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Entrevista

Marcelo Nilo assume campanha para ser pela 5ª vez presidente da AL-BA e fala sobre relação com Rui - 27/10/2014

Por Fernando Duarte / Lucas Cunha / Luana Ribeiro

Marcelo Nilo assume campanha para ser pela 5ª vez presidente da AL-BA e fala sobre relação com Rui - 27/10/2014
Fotos: Cláudia Cardozo/ Bahia Notícias
Após o término das eleições para o segundo turno, começa nos bastidores a disputa para saber quem assume a presidência da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA). E quem já aparece como candidato à reeleição ao cargo é Marcelo Nilo (PDT), eleito para o seu sétimo mandato como deputado estadual, pela segunda vez o mais votado do estado, com 148.690 votos. Em entrevista ao Bahia Notícias, Nilo assume seu início de campanha para ser pela quinta vez presidente da AL-BA, fala sobre suas relações com o atual e o futuro governador do estado, e diz que todas as melhorias recentes na Bahia “passaram por sua caneta”. ”Uma coisa que eu me orgulho muito é que tudo que ocorreu de positivo na Bahia tem a tinta da minha caneta. Se o governador fez uma estrada, passou pela assembleia. Se fez um centro tecnológico ou posto de saúde também”. Leia a entrevista completa.
 


Começando pela sua candidatura à presidência da Assembleia. O senhor acha que dessa vez terá uma concorrência maior pela questão da alternância?
Terminou a eleição de segundo turno, começa a sucessão na Assembleia. Eu só serei candidato se for consenso. Parlamentar quatro vezes presidente, tendo 62 votos em 63 existentes, fica ruim politicamente e pessoalmente entrar em uma disputa para um quinto mandato sem consenso. Agora, o consenso não significa unanimidade, significa uma maioria absoluta esmagadora. Se realmente os pares quiserem e eu sentir que realmente que quase a unanimidade quer, colocarei meu nome mais uma vez. Quis ser governador, não criei as condições objetivas. Quis ser vice, mesmo me considerando politicamente com as condições para sê-lo, não quiseram. Agora, se os pares quiserem, colocarei o meu nome se for consenso.
 
Na última quinta-feira (23), houve certa tensão entre o senhor e o deputado Rosemberg Pinto (PT), que falou sobre a questão de alternância na direção da Assembleia. O senhor o provocou dizendo que quem gosta de alternância votou em Paulo Souto e Aécio. Como o senhor vislumbra essas críticas sobre a questão da alternância de poder?
Primeiro que eu acho que alternância de poder é positiva. Mas se o deputado pode ser reeleito "n" vezes, e a constituição permite isso, se o presidente tem vontade e os pares e o povo da Bahia concorda... Fui o deputado estadual mais bem votado sendo presidente. O deputado Rosemberg fala em alternância de poder, mas só em parte. Se ele defende isso, ele votou com Aécio e Paulo Souto, que são alternâncias de poder? Quando Jaques Wagner ganhou em 2006 foi uma alternância. Mas o povo da Bahia aprovou o seu governo e continua o mesmo partido no poder, o que é natural e normal em um regime democrático. Se a constituição permite, qualquer um dos 63 deputados pode disputar (a presidência).
 
Entrando nessa questão do mandato, como deputado estadual mais votado, o senhor nunca pensou em galgar outros postos, como Câmara Federal e o Senado?
Quatro anos atrás, fui convidado para ser candidato a senador pelo candidato favorito que era Jaques Wagner. Não quis. Depois ele convidou Pinheiro. Eu quero ser governador ou deputado estadual. Não tenho interesse em ser deputado federal. Porque eu acho que desde o dia que cheguei na Assembleia, mesmo sendo deputado iniciante no plenário, sempre fui respeitado pelos pares. Eu sou o único deputado na história da Bahia que ficou 16 anos na oposição. Então eu conheço aquela casa dos dois lados. E conheço os companheiros. Inicialmente, pensava em ser governador e depois vice, não deu certo. Cheguei a imaginar ser secretário, se fosse convidado. Mas como os deputados, os novos e os velhos, estão me procurando... Vou citar aqui inúmeros que já foram lá no meu gabinete: Marcell Moraes, Targino Machado, Jurandy Oliveira, Adolfo Menezes, Nelson Leal, Pastor (Carlos) Ubaldino. Todos sugerindo que eu continuasse presidente. Se a constituição permite e o povo aprova o meu trabalho, eu acho que se for consenso, acho que vale a pena. Daqui a dois anos, vou ver no momento exato, o que é mais oportuno para o meu projeto e para a Bahia. 
 
