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Entrevista

PR não decidiu apoio a Rui Costa em 2018: ‘Vamos ver quais candidaturas vão estar postas’ - 27/11/2017

Por Bruno Luiz / Estela Marques | Fotos: Paulo Victor Nadal

PR não decidiu apoio a Rui Costa em 2018: ‘Vamos ver quais candidaturas vão estar postas’ - 27/11/2017
Foto: Paulo Victor Nadal / Bahia Notícias

Hoje da base aliada do governador Rui Costa em âmbito local e apoiador de Michel Temer nacionalmente, o Partido da República na Bahia ainda não decidiu de qual lado vai estar nas eleições de 2018. O presidente do PR na Bahia, deputado federal José Carlos Araújo, explicou que existem condicionantes que impedem que o martelo seja batido antes da Semana Santa. “Vamos ver quais candidaturas vão estar postas na época da eleição. Hoje são duas, mas pode ter três, quatro. Quem vai ser o candidato a presidente da República? Isso é uma conjuntura que só vamos discutir depois da Semana Santa”, explicou, em entrevista ao Bahia Notícias. Outra condição para definir apoio é espaço em uma chapa majoritária, o que só poderá ser reivindicado quando o partido tiver musculatura. Quanto a isso, Araújo quer lançar no PR seis a oito deputados estaduais e mais dois deputados federais. “Hoje somos o quarto partido. Se isso acontecer, vamos passar para o segundo. O PSD vai ficar um pouco maior porque tem senador e nós não temos”, acrescentou. Os detalhes da articulação do partido para as eleições do ano que vem – que já foi iniciada – são contados na entrevista da semana para o Bahia Notícias, ocasião na qual Araújo ainda falou sobre o contexto nacional no qual está inserido o partido. Confira a entrevista completa!

Quais são as estratégias que o partido tem adotado pra crescer nas eleições do ano que vem? Já trabalham com estimativa de quantos deputados federais e estaduais querem eleger? 
Primeiro cuidamos de sanear o PR, arrumar o PR. Eu já fui uma vez presidente do PR, agora voltei a ser outra vez, exatamente pelo trabalho que fiz no passado. Quando cheguei no PR tinha apenas eu só de deputado, o João Leão tinha acabado de sair do PR. Quando deixei o PR, deixei com seis deputados federais, cinco estaduais e 43 prefeitos naquela época, porque o Alfredo Nascimento se encantou com César Borges, quis dar o PR pro César Borge e aí me tirou.Saí do PR atirando e nesse intervalo o PR só fez descrescer. Voltei ao PR agora e voltei só com dois deputados, o Jonga Bacelar e José Rocha; com sete prefeitos, sem um deputado estadual. E com muitos problemas na justiça eleitoral. Hoje o partido já tem 22 prefeitos e uma perspectiva de crescer bem. Há conversas com vários deputados, mas não se concretizou ainda porque só vai se concretizar quando abrir a janela. Deputado não pode sair do partido hoje, senão perde o mandato. Como a lei abre janela em março, em março temos perspectiva de termos mais dois deputados federais e aí seis a oito deputados estaduais. Há perspectiva de partido crescer bem e se crescer bem, teremos lugar na chapa do governador. Mas só podemos reivindicar se o partido tiver musculatura.

 

Falando em lugar na chapa, o apoio do partido ao governador Rui Costa em 2018 está garantido?
Nós não conversamos sobre 2018, nem com Rui Costa nem com qualquer outra chapa. Temos que conversar. Se nós tivermos musculatura nós vamos conversar, queremos mais espaço. Mas só podemos reivindicar espaço se nós crescermos. Se não crescermos, vamos ter que reivindicar dentro do espaço que temos hoje.

 

Então, o senhor pretende contar com seis a oito deputados estaduais e dois federais? Essa configuração o senhor acha que o partido teria musculatura?
Claro, lógico. Porque hoje somos o quarto partido. Se isso acontecer, vamos passar pra o segundo. O PSD vai ficar um pouco maior porque tem senador e nós não temos.

 

E caso o partido opte por no ano que vem não ficar com Rui Costa, o caminho mesmo é ACM Neto ou outra candidatura, até mesmo uma própria?
Candidatura própria é difícil. Agora vamos ver quais candidaturas vão estar postas na época da eleição. Hoje são duas, mas pode ter três, quatro. Quem vai ser o candidato a presidente da República? Isso é uma conjuntura que só vamos discutir depois da Semana Santa. Dizem que política na Bahia é só depois do Carnaval. Eu sou mais conservador e digo que é só depois da Semana Santa.

 

Como o senhor acha que fica esse cenário? Porque fala que se Lula for candidato em 2018, ele pode trazer uma grande quantidade de votos pra Rui Costa, mas se Lula não for candidato acaba deixando a situação do governador um pouco complicada. Por outro lado, ACM Neto tem apoio do presidente Michel Temer...
Quem quer apoio de Michel Temer?

