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Marca Bahia Notícias

Notícia

Em palestra, presidente da Fundação Baía Viva defende progresso atrelado à preservação 

Por Jamile Amine

Em palestra, presidente da Fundação Baía Viva defende progresso atrelado à preservação 
Foto: Reprodução / Youtube

Em palestra ministrada na última quarta-feira (2) durante a 11ª edição do Fórum de Sustentabilidade ADEMI-BA - Exportando Salvador, que este ano foi realizado em formato virtual, a presidente da Fundação Baía Viva, Isabela Suarez, comentou os impactos positivos do desenvolvimento econômico no turismo das ilhas dos Frades e Bom Jesus dos Passos, situadas na Baía de Todos os Santos.

 

Desde 2012 à frente da fundação, Isabela destacou em sua fala as contribuições da instituição com ações para resgatar o que ela chama de "bom turismo" na região e expressou o desejo de “deixar uma semente” para uma reflexão, que, segundo ela, tem sido uma “bússola” nos 20 anos de existência da Baía Viva: a ideia de que “o desenvolvimento econômico aplicado a partir de um bom planejamento pode perfeitamente conciliar a ideia de progresso e preservação”. 

 

Antes de elencar os projetos específicos desenvolvidos pela fundação na Baía de Todos os Santos, a presidente salientou o projeto como “um dos mais transformadores” na região, não apenas pelo investimento econômico - segundo ela, a Baía Viva  é a organização social que mais investiu na região -, mas “sobretudo na melhoria da qualidade de vida das pessoas e no equilíbrio dessas relações socioambientais tão desgastadas em função da situação de subdesenvolvimento”.

 


Isabela Suarez está à frente da Fundação desde 2012 | Foto: Reprodução / Youtube

 

Neste sentido, Isabela Suarez apontou como uma das soluções viáveis a atividade vocacional da região, que é o turismo, pois além da beleza natural é possível explorar a riqueza cultural e histórica do local, “palco dos principais acontecimentos que marcaram o período colonial da construção do nosso país”, além de ser a  maior baía marítima do país e segunda maior do mundo.

 

Isabela, que é também advogada, empresária do setor imobiliário e coordenadora do Núcleo de Sustentabilidade da Associação Comercial da Bahia, resgatou em sua fala também o desordenamento ocorrido no século XX, que estancou o crescimento vocacional e auto sustentável da Baía de Todos os Santos, posteriormente retomado pela fundação. 

 

“Foi com muita indignação e muito espírito público que em 1999 nós nascemos, portanto aí 21 anos de existência. Nós somos regidos com o macro objetivo de contribuir com ações concretas e recursos próprios para a revitalização das relações socioambientais de um dos cartões postais mais representativos da Bahia e do Brasil”, pontuou Suarez.

 

ILHA DOS FRADES

Em 2001, a organização social criou um plano de revitalização das ilhas e entorno, tendo como norte o desenvolvimento econômico aliado à preservação ambiental. Isabela explicou que o cartão de visita do projeto é a Ilha dos Frades, por uma série de características favoráveis, com destaque para a facilidade de acesso. Ela lembrou que de barco, a partir de qualquer terminal de Salvador, o turista não navega mais de 40 minutos para chegar ao local, enquanto que por via terrestre a viagem não leva mais que 50 minutos. Outro ponto positivo citado por ela é o nível de preservação do bioma, por conta da baixa densidade populacional, já que ela abriga aproximadamente 1800 habitantes.

 

Outro ponto forte de Ilha dos Frades apontados é a riqueza do patrimônio histórico, visto que abriga duas igrejas coloniais: a capela de Nossa Senhora de Guadalupe, na praia da Ponta de Nossa Senhora, e a capela de Nossa Senhora do Loreto, na fazenda Loreto. Ambos edifícios históricos foram recuperados através de ações da Fundação Baía Viva. “O restauro desses equipamentos pode nos colocar diante de uma possibilidade real de competitividade comparado a outros destinos, já que quando se fala de belezas naturais e infraestrutura, o Brasil encontra muita concorrência mundo afora”, defende Isabela Suarez, apontando um diferencial da Baía de Todos os Santos.

 


Vista aérea da Capela de Nossa Senhora de Guadalupe | Foto: Reprodução / Youtube

 

"Em Ilha dos Frades duas situações foram desenvolvidas paralelamente. Na localidade da Capela do Loreto nós tivemos a ideia de implementar um cerimonial de eventos, com o objetivo de reverter toda a renda arrecadada a partir do aluguel deste espaço, para a manutenção da centenária capela”, explicou Isabela Suarez, lembrando que ao contactar o cerimonial, está vinculada a contratação de mão de obra local. 

