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Marca Bahia Notícias

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Em Milão há 30 anos, artista vive incertezas e adaptações para divulgar a cultura baiana 

Por Jamile Amine

Em Milão há 30 anos, artista vive incertezas e adaptações para divulgar a cultura baiana 
Foto: Clara Luna

Residente na Itália há 30 anos, o ator, cantor, compositor e percussionista baiano Kal dos Santos passa por um momento ímpar em sua trajetória. Ele, que vive em Milão, cidade localizada no epicentro da pandemia do novo coronavírus no país, viu seus projetos voltados para a difusão da cultura afrobrasileira serem paralisados, desde 22 de fevereiro, quando as autoridades impuseram a necessidade do rígido isolamento social. 

 

Idealizado por Kal há quase duas décadas, o tradicional do Arrastão di Yemanjá (clique aqui e saiba mais),  por exemplo, teve sua 19ª edição cancelada. No lugar do cortejo que este ano percorreria as ruas de Milão em maio, ele lançou um material em audiovisual para homenagear a orixá. “Tivemos que cancelar, mas fiz um vídeo interessante. Queria fazer uma espécie de videoclipe, um documentário com a história do Arrastão, com depoimento de cada um que participa ou participou”, conta o artista, que agora aguarda o desenrolar dos fatos para confirmar ou abortar a realização da edição do Arrastão na cidade de Bari,  no sul da Itália. O evento, que acontece há cerca de oito anos, está programado para setembro.

 

Confira o vídeo Arrastão de Yemanja - Edição em tempo de Covid:

 

Outro projeto cultural, tocado pelo baiano há seis anos em Milão, o Carnaval também foi impactado pela pandemia.”Eu o pessoal do meu grupo Toc Toc tínhamos preparado um espetáculo para o Carnaval, inclusive com a participação de outro grupo que participo, o Choro da Madunina, íamos fazer todo mundo junto. Estávamos com tudo ensaiado, tudo feito, inclusive as fantasias, mas suspenderam todas as atividades. Foi uma tristeza”, lembra Kal dos Santos.

 

O músico teve também paralisada a turnê “L’Amazonia Non è Verdi”, com a qual circulava há um ano na Europa. “Tínhamos a turnê, fizemos um ano e tínhamos um monte de datas ainda para fazer, mas dançaram. A sorte é que tínhamos um contrato e recebemos uma grana de uma associação de direitos de intérpretes”, conta o artista.

 

Neste momento de pausa, a único projeto que Kal conseguiu manter - com uma série de adequações - foi o trabalho com o Spazio Arteducazione Milano, que é uma espécie de sucursal do Projeto Axé, na Itália. “São seis anos que está funcionando e estávamos com tudo para continuar, e aí aconteceu essa coisa. Nós preparamos um grupo de meninos, são imigrantes que vem sem família, sem nada e que ficam em comunidades que abrigam. Nós fazemos atividades artísticas de teatro, artes gráficas, cenografia, percussão, dança e também aulas de língua”, explica o baiano, que em meio à pandemia, passou a dar aulas virtualmente. “Quando aconteceu o isolamento foi uma loucura futurística. Trabalhar com os meninos que não falam o idioma foi difícil, depois da aula online eu estava morto. E sem ter o instrumento, fizemos laboratório com panelas, frigideiras, colher de pau... (risos)”, conta Kal, que neste projeto ensina percussão a meninos de países como Marrocos, Senegal, Índia, Sirilanka, Egito e China.