Pastor Sargento Isidório procura partido para ser candidato a prefeito em 2016 - 19/10/2015
Segundo deputado estadual mais votado da Bahia, em 2014, Pastor Sargento Isidório (Sem partido) ainda procura uma legenda se aninhar e dar o ponta pé no seu projeto de candidatura à prefeitura de Salvador, em 2016. “Agora é aguardar em Deus e depois no governador, que é meu líder político. Estou esperando ele chegar para definir o meu destino político”, afirmou, em entrevista ao Bahia Notícias. Polêmico, Isidório garante ter também um lado gestor, que sabe debater assuntos do dia-a-dia do cidadão e já prepara suas propostas para o pleito. “A gente faz isso para brincar. Mas a gente saber que a qualidade de vida das pessoas vai de mal a pior. A densidade demográfica está muito alta, as questões sócias se avolumam e aí saúde tem problema, segurança pública nem se fala”, apontou. Líder da Fundação Dr. Jesus, que cuida de pessoas com dependência química, Isidório não faz “corpo mole” para recuperar seus pacientes – mesmo que ele use métodos questionáveis. “Como é que vou ficar com a bíblia com o cara querendo meter a faca no outro? Eu tenho que ir para cima. Então, eu digo que se bater, vai apanhar, se matar vai morrer, se der facada, eu vou arrancar os ovos. Mesmo que seja um teatro, um método duro”, reconheceu.
A gente já começa com a questão da candidatura do senhor...Pré-candidatura.
Ok. Como está essa sua pré-candidatura? Ela é real, só está esperando uma legenda? Como está a formação?
A candidatura é mais real do que nunca, uma vez que eu tenho me esforçado para ser prefeito de Candeias ou São Francisco do Conde. O nosso trabalho com os dependentes químicos está lá, duas fazendas e um sítio. Eu não moro nem em São Francisco e nem em Cadeias, moro no hospital de dependentes. Agora, que eu transferi meu título e a justiça eleitoral meu direito de continuar deputado, mesmo sendo pré-candidato a prefeito da capital. Minha mãe também transferiu o título dela, minha primeira eleitora. Agora é aguardar em Deus e depois no governador, que é meu líder político. Estou esperando ele chegar para definir o meu destino político.
Tem alguma tendência para algum partido? Ficamos sabendo que o PTN pode ser o destino...
O PTN esteve na minha obra social, nos ofereceu acolhida. Outros partidos também nos ouviram. Falei até que se o PRB liberasse, fosse da base, eu poderia. Essa semana o Josias Gomes também esteve na nossa fundação, foi lá um tanto também para conversar sobre essa questão. Entra no páreo aí o Pros. O governador já entende que, por conta do meu jeito folclórico, polêmico, as pessoas que não me conhecem pensam que sou um palhaço o tempo todo, mas eu sei separar as coisas. Você tem que discutir saúde, infraestrutura, a vida das pessoas... você tem que ter um perfil. Então, como hoje estamos em crise, todo mundo sedentário, estressado, eu faço as pessoas rirem.
Então o senhor admite que existe um personagem público e o Isidório que é mais gestor, que trata de assuntos mais sérios, como saúde, educação, infraestrutura?
É verdade, existe os dois, mas são para o grande público. Se bem que até o rico, empresário, precisa rir. Agora, se quiser discutir política pública, a gente discuti. Eu dei uma entrevista e eu falava que levei o pessoal da fundação para o circo. Lá começaram a dançar e aí a minha mulher brincando, dizendo: “gostoso, gostoso”. Aí eu me desesperei. “Será que só ele é gostoso? E eu o tempo todo com você?”. Mas a gente faz de tudo para o pessoal da fundação não sair. Pois inventa saudade do pai – a maconha -, da mãe – a cocaína. Aí eu comecei a dançar lá, tirei camisa e minha mulher começou a gritar “gastoso, gastoso”. Enfim, a gente faz isso para brincar. Mas a gente saber que a qualidade de vida das pessoas vai de mal a pior. A densidade demográfica está muito alta, as questões sociais se avolumam e aí saúde tem problema, segurança pública nem se fala e são coisas que o apocalipse diz: não tem jeito. Pode ser o governo que for. O tecido social foi fragilizado por muito tempo. A corrupção está aí a muito tempo, só que explodiu agora, com transparência, e eu espero que todas as autoridades, todo mundo, aproveite este momento para passar nossa nação a limpo pelas nossas crianças. Eu já estou velho, já estou ficando com aquele negócio murcho. Então a gente tem que pensar para o que estão chegando.