Caso Rui faça um convite para alguma secretaria, você desiste da ideia de ser presidente da Assembleia?
Não, porque seria uma desconsideração com os pares. Eu inicialmente até pensei em não ser. Aliás, há seis meses, levei o projeto para acabar com a reeleição e naquele dia a maioria esmagadora pediu que não colocasse. Eu retirei. Hoje é diferente de ontem. Primeiro que eu não fui convidado, e se fosse acho que não é o meu pensamento.
 
Mesmo caso seja uma secretaria de peso, que o senhor pudesse dar uma contribuição...
Acho que eu ajudo mais a Bahia como presidente do que como secretário. Minha relação com Wagner é fraternal. Com Rui é uma relação muito próxima. Sou um deputado que ninguém duvida da minha lealdade e gratidão ao governador Wagner. E me dou muito bem com os deputados de oposição, porque eu respeito o deputado do DEM na mesma proporção que respeito o deputado do PT. Trato todos iguais. Afinal de contas lá é proporcional. No executivo, quem ganhou leva tudo. Lá não, todos são iguais. Tem os mesmos direitos e deveres. Rui ganhou e vai nomear todos os secretários. Paulo Souto não nomeia nada. Lá os parlamentares participam da vida parlamentar com o mesmo direito e dever. Consequentemente se os pares querem, eu diria que é até desconsideração com eles que me aprovaram durante esses oito anos.
 
O senhor falou sobre a relação com Wagner e Rui. Os adversários de Rui dizem que ele não é uma pessoa tão "republicana", não é tão diplomático. A relação que Wagner tem com a assembleia terá diferença para a relação que Rui vai estabelecer? Quais diferenças seriam essas? 
Disse a Rui Costa depois da eleição que ele foi a maior surpresa positiva que tive na vida. Ele massacrou o adversário no debate. Nos momentos difíceis, ele chegou para a militância e disse: "vou ganhar no primeiro turno". Estava com o discurso muito próximo da realidade baiana e mostrou conhecimento do nosso estado. Jaques Wagner é o maior republicano que eu conheci na vida, até republicano demais pro meu gosto. O Rui, só depois do dia primeiro é que eu vou saber. Porque Rui Costa é um e Wagner é outro. São parceiros, companheiros, mas com estilos diferentes. Mas realmente Rui foi um candidato carismático, apaixonado pela luta política, mostrou conhecimento da Bahia com um discurso muito coerente. Como candidato, pra mim foi nota 10. Agora como governador, só a partir do dia 1º.
 
O senhor tem alguma expectativa que sua relação com Rui será tão próxima quanto foi com Wagner? 
Olha, eu sou muito mais próximo de Wagner do que de Rui. Com Wagner, eu converso três, quatro vezes por dia. Com Rui, eu converso menos. Eu gosto muito do Rui Costa e ele sabe disso. Quando ele me procurou naquela crise, ele me telefonou e disse que gostaria de tomar um café lá em casa. Todo mundo sabe que eu fui convidado por ACM Neto para ser candidato a senador. Naquele mesmo dia Rui Costa me telefonou. Quando ele tomou um café comigo, ele me perguntou como seria minha posição política. Eu disse: "meu voto, você tem. Sobre meu apoio, vamos sentar aqui". Política não é só amizade. Porque se fosse por amizade eu seria o vice, não é verdade? Política também é força política, relações pessoais também, mas principalmente força política. Aí nós sentamos, negociamos, e eu o apoiei. Uma coisa é meu voto, que ele teria sob qualquer circunstância. Agora, meu apoio político, nós negociamos. (O que negociamos), só sabemos eu, ele e o atual governador.
 
A presidência da Assembleia Legislativa entrou nessa negociação? Porque esse posto é colocado como uma quarta vaga na chapa, o próprio Wagner já falou disso...
Não negociei a presidência nem com Rui nem com Wagner, porque seria uma indelicadeza com meus companheiros da Assembleia. O que negociamos foi participação no governo, o que é normal e natural. Porque no governo de Jaques Wagner, eu só vim a ter uma diretoria indicada por mim pessoalmente no final do governo, que foi a diretoria administrativa da Embasa. Eu nunca tive, indicado por mim, nenhum secretário nem nenhum presidente de empresa. Disse a Rui que, desta vez, gostaria de uma participação no governo. Agora, a presidência da Assembleia não negociamos.
 
