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Entrevista

Citado na Lava Jato, Eduardo Cunha diz que houve tentativa de prejudicá-lo na campanha pela Câmara - 13/01/2015

Por Fernando Duarte / Luiz Fernando Teixeira

Citado na Lava Jato, Eduardo Cunha diz que houve tentativa de prejudicá-lo na campanha pela Câmara - 13/01/2015
Foto: Bruna Castelo Branco / Bahia Notícias

Candidato à presidência da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PDMB) considera ter um perfil independente na busca por um Poder Legislativo distante do Palácio do Planalto, mas sem prejudicar a governabilidade. Sem deixar claras as suas propostas para tornar a Casa um espaço mais harmônico, Cunha acredita que o petista Arlindo Chinaglia tem poucas chances de surpreendê-lo na disputa, pois os deputados "não querem votar no PT". O parlamentar acredita que Júlio Delgado (PSB) tem mais chances de vitória do que Chinaglia, no momento. Apesar de ter sido mencionado nas investigações da Operação Lava Jato, o parlamentar creditou isso à uma tentativa de prejudicá-lo em benefício próprio. "Eu conheço o meu lugar", ainda declarou Cunha, afastando a possibilidade de alçar voos maiores nas eleições de 2018 em direção à Presidência da República.

Você é candidato contra Arlindo Chinaglia (PT) e Júlio Delgado (PSB). Qual o diferencial de Eduardo Cunha em relação aos concorrentes sobre as proposições?

O Júlio Delgado é uma candidatura de oposição, enquanto Chinaglia representa a submissão ao governo. Minha candidatura é a antítese das duas. Não seremos uma candidatura de oposição e jamais seremos submissos ao governo. Cada um está no seu campo definido. Uma submissa ao governo, outra de oposição e nós pela casa.

O senhor então é candidato pela independência dos poderes?
Pela independência com harmonia, como diz a constituição. Os poderes são independentes e harmônicos.

Como o senhor pretende defender essa harmonia e independência, visto que nos últimos anos há uma subjugação do Poder Legislativo frente ao Executivo?
Não estão cumprindo a constituição, ficaram só com a harmonia, sem independência.

Quais são as atitudes que o senhor pretende adotar pra que isso mude no cenário futuro?
Isso vai ser mudado pela própria percepção política, pela própria autoridade política que a gente vai ter na condição do processo. À medida que você coloca que a casa vai refletir a vontade da maioria do parlamento, refletir a sociedade, que a gente não vai fazer um puxadinho do Palácio nem submeter a não colocar em votação aquilo que o Palácio não quer, o que não quer dizer que não vamos votar aquilo que o governo precisa para manter a governabilidade, essa diferença vai ficar rapidamente explicitada. Vão se perceber com muita clareza isso.

O Palácio do Planalto tem medo da candidatura de Eduardo Cunha?
Não precisa ter. Se ele busca a cumprir a constituição que são os poderes independentes e harmônicos, ele não tem que temer. Se acha que pode prejudicar a governabilidade, ele pode ficar tranquilo que nós vamos garantir todo o apoio à governabilidade. Se eles tem receio que a presidência da Câmara se torne um palanque de oposição ou um terceiro turno eleitoral, pode ficar tranquilo que isso não vai acontecer.

O senhor tem apoio do PMDB e de outros partidos que compõem a chamada oposição ao governo...
(interrompendo) Não, eu tenho partidos da base do governo e partidos que fazem parte da oposição. Tenho Democratas e Solidariedade, que são oposição, e tenho PTB, PRB, PSC, outros pequenos partidos além de pessoas em vários outros partidos que fazem parte da base do governo. Então se a minha candidatura fosse de oposição não teria o apoio que nós temos e se fosse de submissão não teríamos apoio nenhum.

Seria então uma candidatura de coalizão?
Eu acho que é uma coalizão com a Casa e com a sociedade visando a busca, um resgate de suas autoridades, um resgate como poder.

Nos últimos dias, o senhor foi citado por acusações de envolvimento nas investigações da Operação Lava Jato...
(interrompendo de novo) Agora mesmo saiu no G1, que o advogado do Youssef deu uma declaração formal de que ele nunca licitou nem a mim nem ao senador [Antonio] Anastasia (PSDB-MG). Isso foi uma montagem, foi uma tentativa de constranger nossa candidatura e essa tentativa foi um tiro de festim na água, que quem plantou se de mal.

O senhor pode falar quem teria o objetivo de plantar?
Não posso falar se não tiver as contundentes provas, sem ter a certeza absoluta de todos os culpados. Não posso fazer com os outros aquilo que tentaram fazer comigo e atacar a honra de quem quer que seja. Só acho que pode se identificar a quem interessa o crime. Quando você faz uma investigação policial e quer descobrir o criminoso, você procura ver quem se beneficia. Quem seria o beneficiado na divulgação disso? É a pergunta que eu deixo.

Com relação às propostas que o senhor tem para a Câmara Federal, quais o senhor avalia como a grande prioridade?
A grande prioridade que Casa tem é a sua independência. Não há outra prioridade, todo o resto vai depender disso.

