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Entrevista

Eleusa Coronel explica funcionamento do projeto Assembleia de Carinho - 03/07/2017

Por Rebeca Menezes / Júlia Vigné

Eleusa Coronel explica funcionamento do projeto Assembleia de Carinho - 03/07/2017
Foto: Paulo Victor Nadal / Bahia Notícias

Mesmo não estando sob as luzes dos principais holofotes da política, a primeira-dama da Assembleia Legislativa do Estado da Bahia (AL-BA), Eleusa Coronel, encontrou um espaço para desenvolver suas ações de trabalhos sociais dentro da casa legislativa através do grupo de voluntariado Assembleia de Carinho. O grupo foi instituído há quase três meses e é integrado por 63 mulheres, dentre as oito deputadas estaduais e as esposas dos parlamentares da AL-BA. O grupo, idealizado por Eleusa, já realizou diversas ações em prol do Hospital Aristides Maltez, do Grupo de Apoio à Criança com Câncer (Gacc) e das Obras Sociais Irmã Dulce (Osid), entre outros. Ainda sem estatuto, o grupo atua atualmente a partir de doações de servidores da Assembleia e aceita contribuições da sociedade. A ideia é que a presidência e vice-presidência do grupo seja alterada de dois em dois anos e que o cargo seja ocupado pelas primeiras-damas da AL-BA. “Claro que, se lá adiante a gente puder juntar as forças, será muito bom. Se a gente puder, como um todo, se juntar e fazer um trabalho mais grandioso ainda, seria o ideal. Porque até então cada um faz o seu papel dentro das suas condições. O Estado é uma história, o Legislativo é outra história. Vamos bem devagarinho fazendo história”, afirmou. Na entrevista, Eleusa conta todas as ações já realizadas, os trâmites legais que o grupo precisa passar e os planos para o futuro da Assembleia de Carinho.

 

Você veio de uma família política, chegou a participar da campanha de Waldir Pires ao governo, depois participou da campanha do seu marido e do seu filho. Durante esse tempo qual a principal diferença que você enxerga na disputa política desde 1986 até agora?

Não sou candidata a nada. Vamos deixar bem claro. Até brinco que não seu candidata a deputada, governadora e nem à Presidência do Brasil. No fundo, no fundo não tem muita diferença, só pela questão de que política tem todo o processo que a gente começa desde a campanha, desde o processo corpo a corpo, isso ainda continua. Claro que se evoluiu muito com relação a tecnologia, a gente está nessa era. Eu acho que o corpo a corpo ainda continua o mesmo desde sempre e os reflexos e as repercussões continuam também a mesma coisa.

 

Angelo Coronel, seu marido, entrou na disputa pela presidência da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) não necessariamente querendo ser o candidato. No início ele defendia uma segunda via a Marcelo Nilo. E aí no decorrer da campanha ele acabou se tornando um candidato único, saindo ainda mais forte dessa campanha. Como você acompanhou esse processo todo de eleição e como o acompanhou nesse momento?

Estando perto. Essa foi uma das formas. É uma opção que fiz de vida que é essa parceria e cumplicidade que nós temos. Sempre, na maioria dos momentos, nós estamos juntos. Desde lá atrás. Desde antes de 1988, quando foi realizada a campanha para que Coronel fosse prefeito de Coração de Maria, que o mandado foi cumprido de 1989 a 1992. Essa parceria já existe desde lá. Estou sempre junto, seja no corpo a corpo das campanhas, seja nos passeios nos municípios para visitar as pessoas. A gente brinca muito que nós gostamos de gente. A gente gosta de povo. Quanto mais perto a gente está do povo, melhor. Essa campanha realmente tem uma participação mais do que especial dele próprio. A predestinação dele, a garra que ele tem. Quando ele realmente quer uma coisa, ele sabe construir para que essa coisa aconteça. E eu estava ali do lado. Se ele precisou que a gente fizesse um jantar, eu estava ali fazendo o jantar, recebendo os amigos, conversando sobre a possibilidade de ganhar a eleição e graças a Deus o destino, o universo conspira e conspirou e hoje ele está na presidência da AL-BA.

 

Sobre a Assembleia de Carinho, você já tem um histórico de trabalhos sociais de muito tempo. Partiu de você a ideia de realizar esse projeto?