Não é um contrasenso essa negociação por espaços no governo por integrantes do Poder Legislativo, que é um poder independente do Poder Executivo?
A participação no governo não significa cargos. Não falei cargos. Eu jamais sentaria com o governador para negociar cargos. Não fiz isso com Wagner nem farei com Rui. Falo em participação no governo. Como cidadão e como deputado, sou liderado por Jaques Wagner. Agora, quando eu sento na cadeira como presidente da Assembleia, exerço meu papel com muita independência e harmonia. O que eu disse foi uma participação no governo, o que não quer dizer que sejam cargos. Eu nunca pedi cargo ao governador Jaques Wagner. A diretoria que eu indiquei na Embasa foi ele que me pediu. Ele que insistiu tanto que eu acabei levando um nome. O que negociei com Rui foi participação no governo, como tinha com Wagner. Era ouvido, a primeira pessoa que viajava com ele na relação do helicóptero e do avião era o presidente da Assembleia. Isso porque o vice não pode viajar no mesmo e helicóptero que o governador, é proibido. Eu visitei 400 municípios com Jaques Wagner. Estão faltando só 22. Como presidente da Assembleia, ao mesmo tempo em que eu via as obras, eu também fiscalizava. A função do parlamentar é fiscalizar o executivo e elaborar as leis. Quando eu viajava com o governador, eu exercia o meu mandato como deputado, estava estudando e conhecendo os problemas da Bahia, e também estava fiscalizando. E lhe digo mais: pra mim, foi o maior governador da Bahia em termos de obras.
 
Essas visitas com Wagner facilitaram para que o senhor fosse o deputado mais votado da Bahia, mais uma vez?
Claro. Quando você chega no interior com o governador, as pessoas veem que você tem uma relação próxima. Sou o deputado pela segunda vez consecutiva mais votado da Bahia por alguns fatores: primeiro, por coerência, e segundo por determinação. No avião e no helicóptero, conversava com ele os pleitos e as demandas principalmente das pessoas do interior do estado.
 
Além da questão da presidência, como o senhor avalia o seu desempenho como parlamentar? 
Antes de ser presidente, eu fui o deputado que mais discursou na Assembleia. Repito, o único deputado na história da Bahia que ficou 16 anos na oposição. 
 
Targino diz que vai te passar...
Mas, por enquanto, ainda sou eu. Tenho três prioridades na minha gestão. Primeiro: fazer um poder independente. Nunca na história da Bahia os deputados de oposição tiveram tanto espaço como tiveram na minha gestão. Geralmente, só se vota projeto do executivo negociado com a oposição. Quando eu era deputado de oposição, você olhava para o retrovisor e não conseguia nem uma vírgula de um projeto do executivo. Não conseguia mudar nem um erro de português. Na nossa gestão, com apoio do governador Wagner, vamos ser muito claros que ele realmente deixou que a assembleia fosse independente, nunca na história da Bahia a Assembleia indicou conselheiro. Gildásio Penedo foi indicado da base da Assembleia. Segundo, abrimos a casa para todos os movimentos sociais da Bahia. Negros, homossexuais, mulheres, índios, empresários, os sem-terra. Todos tiveram visibilidade procurando a Assembleia. Eram recebidos com as portas abertas. Vocês sabem que antigamente eles não conseguiam nem passar da portaria. Terceiro: edição dos livros. Nós editamos e reeditamos 150 livros de pessoas que fizeram história na Bahia. Então nós fizemos uma política junto com a cultura. Um grande homem é feito de ideias e de livros. Então as ideias são frutos de você ser político. E os livros frutos de sua leitura. Esses três fatos marcam minha gestão: os livros, abrir a casa para o povo e fazer um poder realmente independente, agora harmônico, sem que o governo interferisse, com a oposição com seu direito de ser minoritário.
 
Além da presidência, tem proposições suas que o senhor poderia destacar e que o senhor pretende propor, enquanto deputado, para o seu próximo mandato?
Como deputado, quando era oposição, não conseguia aprovar nenhum projeto porque a oposição não tinha direitos. Apresentava, mas não passava. Nós éramos 16 e eles 46. Um deputado de oposição não tinha condição política de exercer o seu mandato. Só que eu saí direto de deputado de oposição para ser presidente. Eu não tive um intervalo, participando da maioria, para aprovar os meus projetos. Agora, como presidente, coordenei diversos projetos. A lei do nepotismo até segundo grau em todos os poderes. Acabamos com os 14º e 15º salários dos deputados, fizemos a lei da ficha limpa para o servidor. Todos estes três projetos eram inéditos no país, nós que levamos para outros parlamentos. Eu como presidente sou o único deputado que não posso apresentar projeto. Uma coisa que eu me orgulho muito é que tudo que ocorreu de positivo na Bahia tem a tinta da minha caneta. Se o governador fez uma estrada, passou pela assembleia. Se fez um centro tecnológico ou posto de saúde também. Porque o orçamento quem aprova é a Assembleia. E quem envia é minha assinatura para o governo do estado. O que o governador Jaques Wagner fez: ele recebeu 83% das estradas intransitáveis e recuperou 80%, recebeu uma única universidade federal, hoje temos seis, e construiu um hospital em Salvador que tinha 20 anos que não tinha sido nada construído, alfabetizou mais de um milhão de baianos através do programa TOPA, entregou 140 mil casas populares, tudo isso passou pela Assembleia Legislativa. Então eu tenho orgulho em dizer que tudo que ocorreu de positivo passou pelo poder legislativo.
 