Um dos assuntos mais traumáticos para a Câmara Federal nos últimos tempos tem sido a questão da reforma política. O senhor já tem algum projeto ou algum plano sobre como debater esse assunto nevrálgico à sociedade brasileira?
A reforma política será uma prioridade absoluta e nós vamos pôr pra votar de qualquer forma, vamos ver de que maneira nós vamos votar, seja pegando projetos que estejam na pauta ou seja dando a dimensibilidade da proposta de emenda constitucional que o PT está obstruindo na CCJ há mais de sete meses, para que a gente possa através da proposta de emenda constitucional que tem todos os pontos que tem que ser debatidos de forma que possa ter continuidade nesse processo. Nós teremos que ter uma decisão que permita ao Senado apreciar pra já valer pra eleição de 2016. Pra isso esse projeto tem que estar pronto até setembro, então nós pretendemos rapidamente algumas medidas que podem impactar o custo das campanhas, diminuir o tempo das campanhas e tratar da forma das eleições. Portanto, eu acho fundamental que a gente faça isso com celeridade. A reforma tributária tem mais complexidade, por aquilo que afeta o pacto federativo e temos que tratar com a devida cautela. O momento econômico não ajuda, pois dividir pobreza é mais difícil do que dividir riqueza, então é preciso que a gente crie as condições e vai haver um esforço meu para que a condição seja criada.

Outra pauta de interesse nacional é a questão da regulação da mídia. O que o senhor pensa sobre isso?
Não deverá vir porque se depender do presidente da Câmara isso não será pautado, porque eu sou totalmente contrário à qualquer regulação de mídia, de qualquer natureza, seja de conteúdo ou econômica. Eu acho que é uma agressão à democracia falar de regulação de mídia. Quem defende está defendendo uma espécie de ideologia que nós não compactuamos no PMDB. Eu acredito que a maioria da Casa não compactua.

O senhor defendeu a questão do PMDB ter uma candidatura própria à presidência da República em 2018 e defendeu um dos nomes que seria do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes...
(interrompendo novamente) Não, eu sugeri como uma ideia que vocês me perguntaram, não necessariamente eu defendi a candidatura dele. Essas coisas tem que ter os dois lados. Eu falei um nome que poderia ser, que é o Eduardo Paes. Mas ele vai realizar as Olimpíadas e terá um ativo político pra poder mostrar em uma campanha eleitoral.

Com relação a 2014, ainda existe algum tipo de resíduo na relação do PMDB com Michel Temer, já que uma parte do PMDB preferia uma candidatura independente ao invés de ter uma vice de Dilma Rousseff?
Essa parte da discussão já está perfeitamente superada, já que nós acordamos que não impediríamos a candidatura à reeleição do Michel à vice-presidência, porque partes do PMDB apoio essa chapa na votação na eleição. Eu, por exemplo, fiquei neutro porque a bancada estava dividida e eu não queria sair da eleição líder de uma parte da bancada, e sim líder de toda bancada. Essa parte está superada, o que nós estamos discutindo agora é o futuro.

No PMDB, o senhor é atualmente líder da bancada, mas também há a eventual eleição para a presidência da Câmara. Há a hipótese de Lúcio Viera Lima assumir a bancada. Qual seria a dica que o senhor daria para um eventual futuro líder da bancada?
Em primeiro lugar o cargo ainda não está vago. Só vou discutir esse assunto depois que o cargo ficar vago e pro cargo ficar vago tem que haver a eleição e eu me eleger. Depois disso vamos discutir esse assunto, Lúcio é um excelente nome, assim como outros da bancada. Então nós vamos ter uma discussão pra bancada escolher aquele que entender melhor o planejado.

O senhor está circulando por alguns estados do Brasil e a Bahia tem 39 votos. Logo após o senhor dizer que vem pra Bahia, o adversário Arlindo Chinaglia também anunciou que vai passar pelo estado. Como está a articulação junto à bancada? O senhor tem a maioria na Bahia?
Eu não tenho a pretensão de dizer que eu tenho a maioria ou a minoria. Eu tenho pretensão de continuar humildemente pedindo os meus votos, não só na Bahia mas em qualquer estado do Brasil. Até o dia 1º de fevereiro às 18h, estarei na fila pedindo o voto de cada um. O resultado vai depender da apuração, eleição só se define depois da apuração. A minha candidatura tem sido muito bem recebida, acho muito improvável um resultado contrário porque a casa não quer votar no PT, com relação ao mesmo partido que está no Poder Executivo. Acho que hoje o deputado Chinaglia está com uma candidatura inferior à de Júlio Delgado. Hoje ele seria o terceiro lugar, então é preciso que a gente espere. Cada um vai fazer sua campanha, é até bom que ele visite os 27 estados porque eu estou viajando há 45 dias. É bom que ele faça essa viagem e conheça um pouco de Brasil, porque ele já foi presidente da Câmara, e naquele momento ele não fez isso.

Na questão das hipóteses, caso o senhor venha a ser eleito, o presidente da Câmara eventualmente pode vir a substituir a presidência da República...
(interrompendo) Não existe isso...

O senhor pensa em ser candidato em 2018?
Não. Eu tenho a noção do meu tamanho. Acho que na vida política tem que se viver a cada momento. Não nos cabe fazer qualquer tipo de previsão, estou vivendo esse momento. Quando fui líder do PMDB não ambicionava essa disputa que está acontecendo neste momento, nem que fosse candidato à reeleição de deputado. Eu acho que cada dia tem o seu momento. Não vivo disso.