Como pré-candidato a prefeito de Salvador, o senhor já tem algum projeto? Quais seriam as principais propostas da campanha e quais são os principais problemas da cidade?
Primeiro, mobilidade urbana. Você sabe que está uma “tranca-rua”. Você sai e não chega. Você que era para estar aqui para trabalhar, tem que chegar duas ou três horas antes para chegar. Salvador está toda obstruída. Aí você vem com as questões de segurança pública, que tem não tem como não discutir. Isso também faz parte dos lares, pois os pais têm que educar os filhos. Isso é falta de controle dentro de casa, quem tem que educar os filhos são os pais. Aí você vê droga na escola, pois os alunos – aliás, alunos, não, bandidos – batem nos professores, quebram as cadeiras... eu não posso chamar isso de aluno. O estudante é um patrimônio da nação. Você tem problema na área de saúde. Salvador, até hoje, não tem um hospital municipal. Tudo demanda do estado. Salvador vai ficar sem o hospital? E os PSF? Vai ficar sem telhado, pintando por fora? E a educação? Se você não tem creche, como você vai dar garantia aos pais para virar a vida? O que não falta no governo federal é dinheiro para construir creche, isso em plena crise. Eu não sou doutor, mas não precisa ser para se cercar de homem de bem. Para ser um bom prefeito você não pode roubar e nem deixar roubar e se cercar de pessoas de bem. Eu tenho duas escolas que estudei em Periperi, estão a mesma coisa desde quando saí. Uma sala de aula não foi construída. Eu já tenho 50 anos, como pode um município como Salvador ter escolas antigas – que deveriam ser ampliadas - no mesmo lugar? Salvador passa por uma necessidade de cuidar melhor das pessoas e tirar o excesso de impostos. O ISS, por exemplo, não é brinquedo. O IPTU não é brinquedo, você paga para estacionar no shopping, paga para morrer e agora está todo mundo lascados, pois nem cemitério tem.
O senhor tem a Fundação Dr. Jesus e teve uma votação destacada até por conta deste trabalho. Porém, a fundação foi alvo de críticas por conta da metodologia que o senhor usa lá para tratar pessoas com dependência química. Como o senhor viu isso e alguma coisa mudou na metodologia?
Não, continua cada vez pior. Você já ouviu dizer que para um doido outro? Então. Você já viu uma pessoa com crise de overdose, com um drogado dentro de casa, com um maconheiro dentro ou com um doido? Meu irmão, para um doido outro. Eu não tenho polícia. Eu moro lá com minha família. Qualquer pessoa pode ir lá e lá vai estar ou eu ou minha esposa. O cara chega lá dizendo que vai dar facada, a dona chega lá cortada de gilete, querendo cortar a outra de gilete. Quer dizer, chega lá querendo balançar o “cuião”. Eu já fui gay, vou ficar recebendo ovo na cara? Não tem jeito, mesmo que eu não vá fazer nada, como é que vou ficar com a bíblia com o cara querendo meter a faca no outro? Eu tenho que ir para cima com a energia necessária. Então, eu digo que se bater, vai apanhar, se matar vai morrer, se der facada, eu vou arrancar os ovos. Mesmo que seja um teatro, um método duro. Já fui visitado por ministro, por ONU, por Cremeb, por ministério público, por polícia e está lá aberto, funcionando tudo. Todos os dias eu interno de dez a 46 pessoas. Então, se eu batesse em alguém, você acha que eu estaria lá, morando com minha mãe? Você acha que um torturador vai morar com os torturados? Se você chegar lá, a primeira pessoa que você vai encontrar é minha mãe. Lá