O senhor prevê uma dificuldade maior ou menor na aprovação de projetos com a chegada dos novos deputados na Assembleia?
A oposição, que se encerra agora, era muito aguerrida. Tínhamos uma base do governo muito consolidada com uma oposição aguerrida. Em tese, a oposição tinha 16 e o governo 46. Esta próxima gestão eu acredito, pelo o que eu sinto na casa, o governo terá em torno de 18 na oposição. Só o tempo dirá se será tão aguerrida quanto foi na passada. Tem deputados novos que estão chegando, como Prisco, o deputado Luciano Ribeiro, de Caculé, Hildécio Meireles, lá de Cairu. São parlamentares que só o tempo dirão se serão tão aguerridos quanto foram Gaban, Heraldo Rocha, Paulo Azi, Elmar Nascimento. Todos estes foram deputados aguerridos. 
 
Durante todo o processo eleitoral, a Babesp fez diversas pesquisas que acabaram confirmadas nas urnas. Durante todo o processo, Marcelo Nilo negava ser proprietário ou sócio da Babesp. Mas assim que encerrou a eleição, o senhor comemorou que "minha Babesp" acertou o resultado das urnas. Afinal, a Babesp tem alguma participação de Marcelo Nilo? Por que as pesquisas da Babesp são mais baratas que as demais pesquisas de mercado e por que não houve uma pesquisa nacional no segundo turno?
A Babesp não tem nenhuma participação de Marcelo Nilo. É de um amigo meu. Ela foi iniciada vinte anos atrás, informalmente. Todo ano, nós fazemos informalmente. Só para você ter uma ideia, uma vez em um sábado, na véspera da eleição, eu disse que 39.780 e dei escrito para Jutahy Magalhães na véspera. Salve engano, eu tive no dia seguinte 39.776, errei por quatro votos. A partir dali, a Babesp começou se consolidar. Ela foi para São Paulo fazer pesquisa para [José] Serra quando foi candidato a prefeito daquela cidade. Ela começou a acertar demais. E aí, nós resolvemos sugerir ao presidente da Babesp que a oficializasse. E ela começou a ser publicada. E começou a acertar. Minha relação com Jaques Wagner em 2006 começou pela Babesp. Porque foi o primeiro instituto que disse que ele ganharia. Só que naquela época não era oficial. Então fruto de tanto acertar, nós começamos a registrar. E a Babesp disse, e eu botei no Twitter, três dias antes das eleições, que eu teria 150.117 votos. Tive 148.690, errei por 0,9%. Ela é de um amigo meu, só que ela está acertando demais. A própria presidente Dilma pediu a Jaques Wagner para a Bapesp fazer a pesquisa no Ceará e no Rio Grande do Norte nessa campanha. Só que a Babesp não tem estrutura para isso. Agora, daqui a quatro anos eu já sugeri ao presidente da Babesp que faça pesquisa nacional. Porque ela feita com seriedade, não tem como dar errado. Porque você vê alguns institutos se desmoralizarem? Tá aí o Veritá, o Census. Dizendo que Aécio tem 18% na frente, enquanto Dilma tinha 6% segundo o Datafolha? Se é feito com seriedade, feito dentro dos critérios, a Babesp talvez seja o instituto que tenha o maior critério em termos de itens. Você tem escolaridade, sexo, classe econômica, idade. Se você bota dentro desses critérios, a pesquisa vai dar certo. Agora, a Babesp não é minha, de um amigo meu, e como vocês da imprensa começaram a chamar de DataNilo, eu começava a levar na brincadeira. Mas ela acerta. Acho que daqui a dois anos ela vai ficar muito consolidada no cenário político baiano, e daqui a quatro anos quero ver se o diretor leva para se consolidar a nível nacional.