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Entrevista

Fábio Mota explica estudo para redesenhar linhas de ônibus de Salvador - 07/11/2016

Por Guilherme Ferreira / Bruno Luiz

Fábio Mota explica estudo para redesenhar linhas de ônibus de Salvador - 07/11/2016
Foto: Tiago Dias / Bahia Notícias
A configuração das linhas de ônibus que o soteropolitano conhece atualmente vai ser modificada no ano que vem. Em entrevista ao Bahia Notícias, o secretário municipal de Mobilidade, Fábio Mota, conta que o estudo preparado para subsidiar o redesenho dos itinerário está sendo finalizado, e as intervenções devem começar a ser realizadas em 2017. Na avaliação do titular da Semob, o processo de mudança será “árduo”, mas necessário para distribuir melhor as linhas de ônibus pela capital baiana. “Salvador tem 600 linhas de ônibus. Dessas 600, 300 transportam 60% da população. E, em alguns locais delas, ainda há um intervalo muito grande entre um e outro ônibus. Estamos concluindo um estudo que vai dizer para nós quais as linhas precisam reforçadas na cidade de Salvador”, explica. Apesar de reconhecer que ainda não são “ideais”, Mota faz um balanço positivo sobre as mudanças implementadas no sistema de transporte público de Salvador. “Licitamos o transporte, que nunca tinha sido licitado e, com a licitação, veio o contrato. Hoje, a prefeitura tem contrato com as concessionárias, tem os direitos e os deveres, a prefeitura pode cobrar mais”, sustenta. O secretário também continua a defender com veemência a proibição ao Uber na cidade, diz que o BRT é “muito mais que um projeto de transporte público” e conta também sobre as negociações com o governo do Estado para integração entre metrô e ônibus municipais.

O BRT será operado pelo mesmo consórcio que opera o sistema de ônibus de Salvador. Os usuários de transporte público devem esperar uma qualidade semelhante no serviço?
O projeto do BRT é muito mais que um projeto de transporte público. Primeiro, ele é um projeto de mobilidade da cidade de Salvador, porque interfere diretamente na mobilidade da cidade. Serão construídos oito viadutos no final do projeto, o que vai possibilitar que as pessoas possam, no transporte individual, fazer da avenida Vasco da Gama até a Estação da Lapa, Via Expressa, sem nenhuma sinaleira, o que vai facilitar muito a mobilidade. Aquela área da cidade, pelo menos duas vezes na semana, pelo menos 70% da população passa por essa área. Ela é área mias conturbada do ponto de vista da mobilidade em Salvador. Então, dito isso, ele também é um projeto de saneamento, pois está dentro do projeto a solução dos problemas de alagamento de toda avenida ACM, pois, toda vez que chove, alaga. E, por último, o foco central, é o projeto que prioriza o transporte coletivo, com ônibus com ar condicionado, poltronas diferenciadas dos atuais ônibus, com linhas expressas. Vai melhorar muito a qualidade do serviço de transporte na cidade o que vai permitir que você saia do Iguatemi até a Lapa em 15 minutos, o que você faz hoje em 45 minutos, 1h30, a depender do horário em que o transporte dessas pessoas é feito. O BRT será preparado para o transporte público, mas, no primeiro momento, ele não será apenas um projeto de transporte público. No primeiro momento, ele qualifica a cidade, para, depois, receber o BRT.