 

Ela pontua também que a revitalização não se deu apenas na área externa da capela, mas avançou para melhorar a acessibilidade do local, através da construção de um pier em anexo, evitando que o piso frontal da capela pudesse ceder com o impacto dos barcos no atracadouro. Ela relatou que o acervo da Fazenda Loreto também foi recuperado.

 

Além disso, outra realização da Baía Viva é o Centro de Memória da Ilha dos Frades, uma espécie de museu ilustrado, que segundo a dirigente da instituição “conta um pouco da história da ocupação da ilha, passando por todas as marcas do tempo, fazendo recortes também nos aspectos culturais, econômicos e ecológicos”. O espaço é aberto ao público, mediante agendamento prévio.

 

Já do outro lado da ilha, na praia de Ponta de Nossa Senhora, Isabela detalha que a requalificação não se restringiu apenas à capela, mas alcançou vários equipamentos públicos, desde áreas como acessibilidade, requalificação de vias, instalações sanitárias e elétricas. Através de uma ação da fundação, ela conta que boa parte dos permissionários que ocupavam ilegalmente a faixa de praia foram transferidos para áreas privadas, “com restaurantes melhor equipados e montados com a capacidade de oferecer um conforto maior para o visitante”.

 

"Todo esse trabalho que sempre teve como premissa básica fortalecer a vocação turística do lugar, através de vias sustentáveis, rendeu a conquista da certificação Bandeira Azul, um programa importantíssimo de distinção ambiental, talvez o mais importante do mundo”, comemorou Suarez. “E a Ponta de Nossa Senhora foi a primeira praia do Norte e Nordeste a conquistar esse selo e essa distinção. Foi um ganho enorme não só para o local, mas também para a comunidade, já que esse destino foi automaticamente inserido nos roteiros internacionais de praia sustentável e com uma gestão ambiental adequada", destacou. Na última semana, a certificação foi renovada pela sexta vez pela Foundation for Environmental Education (FEE), referente à temporada 2020/2021.

 


Bandeira foi hasteada no sábado (5) | Foto: Reprodução


BOM JESUS DOS PASSOS

Já a Ilha de Bom Jesus dos Passos, com 2067 habitantes e menos áreas verdes, segundo a presidente da Baía Viva, passou por fortalecimento de setor de serviços e reativação de atividades náuticas, que sempre foram tradicionais na região, mas por conta do desordenamento o segmento ficou precarizado. “Nós projetamos a revitalização em duas áreas que estavam bastante decadentes, a área Sul e a área Leste da ilha”, explica Isabela Suarez.

 

Segundo a dirigente, três intervenções “fizeram toda diferença”: a construção de um pequeno estaleiro para recuperação e fabricação de barcos em fibra e madeira, impactando na criação de empregos e renda; a requalificação de terminal hidroviário, conhecido como Terminal do Birito, com recuperação de atracadouro e uma nova área para comércio de lanches e artesanato; e a ativação do Terminal do Brito, na área Leste, que ganhou Marina Seca, restaurantes e lojas de artesanato.

 


Estaleiro para recuperação e fabricação de barcos | Foto: Reprodução / Facebook

 

POTENCIAL

Destacando o potencial de desenvolvimento, para além da Ilha dos Frades e Bom Jesus dos Passos, ela lembrou de outros pontos da região, que apesar da ausência de investimentos públicos para a preservação do patrimônio, podem atrair o turismo. Dentre os edifícios históricos citados por Isabela estão o Convento de Santo Antônio, datado de 1700 e situado no município de Cachoeira; a fachada do que resta da Escola Imperial, primeira escola agrotécnica do Brasil, inaugurada por Dom Pedro II. Segundo Suarez, ela esteve em funcionamento de 1877 até 1930, e está localizada no município de São Bento das Lages e também pertencente a São Francisco do Conde. O Engenho Cajaíba, na Ilha de Cajaíba, que foi cenário da novela da Globo, Velho Chico, também foi outro edifício lembrado, além do Engenho Freguesia, localizado no distrito de Caboto, em Candeias, que hoje passa por intervenção do governo do Estado através do Prodetur, e abriga o Museu do Recôncavo Wanderley Pinho.