não tem cerca, não tem muro. É tudo um teatro. Josias [Gomes, secretário estadual de Relações Institucionais] tinha um pensamento contra mim, contra o meu trabalho. A superintendente de Direitos Humanos do estado esteve lá e viu que é tudo aberto. Minha residência oficial é no céu. Todo mundo já teve lá. As pessoas estão até preocupadas que o secretário de Desenvolvimento Social ainda não esteve lá. Está muito ocupado, coitado. Mas estou aguardando. Até o Tribunal de Contas dos Municípios, quer ir lá. O presidente do Tribunal de Justiça já foi lá. Agora, eu tenho dificuldade. Eu não posso deixar uma pessoa lá acordada 1h da manhã. A pessoa precisa de Jesus, depois alimento, carinho e dormir. Depois que o cabra troca a família pelas drogas, a partir daí, não se alimenta mais e vira o tal do saci. Muitos chegam lá em surtos. Então, eu tenho que dizer logo que sou pior do que eles, senão, eu deixo aquilo lá. Ou eu viro o demônio, para eles não virarem, ou eles acabam com aquilo lá. Você está perguntando dos métodos, lá temos a missionária Teresa, que é uma estaca de madeira de massaranduba. Às vezes o cara diz que vai beber meu sangue, então, ou ele vai pra Transilvânia... lá tem facão... se eu quisesse o mal deles, era pistola .40. Como deputado, poderia ter jagunço, mas não tenho. Porém, o Senhor diz que se você não guardar as pessoas, tudo isso é em vão.
O senhor tem noção de quantas pessoas já foram atendidas pela Fundação Dr. Jesus?
Olha, por lá já passou mais de 38 mil pessoas. Hoje, temos 1.182 pessoas, entre homens, mulheres e adolescentes. Até crianças de nove anos, com o dedo estourado de pedra e o nariz de pó. Tem uma menina de 10 anos lá, já foi abusada antes, e já diz que é mulher. Eu digo que não vou internar menor, mas o pai larga lá. Depois que deixa lá, eu vou jogar na BR? Não posso. Fica lá, dorme, janta, está respeitando as psicólogas, as assistentes sociais, quer participar dos nossos encontros, eu deixo. Para mim, menor é em casa, indo para a escola. O cara vai para as drogas, faz misérias, introduzir instrumentos na vagina das mulheres? Não tem conversa. Não vou tratar monstro como gente. Gente é gente, monstro é monstro. Independentemente da idade. Posso perder o mandato e até o pescoço.
O senhor propôs o dia do heterossexual e diz ser ex-gay. Não é um contrassenso?
O que é contrassenso? Eu me apresentar como ex-gay? A Bíblia diz que onde abundou o pecado, superabundou a graça de Deus. Graça é o contrário de desgraça. Quando eu era gay, eu estava na desgraça. Eu estava agachando, e eu não sou cachorro. Eu não tinha que fazer sexo com coliformes fecais. Eu sou macho, nasci com binga. Deus criou macho e fêmea. Agora, respeito todos que estão aí. Eu estava com a vida sem conhecer Jesus. Quem quer fazer seu sexo como quer, é um direito. A constituição dá cobertor para todo mundo. Conheço muitos gays e lésbicas e são até muito inteligentes. Deus é democrata. Quer? Vá. Agora, males existem. A Bíblia diz que alguns caminhos para os homens parecem perfeitos, mas o final é morte. A violência que você vê aí são os relacionamentos. Dizem que foi homofobia. Você pega o cara no meio da rua, leva ele para seu apartamento e esquece de pagar ou quer pagar menos e foi homofobia? Não, foi o relacionamento promíscuo. É diferente da mulher que tem sua parceira ou do homem que tem o seu parceiro. Violência, para mim, de forma nenhuma. Eu fui violentado muitas vezes na minha vida.