Do início da gestão de ACM Neto pra cá, houve mudanças no sistema de ônibus da cidade, como a renovação da frota e reordenamento de rotas. Na opinião da prefeitura, a qualidade desse serviço chegou a um nível satisfatório? O que vocês consideram que pode ser melhorado?
Melhorou bastante do início até então. Licitamos o transporte, que nunca tinha sido licitado e, com a licitação, veio o contrato. Hoje, a prefeitura tem contrato com as concessionárias, tem os direitos e os deveres, a prefeitura pode cobrar mais. Nós exigimos, por exemplo, que tivesse uma média de quatro anos, uma das menores médias de frotas de ônibus em todo o Brasil. Nós exigimos que os ônibus tivessem componentes como GPS. Isso permite que Salvador seja hoje a única capital do país que tenha um centro de controle operacional que monitora 24h onde estão os ônibus. Tudo isso nós controlamos na Secretaria de Mobilidade, através do CCO, que permite também que tomemos decisões em tempo real para melhorar o sistema de transporte público na cidade. Aliado a isso, trouxemos o aplicativo que é o CittaMobi, recorde nacional, com mais de 800 mil downloads. Hoje, o usuário é a peça-chave, pois, através do aplicativo, ele pode informar como está a limpeza do ônibus, como o motorista está dirigindo, se o ônibus parou no ponto. Avanços outros que tivemos foi na questão dos rodoviários, pois eles reclamavam que não tinham condições nem de fazer suas necessidades básicas nos fins de linha. Nós reformamos os finais de linha, isso está no contrato com as concessionárias. Reformamos mais de 16 finais de linha, fazendo o módulo conforto, que são locais com banheiro masculino e feminino, de recreação para os rodoviários. Isso melhora a qualidade do transporte público, pois as pessoas que transportam 1,3 milhão de pessoas passam a ter condições de trabalho melhores. Tivemos avanço na acessibilidade. 96% da nossa frota tem equipamentos de acessibilidade. Tivemos um ganho ambiental, pois os ônibus que rodam atualmente em Salvador poluem 60% a menos do que poluíam antes do processo licitatório. São diversas ações que melhoraram o sistema de transporte público. Tá o ideal? Ainda não. Temos muito o que avançar. Acho que nós vamos avançar bastante com a questão do redesenho das linhas. Salvador tem 600 linhas de ônibus. Dessas 600, 300 transportam 60% da população. E, em alguns locais delas, ainda há um intervalo muito grande entre um ônibus e outro ônibus. Estamos concluindo um estudo que vai dizer para nós quais as linhas precisam reforçadas na cidade de Salvador. Quais também precisam ser seccionadas em razão do metrô, outro modal que está chegando. Não faz sentido ter linhas de ônibus concorrendo com o metrô, até porque o metrô é um transporte com outro nível de qualidade. Tudo isso vai permitir que, a partir do próximo ano, a gente comece a fazer as grandes intervenções. Nossa meta é começar as intervenções em 2017. Sabemos que é um trabalho árduo, de debate com a comunidade, explicar a integração. Hoje, temos um dos menores índices de integração do país, de 12%, enquanto em São Paulo 70% da população pega dois ônibus pra ir ao trabalho e, no Rio, 59%. A gente precisa da ajuda da população que use a integração. Hoje, a integração pode ser usada em qualquer ponto de ônibus, bastar ter o cartãozinho do Salvador Card. Isso veio para facilitar a vida do usuário de transporte público. A população precisa aderir a esta ação. Os grandes entraves dessa integração do bilhete único foram todos removidos. Quando entramos, tinham apenas três pontos de recarga do bilhete único. Hoje, temos mais de 60 pontos. Instalamos máquinas do Salvador Card nas prefeituras-bairro, campus de universidades, fizemos parcerias com farmácias, supermercados, tudo isso para facilitar a vida do usuário, fazer a integração para melhorar o sistema de transporte público na cidade.  
 
Você citou diversas formas que a prefeitura possui para verificar se o serviço de ônibus está sendo bem prestado. Só que, recentemente, a prefeitura anistiou mais de mil multas das empresas que prestam o serviço aqui. O usuário pode confiar que a fiscalização dá resultado?
Isso não procede. Foi uma afirmação irresponsável de um site que não faz o bom jornalismo. Estamos falando aqui de autos do transporte público, não de multas de trânsito. O que são os autos de transporte público? O transporte público, por estar sendo monitorado 24h, ele gera automaticamente os autos. Nesse caso, específico, nós, de 7 mil autos, 1,8 mil foram improcedentes. Os outros 4,2 mil foram procedentes. Os 1,8 mil não foram anistiados. Como é o procedimento? Temos hoje três juntas que julgam, que são funcionários públicos concursados, estáveis, que julgam as multas. Elas são feitas pelos agentes de transporte da cidade, são remetidas para as juntas, que dão o direito de defesa para as empresas se manifestarem. As empresas se manifestam e a cabe a junta fazer esse julgamento. Por exemplo, tinham ônibus na semana passada que não estavam subindo no fim de linha de Santa Cruz. Em outro episódio, os ônibus não foram ao fim de linha de Águas Claras, pois queimaram os ônibus. Em outra semana, os ônibus não foram em Valéria, porque houve manifestação. Todos esses episódios foram multados, porque há um sistema que multa automaticamente. Evidentemente, as concessionárias vão alegar que deixaram de ir no fim de linha de Santa Cruz, porque o local foi mudado em função de uma ação de segurança pública. Do início do contrato até agora, foram 60 mil autos feitos nas concessionárias. Deles, julgamos até o momento 7 mil autos. Deles, temos os números que já falamos.  
 
Ainda existem ônibus que não estão plotados de acordo com o padrão estabelecido pela prefeitura nas cores azul, amarela e verde. Por que ainda existem essas distorções?
A gente está no prazo ainda. O prazo contratual é de 28 meses. Até lá, toda frota precisa estar no padrão. Esse padrão facilita a vida do usuário e a fiscalização, distinguindo também os ônibus. Em Salvador, há 2.600 ônibus da cidade, do sistema Integra, e 300 micro-ônibus do sistema STEC, alimentadores desses ônibus do sistema Integra. Além disso, recebemos mais de mil ônibus metropolitanos, que são veículos em condição lastimável. Então, a população confundia muito o ônibus metropolitano com o municipal. Os metropolitanos não têm o “Domingo é meia”, não podem fazer integração para pegar dois ônibus em duas horas. Então, quando licitamos, nós padronizamos e ordenamos os ônibus municipais na cidade de Salvador. 80% da frota já está no padrão verde, azul e amarelo, e temos também 20% da frota que não está no padrão, mas tem que andar com o adesivo mostrando que é do sistema Integra. 
 
