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Marca Bahia Notícias

Notícia

‘Não basta registrar, tem que ter proteção’, defende pesquisadora de danças étnicas

Por Jamile Amine

‘Não basta registrar, tem que ter proteção’, defende pesquisadora de danças étnicas
Amélia Conrado em aula de dança | Foto: Divulgação
Professores da Universidade Federal da Bahia, Amélia Conrado e Ricardo Biriba se dedicam há 30 anos ao trabalho de pesquisa sobre danças étnicas brasileiras, e resolveram compartilhar este conhecimento através de uma aula aberta na próxima terça-feira (1º), no Centro Cultural Ensaio, em Salvador. A aula gratuita é uma prévia do projeto Tupã Guaçu, voltado para dançarinos, professores, arte-educadores ou mesmo adultos sem formação, e que contará ainda com classes de ballet clássico cubano, ministradas pela professora Raissa Biriba. As atividades, com a abordagem prática e teórica, serão sobre danças como Bumba-meu-Boi (Maranhão), Samba de Pareia e Reisado (Sergipe), Guerreiro (Alagoas), Frevo, Maracatu e Caboclinhos (Pernambuco), Blocos Afros e Nego Fugido (Bahia).
 
Tanto Amélia quanto Ricardo foram intensamente influenciados por Ariano Suassuna, há 30 anos.  “Ele foi um grande pesquisador, criou o Movimento Armorial, o Balé do Recife, deflagrando um olhar diferenciado da cultura popular. Essa foi nossa base de formação”, conta Conrado. “Tive a sorte de ter Ariano Suassuna como professor de estética na Universidade e devido a esse contato, comecei a criar um novo olhar para cultura brasileira, que de certa forma eu desconhecia”, lembra Biriba, afirmando ainda que poucos brasileiros conhecem a história cultural do país. Foi a partir desta lacuna, do desconhecimento, que a dupla partiu para os estudos de campo pelo Norte e Nordeste, e agora compartilha os saberes através do Tupã Guaçu.
 

Ricardo Biriba | Foto: Anderson Freire/Ascom/Uneb
 
“Essa empolgação toda para criar o curso agora vem de uma demanda muito grande de bailarinos e professores, que são carentes de ter conteúdo que trabalhem a cultura brasileira em sala de aula, principalmente ligada à afro brasileira e indígena. Como essas manifestações são muito criadas por nossa ancestralidade, então muitos têm procurado a gente porque queriam aprofundar conhecimentos”, diz Biriba, explicando que hoje o pensamento da arte se modificou. “Estamos muito voltados para o conhecimento local. Olhar para nossa história é o que nós queremos trabalhar, porque a partir desse pensamento é que vamos poder olhar para o mundo. Queremos levar para o público interessado conhecimento mais diversificado e o entendimento do que é a cultura brasileira”, propõe o professor.


Amélia Conrado destaca ainda que algumas manifestações artísticas tradicionais permanecem hoje como cultura de resistência. “Diante das dificuldades, com os impactos da sociedade contemporânea, é difícil manter tradições na comunidade. Mas elas resistem graças aos mestres que tentam sensibilizar os jovens das comunidades”, diz ela, acrescentando que “com a desatenção à herança e às memórias, elas correm risco”. Para a professora, há um esforço do Ministério da Cultura de fazer a salvaguarda, porém, as políticas públicas não vêm acompanhando. “Não basta registrar, tem que ter proteção e viabilidade”, afirma a pesquisadora, que atualmente vem acompanhando a região do Recôncavo baiano. “Por exemplo, naquela região do Acupe existiam muitos grupos de mandú, samba, mascarados e muitas manifestações que com o passar dos anos não vêm acontecendo. A gente vem pontuando na Bahia, mas como não há forma de proteção e colhimento, além de infraestrutura, os jovens não se interessam", finalizou. Os interessados podem encontrar mais informações sobre o Tupã Guaçu no site do projeto.