 

Mas na parte de repasse de verbas federais, pode capitalizar...
São duas coisas diferentes. No caso, Lula tem um cabedal próprio. O apoio dele robustece a candidatura de Rui Costa. O Michel Temer não robustece qualquer outro candidato. Pode ser que com o governo a máquina possa fazer alguma coisa, alguma melhora, mas não quem tem apenas 4% de aprovação não pode encostar em ninguém pra fazer voto. A não ser que a conjuntura mude.

 

Como o senhor avalia hoje as chances de reeleição do governador Rui Costa pro ano que vem?
É muito cedo pra isso. Hoje acho que Rui teria grandes chances, como Neto também tem chances. Rui nessa época na primeira eleição tava com 4%, 5%, mas no fim ganhou eleição. É muito cedo. As pessoas estão querendo, fazendo alvoroço todo, sem nenhuma razão ainda de ser.

 

E como estão as articulações para o ingresso de Ronaldo Carletto no partido? A gente apurou que a entrada dele no PR está quase certa.
O “quase” está por sua conta. Conversamos há dois meses, mas fizemos pacto: só voltaríamos a conversar depois de fevereiro. Então, há possibilidade, ele demonstrou vontade, o partido tem vontade de recebe-lo, ele é um bom quadro, bom deputado, tem musculatura, mas só vamos discutir isso depois de março. Mesmo que ele quisesse vir pro PR agora, ele não pode vir. Ele não vai correr risco. E outros deputados quiserem vir, só poderão vir em março.

 

E a circulação que também circula nos bastidores é que o próprio Carletto tem articulado junto a entrada dele no PR a migração de outros deputados estaduais e federais. O senhor tem acompanhado essas negociações do Carletto?
Não. Essa é negociação do Carletto. Eu tenho conversado com outros deputados, mas Carletto tem conversado com alguns. Nem eu sei com quem ele está conversando nem ele sabe com quem estou conversando, e não interessa falar disso agora, tá muito cedo.

 

Essas conversas são da órbita de Carletto?
Tudo isso gira numa órbita só. Alguns sim, alguns não. Alguns já conversei, outras Ronaldo conversou. Mais lá na frente... O brasileiro, o baiano é sempre de última hora. Essa coisa vai acontecer em 1º de março, aí a coisa pega fogo.

 

A gente soube de que haveria entre o senhor e o Carletto a seguinte articulação: ele ajudaria a transferir alguns votos nas bases eleitorais dele pra sua reeleição a deputado federal, porque sua reeleição estaria ameaçada. Realmente essa conversa aconteceu?
Não procede. Primeiro, tenho na minha avaliação a minha reeleição mais ou menos tranquila. Já estive no amarelo, hoje estou no verde. Não tenho preocupação com minha reeleição. Agora é óbvio que se  Carletto vier pro partido, se for candidato a senador ou qualquer um outro do partido for candidato a senador e for deputado federal, é óbvio que esses votos serão redivididos dentro do próprio partido – comigo e outros deputados, como se fosse um banco de crédito. Se eu não estiver precisando, não vou ter nada. Meu interesse é fazer partido crescer. Tenho reeleição hoje mais ou menos tranquila. Não tenho dificuldade.

 

Chegou a haver alguma conversa de transferência de votos do partido? 
Não podemos conversar sobre isso se não acertamos a vinda. Quem gasta o jogo do empréstimo antes não paga.

 

Ronaldo, se for para o PR, seria para pleitear a vaga de senador na chapa do governador Rui Costa ou outros nomes pleiteiam isso?
O partido tem outros nomes também. Ele vai entrar no partido e todos terão a mesma chance. Aquele que estiver mais forte e for mais útil... Onde nós vamos ficar? Quem vai ser nosso candidato a governador? Terá que ser ouvido. Estamos com quem? Vai ser o governador Rui Costa. Primeiro temos que ter garantia que vamos ter a vaga. Segundo vamos conversar com o governador: “Temos três nomes aqui. Qual o melhor pra ganhar eleição?”. Ninguém pode impor.

 

Mas o PR só fica com Rui se tiver vaga ao Senado?
Não. Não é essa posição. A gente nem pensou nesse tipo de coisa.

 

O prefeito ACM Neto ou emissários dele chegaram a procurar o PR pra iniciar conversas visando apoio do partido a uma possível candidatura no próximo ano?
Não. É óbvio que política a gente conversa com todos da política, sou amigo deles todos. Logicamente numa roda se conversa as possibilidades. Agora, nada de concreto nem oficial.

 

O partido tem no âmbito nacional uma considerável participação no governo do presidente Michel Temer, que é oposição ao governo Rui Costa na Bahia. Também não há indicações de que o PR vá apoiar possível candidatura do presidente Lula, cabo eleitoral para Rui Costa e é do mesmo partido. Isso não é um indicativo de que o cenário nacional da sigla pode levar o PR a deixar Rui e apoiar Neto, aliado de Temer?
Eu faço inverso. Não é indicativo se for Lula que a gente fique com Rui, porque Lula é forte? O que dá em Chico dá em Francisco. Tem que aguardar pra ver quem são os candidatos à Presidência da República, quem são os candidatos a governador. Inicialmente só se tem Rui Costa. Está especulando que Neto vai ser candidato, mas alguém já ouviu de Neto que ele vai ser candidato? E sendo Neto, tem dois candidatos fortes: Neto e Rui Costa. Vamos ver o que vai acontecer lá na frente.

