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Entrevista

Novo diretor da Band Bahia não quer disputar hora do almoço: ‘Jornalismo sangrento’ - 26/03/2018

Por Bruno Luiz / João Brandão

Novo diretor da Band Bahia não quer disputar hora do almoço: ‘Jornalismo sangrento’ - 26/03/2018
Fotos: Lucas Arraz / Bahia Notícias

Novo diretor-geral da Band Bahia, Augusto Correia Lima foi enfático ao afirmar que a emissora baiana “não vai disputar hora do almoço” com a TV Bahia e Record. Em entrevista ao Bahia Notícias, o paraibano, que, como ele mesmo disse, tem a missão de construir uma programação local para a Bahia e regional para o Nordeste, condenou os programas sensacionalistas que ocupam o horário. “Não pretendemos entrar nesse jornalismo sangrento. Esse sangue não é estilo da Band. Com sangue, você tem muita audiência, mas o anunciante está cada vez mais fugindo desse tipo de programa”, disparou. Lima também afirmou que “as pessoas acham que a Bandeirantes é uma rede paulista, mas estão enganados. É uma rede nordestina”. “Por isso que devemos aqui [Bahia] – que é o maior mercado nordestino, um turbilhão de cultura, de artes e talentos – construir e formatar conteúdos, não só para a Bahia, mas para o Nordeste”, pontuou. Ele também destacou as mudanças que devem fazer na emissora local. “Nossa ideia é, a partir de agora, ocupar mais a grade local. [...] A gente tem intenção em determinados horários: o horário do ‘bom dia da TV aberta’, que é das 6h às 8h, vamos ocupar. O almoço, essa que é uma guerra entre emissoras locais, não só aqui, mas também em todo o Brasil, mas a gente vai tentar de forma diferente", citou. Leia abaixo a entrevista completa!

 

O senhor chegou há pouco tempo para substituir Claudio Nogueira. Qual foi situação que encontrou na empresa?

Encontrei a empresa organizada. A Band Bahia é muito organizada. Evidentemente que os pontos positivos e negativos dependem do ponto de vista que você fala. Cláudio Nogueira tem uma maneira de uma gestão, eu tenho outra. Então, a única coisa que eu acho é que a gente tem que acertar é que a empresa está organizada. Eu peguei uma equipe maravilhosa. Ponto positivo. Encontramos na gestão de Cláudio Nogueira uma equipe muito boa e motivada, que é um ponto mais positivo. O ponto negativo depende do ponto de vista da gestão. Acho que a gente deve fazer mudanças pontuais basicamente na programação local. São essas mudanças que devo imprimir com mais agilidade.

 

O senhor falou em questão de estilo de Cláudio e o seu. Na questão do estilo, o que mais lhe preocupou na emissora aqui na Bahia?

O que mais eu acho que devemos atuar – é esse esforço que estamos fazendo e uma missão, pois a Band Bahia é Band Nordeste – precisamos construir uma programação local para a Bahia e regional para o Nordeste. É uma missão. Nossa ideia é, a partir de agora, é ocupar mais a grade local. Com todas essas dificuldades dos últimos anos, dessa crise, está um pouco achatada a nossa é ideia que é com criatividade para ampliar a grade local. A comunicação, o meio televisivo, tem que ter um pé no mundo, nacional, no regional, na cidade e na rua onde você mora. Onde a vida acontece. A nossa missão é fazer com que chegue com mais rapidez, mais eficiência ao telespectador.
 


 

Por que transformar a Band Bahia na cabeça de rede da emissora? O senhor disse que a missão é trazer uma programação mais local, mas também para o Nordeste. Como pretende fazer isso?

O que acontece: o Grupo Bandeirantes, uma das quatro maiores redes do país, é a que tem mais emissoras próprias do Brasil. É uma maneira de gerir. Por exemplo, a Rede Globo tem cinco cabeças de rede. A Band Bahia tem 17 emissoras próprias. Não sei quem está certo ou errado, mas é a maneira de gerir. O Grupo Bandeirantes tem emissoras própria na Bahia, no Rio Grande do Norte, no Piauí e no Maranhão. E temos duas retransmissoras em Sergipe e Alagoas. Dos nove estados do Nordeste, o Grupo Bandeirantes atua como grupo em seis. Se você prestar atenção: o Grupo Bandeirantes é, das quatro das maiores redes, a que tem a maior atuação no Nordeste. As pessoas acham que é rede é paulista, mas estão enganados. É uma rede nordestina, por isso que devemos aqui [Bahia] – que é o maior mercado nordestino, um turbulhão de cultura, de artes e talentos – construir e formatar conteúdos, não só para a Bahia, mas para o Nordeste. A partir da Bahia, preparando, temos aqui [programação] para o Brasil também. Aqui é turbilhão, talvez mais o estado com maior berço cultural. A Band tem essa emissora própria aqui, e quer fazer ela funcionar.
 


 

Como vocês pensam em fazer essa divisão na programação? E de onde vem a necessidade da Band Bahia se tornar a Band Nordeste? Tem a ver com o mercado?

Sim, é algo que tem a ver. O mundo está mudando com muita velocidade. O meio de TV também muda com muita velocidade. A gente tem que estar inserido. É a missão da família Saad. Pensa desta forma. A Band não está mudando só na Bahia, está mudando nacionalmente. Nos últimos dias, há infinidades de programas que estão sendo lançados. Nós estamos no meio de uma grande mudança. Estamos se reinventando, é uma grande reengenharia que o grupo está fazendo no meio da televisão. [...] A família cresceu. A Band sempre foi tida como uma emissora da família. Então, com outras emissoras, muita gente tem rejeição com a emissora ‘A’, pois a emissora ‘A’ é mais política que a ‘X’. A Band sempre foi a emissora da família. O slogan é ‘a família cresceu’. Temos uma série de novos formatos, novas programações, é uma reengenharia completa na nossa programação.

 

O jornalismo baiano tem buscado mais pautas populares. Uma postura mais próxima do telespectador, mais conversa, menos sisuda. Isso pode se transformar em padrão nacional?

Não tenho duvidas. A TV aberta é um meio popular. O que acho é que é tendência e não tem mais volta é a segunda tela. Essa segunda tela, se você for em todas as redes sociais, você vai perceber claramente que o assunto que mais rende é assuntos sobre televisão. Então, a segunda tela é uma realidade. O sujeito está na tv assistindo seu programa favorito e comentando ao mesmo tempo. Essa é a popularização das redes sociais e da interação com a própria emissora. É uma tendência e não podemos fugir disso. A Band já faz isso em testes. Foi a primeira das grandes redes a apostar. O jornal da Band começou a transmitir no Facebook, o Band Cidade daqui é transmitido pelo Facebook.  O próprio anunciante do Masterchef tem ações exclusivas no Twitter. Então, o anunciante quando compra o pacote, eles compram também ações exclusivas no Twitter. Essa interação com a TV é uma tendência. Isso a gente não pode fugir e vamos buscar. Nós vamos surfar essa onda.

 

Até para o jornalismo?

Também. A interação com o jornalismo a gente faz com o esporte, onde você faz pergunta para os nossos comentaristas, e eles respondem imediatamente, através de hashtag. A Band foi a primeira e entrar e apostar nesse formato também. A cada dia essa movimentação para interação é muito forte.

 

Aqui na Bahia, a gente vive uma competição muito grande entre TV Bahia, Aratu e Record. A Band pretende entrar na disputa, disputar esse publico na hora do almoço?

Evidentemente que nós acompanhamos os índices do Ibope diariamente, mas a gente não pretende entrar nessa briga. Pretendemos ocupar espaço que achamos que é nosso. Se esse espaço for uma vice-liderança ou um terceiro lugar estamos felizes. Vamos ocupar o espaço que vamos brigar. Não vamos entra nesse leilão. É uma briga muito grande com comunicadores. Vamos fazer uma coisa com bastante criatividade, entrar nessa briga não é nossa intenção.
 


 

Com relação aos programas locais, quais horários pretende apostar?

A gente tem intenção em determinados horários: o horário do ‘Bom dia da TV aberta’, que é das 6h às 8h, vamos ocupar. O almoço, essa que é uma guerra entre emissoras locais, não só aqui, mas também em todo o Brasil, mas a gente vai tentar de forma diferente. Não pretendemos entra nesse jornalismo sangrento. Esse sangue não é estilo da Band. Com sangue, você tem muita audiência, mas o anunciante está cada vez mais fugindo desses programas sensacionalistas. Tem muita gente, mas você não tem audiência qualificada, que é o dinheiro. O resultado financeiro é muito baixo para o esforço. Muita gente, mas pouco poder de compra. Poder de compra é muito baixo. O anunciante, a cada dia que passa, não quer atrelar sua marca a esse tipo de programa. Quer atrelar [a marca em um programa] que traga retorno e não manche sua marca de sangue. É minha opinião. Respeito os colegas que fazem. Não vamos disputar esse tipo de programa.

 

A gente viu recentemente na imprensa algumas noticias sobre uma possível crise orçamentária na Band pelo país. Alguns programas encerrados. Agora vocês apostam em uma nova programação, com novas contratações. Como garantir esse nível na programação em um momento de crise?

A crise afetou drasticamente a comunicação nesse país. A maior fatia do bolo publicitário é da TV aberta. Tem 65% dos investimentos em comunicação no país. É uma fatia muito grande. Quando a crise veio, afetou a todos. Tivemos demissões na Globo, SBT e Record. Teve gente que demitiu mais, gente que demitiu menos, mas todos foram afetados. Em 2018 começou a ter sinal de esperança, uma luz no final do túnel. Tem hora de retrair e tem hora de avançar. Achamos que é hora de avançar. Vamos avançar com essa reengenharia completa, para melhorar nossa tela, nosso sinal. Entregar uma programação mais popular, mais adequada.