Sim. Partiu. Na verdade foi uma ideia minha e de Coronel. Eu disse para ele que queria criar um grupo para movimentar a casa e colocar as esposas dos deputados, as oito deputadas, para movimentar e humanizar um pouco a AL-BA. Até então, eu nunca tinha visto nenhum projeto assim. E aí tomou essa proporção, que nós estamos nos adaptando, e está sendo maravilhoso. São experiências muito bacanas que a gente está vivendo em vários setores. E isso só nos enche realmente de alegria por poder fazer com que a AL-BA também participe dessa parte da humanização. Entrar em contato realmente direto com pessoas.

Na Assembleia isso é inédito. Mas a nível estadual tem o projeto Voluntárias Sociais, que geralmente é liderado pela primeira-dama. Você se inspirou nesse projeto para fazer o Assembleia de Carinho?

Não. Na verdade não. Mas acho muito legal esse projeto que Aline toca aqui no Estado. E ela faz realmente um bom trabalho, eu vejo as festas que ela proporciona em favor do [Hospital] Aristides Maltez, que é de emocionar. Sei que o Estado tem feito um trabalho bom desde sempre sobre isso. Como a gente sabe que existe os três poderes: o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. Então nós pensamos em colocar também o voluntariado dentro da Casa legislativa. Claro que, se lá adiante, a gente puder juntar as forças, será muito bom. Se a gente puder, como um todo, se juntar e fazer um trabalho mais grandioso ainda, seria o ideal. Porque até então cada um faz o seu papel dentro das suas condições. O Estado é uma história, o Legislativo é outra história. Vamos bem devagarinho fazendo história.

 

Como é Assembleia de Carinho é financiada? De onde vem o dinheiro das ações?

Na verdade as ações que a gente faz são por doações. Agora mesmo nós fizemos uma "atitude que transforma" com os idosos. E nós pedimos apoio da Casa, dos servidores da AL-BA, e eles maciçamente colaboraram, levaram suas doações, seus pacotes de fralda geriátrica, que serão distribuídas aos abrigos que selecionamos. Até então não existe uma legalidade com relação ao estatuto. Falta ser registrado. Falta ter legalidade para daí sim a gente ter recursos e poder tocar melhor o projeto. Mas até então são doações. O que tem também é a parceria com a AL-BA. Nós fizemos pedidos ao nosso presidente Angelo Coronel e a todos os deputados e eles ajudaram com relação a realizar os convênios com o Hospital Aristides Maltez, com o Grupo de Apoio a Criança com Câncer (Gacc), e fora isso nós estamos fazendo as visitas e vendo de que forma podemos ajudar. Nós estivemos lá no Obras Sociais de Irmã Dulce (Osid), de Irmã Dulce, e a gente pode também através da Casa, colocar um projeto de lei que vai proporcionar que as obras de Irmã Dulce recebam algumas doações baseado nesse projeto de lei, que já foi votado. Ele amplia a possibilidade de utilização do terreno de Irmã Dulce lá em Simões Filho. É uma operação para que eles possam utilizar melhor porque esse terreno que garante a sobrevivência da escola. Essa será mais uma fonte de renda para tocar as obras sociais.

 

E o convênio firmado entre a AL-BA e o Aristides Maltez?

Com o Aristides Maltez, além do convênio – que a AL-BA retomou depois de 20 anos a pedido da Assembleia de Carinho –, nós estamos fazendo uma campanha com todos os prefeitos da Bahia. Aristides Maltez Filho fez um desafio: se nós conseguirmos colocar metade dos municípios conveniados com a Liga Bahiana Contra o Câncer ele vai nos proporcionar uma festa política para mostrar isso à sociedade. Nessa campanha todos estão engajados. As parceiras dos deputados, que estão pedindo diretamente aos maridos para pedirem aos prefeitos das suas bases que contribuem. As deputadas também estão pedindo diretamente em suas bases que os prefeitos assinem os convênios. Já passaram de 100, até o final do ano queremos conseguir cerca de 210. É um convênio que, para a prefeitura, é um valor irrisório. Porque R$ 1,1 mil para uma prefeitura, por mais que o município seja pequeno, não é nada que não possa fazer. Até porque eu acredito que não existe um município na Bahia que não teve, não tem ou não terá um paciente internado ou fazendo tratamento lá no Aristides Maltez. Então a gente está retribuindo o que já recebe de muito tempo. Essa também é uma luta da Assembleia de Carinho, com apoio da AL-BA

 

Você mesma disse que, em pouquíssimo tempo de existência, a Assembleia de Carinho já conseguiu um reconhecimento, já tem ações grandes como a do Aristides Maltez e faz as menores como a do forró para idosos. Quais são os próximos planos do projeto?

