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Marca Bahia Notícias

Notícia

Dois espetáculos em um, ‘Afronte’ propõe discussão sobre identidade de 'bixa preta'

Por Jamile Amine

Dois espetáculos em um, ‘Afronte’ propõe discussão sobre identidade de 'bixa preta'
Foto: Mayara Ferrão / Divulgação

“Ancestralidade para qual identidade?”. A partir desta pergunta/mote, o espetáculo “Afronte” propõe uma reflexão sobre a interseccionalidade das discussões de gênero e raça, além da importância de preservar a memória e a construção histórica do que o diretor chama de “bixa preta”. Projeto de formatura de Thiago Romero em Direção Teatral pela Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia (Ufba), a montagem estreou nesta quinta-feira (7), na Casa Rosada, em Salvador, e segue em cartaz de quarta a sábado, até o dia 16 de fevereiro, sempre às 19h.


Thiago conta que, junto com o Teatro da Queda - plataforma que dirige há cerca de 10 anos na Bahia -, já trabalhava com pesquisa de gênero, estudando a representação e os dados históricos do homossexual em cena, mas foi em 2018 que decidiu se aprofundar também nas discussões de raça dentro do universo LGBT. “Ano passado eu lancei o ‘Madame Satã’, que já falava um pouco dessa relação entre gênero e raça. E a ideia do ‘Afronte’, então, é da gente na verdade entender como opera gênero e raça dentro dessas discussões, porque a gente tem muitas discussões sobre a homofobia, LGBTfobia, de racismo, mas pouco esses lugares se encontram”, explica.


O diretor destaca ainda a necessidade de que a sociedade entenda que o corpo negro LGBT tem um recorte muito específico. “Desde o ‘Madame Satã’, me interessam as narrativas das ‘bixas pretas’. O quanto de silenciamento as histórias que inter-relacionam gênero e raça ainda estão distantes da gente. A partir dessa necessidade, dessa interseccionalidade, eu fui percebendo quanto seria importante a gente perceber uma coisa que virou o mote da peça, que é uma ancestralidade ‘bixa preta’”, diz Thiago Romero, que busca evidenciar a existência de processos de silenciamento que fazem com que as narrativas das “bixas pretas” desapareçam. 

 


Na montagem, público poderá escolher por dois caminhos,  contemporâneo ou ritualístico | Foto: Mayara Ferrão / Divulgação 


A dramaturgia da montagem, que une duas peças em uma, convida o espectador a optar por dois caminhos, que ao final se encontram. “Acontecem simultaneamente. Ao chegar na bilheteria, ele [o espectador] vai poder escolher entre os dois percursos. Um é mais poético, mais lírico, que a gente acompanha a trajetória dos Quimbandas e se reconhece a partir desse grupo”, explica o diretor. Esta composição cênica traz os atores Teodoro, Diego Alcântara, Ricardo Andrade e Antônio Marcelo. O público poderá optar também por outro caminho, que segundo Thiago “parte da experiência da formação de um ‘Queerlombo’, formado por quatro ‘bixas pretas’”, interpretadas pelos atores Anderson Danttas, Diogo Teixeira, Igor Nascimento e Rafael Brito. “O ‘Afronte’ é exatamente isso. As pessoas têm a possibilidade de escolher entre o agora, o presente, que é um circuito; e a história dos Quimbandas, que na verdade foi esse grupo de negros trazidos ao Brasil por conta do tráfico negreiro e viveram aqui ainda nesse processo de resistência”, pontua, destacando que, ao final, o público é levado a refletir sobre como a história dos homossexuais negros é apagada.

 

SERVIÇO
O QUÊ:
“Afronte”
QUANDO: Quarta a sábado, 7 a 16 de fevereiro, às 19h
ONDE: Casa Rosada – Travessa dos Barris – Salvador (BA)
VALOR: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia)