato com o deputado federal Lúcio Vieira Lima?
Há muito tempo que não tenho, desde o episódio da escolha do vice. Não tenho contato. Continuo amigo, mas a relação política rompeu naquele momento da escolha do vice.