Na verdade, nós fizemos uma reunião com as deputadas e as esposas parceiras e nós fizemos um cronograma até 2017. São várias ações. Claro que entre uma e outra o que for surgindo e a gente puder fazer, iremos auxiliar também. Já fizemos algumas com o GACC, que foi uma tarde divertida com as crianças e as famílias e dessa tarde já foi gerado alguns frutos. Uma jovem empresária comemorou seu aniversário em Lauro de Freitas e pediu como presente de aniversário doações para o GACC. Essas doações foram levadas. Ela recebeu alimentos não-perecíveis, fraldas descartáveis, utensílios de higiene pessoal e nós doamos 30 convites do Le Cirque. Uma parceria que nós conseguimos com o circo que está na Paralela aqui em Salvador para levar 30 pessoas, entre as crianças e acompanhantes para curtir uma tarde de espetáculo no circo. Fora isso, firmamos o convênio da AL-BA com o GACC e algumas pessoas têm me perguntado de que forma ajudar a instituição e eu já ajudei e já auxiliei. Contribuindo para selecionar notas fiscais, doando seu tempo. Não necessariamente a gente tem que ter dinheiro. Podemos doar nosso tempo, energia, alegria. Fizemos esse com os idosos que foi a ideia da esposa do pastor Samuel Junior, Ariene, que sugeriu que a gente fizesse. Como o período era junino, pensamos em fazer uma festa para eles. Junto a isso foi que pedimos aos servidores da Casa para doações, que nós iremos entregar. As doações ainda estão abertas, quem quiser doar mais, pode ficar a vontade. Todos estão convidados a vir junto com a gente nessa caminhada, que é tão bacana. A gente se enche de alegria e o nosso coração fica muito feliz. Fomos até convidados para participar de um forró em um dos abrigos.

A ideia é ficarem só mulheres participando? Ou os homens podem participar?

Claro que sim. Podem não, devem participar. Só vai somar e melhorar ainda mais as nossas atitudes que transformam. Tudo começa pelo nosso presidente que já acompanha, já acata. Claro que algumas coisas que eu tive que pedir com o jeitinho que a gente tem. Mas a gente vai conseguindo. Tudo sempre passa pela aprovação da mesa da casa, vai pra Mesa Diretora, vai para a Procuradoria, eles que dão o parecer favorável. A partir do momento em que a Procuradoria analisa que o ato pode ser legalmente feito, a gente toca a atitude que transforma. Claro que todos podem participar. No grupo que está formado no WhatsApp só tem as meninas. Mas a gente manda alguns recados inbox para os meninos organizarem e ajudarem em tudo. Com relação ao estatuto como um todo, tem que ter sua mesa e direção, suas suplências. Com relação ao voto, acredito que tenha que ser em cima do estatuto, são 63 mulheres. Até pelo estatuto tudo indica que a cada dois em dois anos automaticamente a presidente da Assembleia de Carinho será a esposa, companheira, parceira do presidente atual. Automaticamente vai se mudando a presidência e a vice-presidência a cada mudança de legislatura da presidência da AL-BA.

 

As ações do projeto apenas serão realizados em Salvador?

Na verdade todas as que estamos fazendo têm reflexo no Estado inteiro. Quando a gente fala do Aristides Maltez, estamos falando dos 417 municípios. Quando falamos do GACC, traz de todos os municípios. Não estamos falando de uma coisa específica de Salvador, já estamos atingindo a Bahia inteira. Pode ser que tenhamos oportunidades como dessa campanha que estamos chamando os prefeitos para participar da campanha para conveniar. E uma das ideias é juntar uma comissão da Assembleia de Carinho e ir aonde estão os núcleos. A gente pode se fazer presente nas reuniões das regiões da Bahia para explicar o trabalho e tentar convencer os prefeitos a se conveniar ao projeto.