O regulamento operacional dos ônibus em Salvador fala que os coletivos precisam ter ventilação forçada. O que significa isso?
É aquela abertura no teto do ônibus, que funciona como um exaustor. É para tirar o calor de dentro do ônibus. 
 
A Semob marcou posição firme em relação ao funcionamento do Uber em Salvador, mas também prefere não revelar números sobre a quantidade de veículos apreendidos, por exemplo. Vocês entendem que essa proibição traz uma imagem negativa para a prefeitura?
Procuramos regulamentar todos os sistemas de transporte da cidade. Quando assumimos a prefeitura, você tinha o transporte turístico sem regulamentação; o táxi, que há vinte anos não tinha regulamentação; o serviço de ônibus da cidade, que não tinha licitação e nem regulamentação; e o transporte escolar, que regulamentamos recentemente. Nós entendemos que, a partir do momento que a prefeitura partiu para regulamentar, estipulou direitos e deveres, tanto para quem transporta quanto para quem está sendo transportado. Qualquer um desses sistemas regulamentados de Salvador, para rodar em Salvador, passa por vistorias. Vistorias para itens de segurança, respaldados por lei, questão da motorização e mecânica e pessoal do condutor. Diante disso, quero dizer o seguinte: o Uber não está enquadrado em nenhum desses sistemas regulamentados pela prefeitura de Salvador. Então, a prefeitura entende o Uber como sendo transporte clandestino. Não sabemos quem é o motorista do Uber, se aquele carro está nas condições exigidas pela legislação. Então, o combate não é ao Uber, mas sim ao transporte clandestino. 
 
A prefeitura e o governo têm diferentes propostas para a área de mobilidade em Salvador. Como estão as conversas entre as duas gestões para que os diferentes modais estejam integrados e atendam a cidade da melhor forma?
Tivemos reunião na semana retrasada com o governo do Estado com relação a integração com o metrô e o BRT. Tivemos reunião também sobre integração do metrô com os ônibus municipais. Isso está avançando. Já temos mais de 200 linhas integradas. Todas as linhas da Estação da Lapa e de Pirajá estão integradas. Agora, dentro de um prazo de 30 dias, vamos integrar todas as linhas que faltavam na Linha 1 da Estação Pirajá. Ou seja, aquelas linhas que passavam e não estavam integradas, até 30 de novembro, estarão todas integradas. A conversa é boa. Evidente que, tanto governo estadual e prefeitura, sempre buscando melhorar a qualidade do sistema de transporte público e da mobilidade para o usuário. Não há nenhum tipo de dificuldade do ponto de vista da conversa. Evidentemente que os debates e embates acontecem, que o governo estadual está muito preocupado em ter um sistema de integração completamente vinculado, de alimentação ao metrô, enquanto a prefeitura está preocupada em resguardar seu sistema de transporte público, de alimentar o metrô, mas entende que o metrô não consegue configurar 100% da cidade. 
 
Já existem conversas para tratar da integração entre ônibus e metrô ao longo da Avenida Paralela?
Conversamos semana retrasada sobre esse tema. Nós vamos integrar todos os ônibus da Linha 1 e, a partir de dezembro, voltamos a discutir a questão da integração da Linha 2. Existe uma discussão privada entre CCR e Setps, que é a tarifa. Não o valor da tarifa, mas a distribuição dela, com quem fica o maior valor e o segundo maior valor. O Setps contratou um estudo que deve ficar pronto até o dia 30 de novembro, e ele vai mostrar qual o impacto da integração, para, a partir de dezembro,  a gente começar a pensar na integração da Linha 2 do metrô. Temos as linhas estudadas e não vejo problema, assim que o metrô chegar na Rodoviária, de acontecer o que acontecer nas outras estações. Não dá pra fazer integração antes do metrô chegar. Todas as estações de metrô que foram chegando na cidade estão integradas. Não houve nenhuma dificuldade para se fazer esta integração. 
 
Há alguma previsão de se a Estação do Aeroporto e de Mussurunga estarão integradas?
Existe um contrato de programa assinado pelo governador e prefeito, que é claro ao tratar sobre a alimentação do metrô. Esse programa diz o seguinte: todos os ônibus metropolitanos vindos pela Linha Verde integrarão na Estação Mussurunga. Todos os ônibus que estiverem vindo pela BR integrarão em Pirajá ou no Acesso Norte. É só cumprir o contrato de programa que não teremos problema. Todas as vezes que inauguram uma estação de metrô, nós sentamos e fazemos a integração. Não tem dificuldade.