O senhor se considera homofóbico?
Jamais, homofóbico é quem bate, quem espanca, quem violenta. Faça uma visita na Fundação Dr. Jesus. Você vai ver lá que eu tenho uns 25 meninos alegres... é gay, o viado mesmo que eu estou falando. Você também tem umas 13 meninas alegres que gosta do negócio do sabão... de fazer o sabão. Estão dentro da minha casa. Então, imagine se um homofóbico que ter uns meninos que gostam de queimar a rodinha e uma meninas que pensam que têm binga? Homofóbico é quem faz o mal e isso está longe de mim. Eu sou evangélico, tenho as marcas da violência e não posso concordar com isso.
O senhor concorda com o casamento homoafetivo?
Eu convivo com o relacionamento. Casamento, para mim, é entre o homem e a mulher. Agora, sim, eu conheço o relacionamento nos melhores países e que não ficam se expondo. Dizendo que Salvador é gay, que a Bahia é gay. É como se todo mundo fosse ladrão. Imagine se todo mundo que está em uma prática pecaminosa repetisse isso.
Mas o Estado brasileiro é laico. O senhor não acha que os direitos deveriam ser cedidos mesmo que a igreja acredite que seja pecado?
Os direitos são uma coisa... olha, eu não posso concordar que de uma hora para outra vá transformar um homem com homem em família. Eu estou deputado, então tenho que respeitar todo mundo. Eu, como deputado, fui presidente da Comissão Afrodescendente. Tinha uma mãe de santo e uma equede me assessorando. Duas pessoas da matriz africana. Então, eu poderia ter tudo evangélico, mas não tem isso, eu não misturo as coisas. Eu não só legislo para evangélicos.
Há dois ou três anos o senhor deu entrevista ao Bahia Notícias e disse que, às vezes, a carne é fraca e que não dá espaço para tentação. De lá para cá, houve alguma tentação?
Você já ouviu aquele hino que diz: “Desde o dia em que aceitei Jesus, a minha vida se transformou. Desde o dia em que aceitei Jesus, a minha vida se transformou. Agora sou feliz, agora vivo bem, Jesus salvou a mim”. No dia que eu conheci Jesus, a minha vida mudou. E não tem que se encontre com Jesus que seja a mesma criatura. Madalena se prostituiu até o encontro com Jesus. Quando vieram os hipócritas querendo matar Madalena, eles estavam disputando a puta. Estavam com inveja, pois não eram eles que estavam no coito. E aí ele encontra Jesus e Jesus manda quem não tiver pecado atirar a primeira pedra. E Jesus diz a Madalena: vá e não peques mais. Eu disse aqui alguma coisa. Eu não ligo para o que a imprensa diz. Todo mundo faz o que quiser com meu furico, mas eu posso dizer que a Bíblia diz uma palavra assim: “fuja da aparência do mal”. Eu tenho que melhorar a qualidade de companheiros, tenho que andar com gente melhor. Se eu fui homossexual, é certo eu estar dentro do gabinete junto com um assessor homem? Não. Eu, graças a Deus, tenho convicção da minha libertação. Estou casado, tem vez que fazemos até três vezes à noite, até para recompensar. Você já viu aquele ditado de quem com porcos anda, farelo come? O bom de tudo é que quem nos conhece é Jesus.
Na última sessão que durou mais de 36h na AL-BA a gente viu que esconderam sua bíblia e botijão de gás. O senhor acha que não te levam a sério?
Não, todos me respeitam. O comediante é uma coisa, mas na hora de discutir a política do povo, eu sou sério. Eu tenho um linguajar para cada povo. São 36h sem trocar de cueca ou calçola. Aí tem os traquinos que esconderam a minha bíblia. Graham Bell inventou o telefone e disseram que ele era maluco, Thomas Edison inventou a lâmpada e também disseram isso, então todo mundo que inventa alguma coisa, fica meio maluco. Ainda mais eu que tenho cara de doido, mas Deus sabe do meu coração e da minha mente.