 

Mas como PR nacional pode influenciar numa decisão de apoio aqui do PR baiano?
O PR nacional vai ouvir o PR da Bahia. O que o PR da Bahia decidir, o PR nacional apoia. É lógico que o PR regional vai ouvir base, seus prefeitos, suas lideranças, não vai tomar decisão só na cabeça do presidente. Vai ouvir os deputados. Vamos tomar decisão baseado nisso.

 

O presidente estadual do PT, Everaldo Anunciação, disse recentemente que duas das vagas da chapa já estão garantidas para o partido no ano que vem: Rui Costa e Jaques Wagner pro Senado. Várias legendas têm pleiteado espaço na majoritária. Como o senhor vê essa declaração de Anunciação em meio à disputa que há entre partidos da base aliada?
Lógico que Anunciação está puxando a brasa pra sardinha dele. Wagner vai ser candidato? Rui sabe que vai ser candidato a governador, e Wagner, vai ser? Já ouvi que Wagner vai ser candidato a presidente da República. Lógico que se Wagner for candidato a senador, seus coligados queiram que ele seja candidato a senador, aí tem duas vagas. Nas outras duas, vamos ver qual partido tem mais musculatura. É a razão que o PR quer crescer e ter mais musculatura, pra entrar nessa disputa.

 

A posição do Everaldo é que alguns nomes de outras siglas criticaram. O deputado Bebeto (PSB) achou que o Everaldo foi indelicado. O senhor acha então que ele apenas tentou defender o dele?
Everaldo deu declaração pró-PT. Ele é presidente do PT, tem que puxar pro PT. Acho que não tem nenhuma indelicadeza. Ele pode ter sido açodado, não indelicado.

 

Queria saber do senhor com relação ao apoio a Michel Temer em Brasília. O PR nacional apoia Michel Temer. Não há nenhum tempo de desconforto em apoiar Rui aqui e Temer em Brasília?
Em hipótese nenhuma. O PR lá tinha deputados apoiando Eduardo Cunha. Eu fui pro PR e disse: “No Conselho de Ética o PR é independente”. Dois, três deputados do PR arrumaram apoio a Eduardo Cunha. Fui pro PR e fui o único contra Eduardo Cunha. 

 

Mas na votação da denúncia o senhor disse que estava fazendo isso por orientação do partido, porque tinha fechado questão.
Disse, declarei em público, o partido me pediu, não impôs mas me pediu, achei que devia atender o partido. Mas disse que ia declarar que o partido estava pressionando pra que eu o fizesse. Mas disse também que eu não votaria se tivesse segunda denúncia, e disse que não votaria na reforma da Previdência, como não votarei.

 

O José Rocha é líder do PR na Câmara e como líder articulou o fechamento de questão na primeira denúncia. O senhor disse que votou pressionado. Cria uma certa rusga com o José Rocha?
Em hipótese alguma. Até porque se Zé Rocha criou pressão, não foi por vontade própria, porque ele também não tinha vontade de votar.

 

A articulação política do governador é algo ainda criticado por deputados da base aliada. Rui conseguiu aparar essas arestas ou o senhor ainda enxerga insatisfação dos governistas?
É verdade. Não conseguiu aparar ainda, está tentando. Mas acho que só vai conseguir aparar em março, quando algumas figuras que estão no governo deixarem o secretariado. Sem nominar.

 

De quais formas ele tem tentado aparar essas arestas?
Rui me chamou pra almoçar, pra aparar as arestas, mostrar que o governo de Rui Costa nada tem a ver com as cabeçadas que esse povo do governo tem dado. E ele sabe disso. Tem algumas figuras que às vezes jogam contra.

 

O governador é apontado como perfil mais de gestor do que político. O senhor acha que ele tem conseguido adquirir traquejo político pra conduzir essa parte da própria articulação?
Acho que Rui tem os dois pés, 60% técnico, 40% político, mas agora a partir de março ele vai ter que usar os 40 mais. 

 

O senhor acha que essas insatisfações podem prejudicar o apoio de partidos na reeleição do ano que vem?
Tudo é possível, mas acho que Rui é inteligente o suficiente pra aparar essas arestas.

 

O PR chegou a dizer publicamente que deseja o comando da Bahiatursa, hoje nas mãos de Diogo Medrado. O partido vai continuar pressionando o governo por esse espaço?
O partido não vai ficar pressionando, o partido vai continuar pedindo, querendo. Lógico que num acordo lá na frente, aí, sim. Entrei no PR e o PR entrou com tudo feito, o que estava sobrando nos deram. Agora se for montar uma nova chapa, uma nova política, vão ter novos acordos. Vai colocar na mesa na chapa, se não tiver, vai ter que compensar de alguma forma. Tem que colocar na mesa o que o PR vai ter: chapa, chapa mais lugares pra secretários. Tem que definir. Eu não faria nenhum acordo hoje pra receber a Secretaria de Turismo sem a Bahiatursa. Esse acordo eu não faço. Hoje pouco o PR representa. Tem que ter mais.