O Movimento Armorial completou, neste domingo (18), 50 anos de funda&ccedil;&atilde;o. Apresentado pela primeira vez pelo escritor e dramaturgo Ariano Suassuna ao Recife em 1970, ele foi resultante de pesquisas e de formula&ccedil;&atilde;o de um pensamento que buscou na tradi&ccedil;&atilde;o popular nordestina elementos para criar uma cultura erudita com origem brasileira.&nbsp;

&nbsp;

Na ocasi&atilde;o do lan&ccedil;amento, se apresentaram a Orquestra Armorial de C&acirc;mara e uma exposi&ccedil;&atilde;o de artes pl&aacute;sticas, com participa&ccedil;&atilde;o de artistas como Francisco Brennand, Manoel Arruda e Gilvan Samico, na Igreja de S&atilde;o Pedro dos Cl&eacute;rigos, na capital pernambucana.

&nbsp;

O projeto de desenvolvimento do movimento surgiu no Departamento de Extens&atilde;o Cultural da Universidade Federal de Pernambuco, onde Suassuna atuava. &quot;Ariano falava que a arte amorial precedeu o movimento. Ele j&aacute; vinha desenvolvendo esse pensamento h&aacute; muito tempo, desde quando era estudante na Faculdade de Direito. Ao deflagrar o movimento, ele queria apenas reunir artistas que pensavam como ele, que faziam da cultura popular uma fonte de pesquisa, para que pudessem juntos discutir e se apoiar&quot;, explica Carlos Newton Jr, professor, pesquisador e especialista na obra do artista paraibano em entrevista ao Jornal do Commercio.

&nbsp;

A ideia seria a de valorizar a cultura popular para que ela pudesse ser admirada e vista com outro olhar, assim, valorizando elementos como a xilogravura e a atua&ccedil;&atilde;o do romanceiro popular, por exemplo. O Movimento Armorial se espalhou para outras linguagens art&iacute;sticas, como a m&uacute;sica, o teatro, a dan&ccedil;a, as artes visuais e a literatura.&nbsp;

&nbsp;

Segundo Carlos Newton, o movimento continua pulsante nas cria&ccedil;&otilde;es de artistas e intelectuais que desenvolvem pesquisas a partir desse imagin&aacute;rio cultural popular celebrado por Ariano. &quot;Ele estabeleceu uma po&eacute;tica, um caminho, e todo mundo que ainda segue conscientemente esses princ&iacute;pios, os reavalia, com eles experimenta, est&aacute; fomentando o Movimento Armorial&quot;, enfatiza o pesquisador. &quot;A arte armorial desafia os estere&oacute;tipos que o Brasil ainda mant&eacute;m sobre o Nordeste. &Eacute; uma arte erudita feita a partir da cultura popular; n&atilde;o &eacute; comercial. Mescla os elementos das culturas origin&aacute;rias, ib&eacute;rica e africanas para construir uma arte brasileira&quot;.

&nbsp;

Para o artista visual Manuel Dantas Suassuna, filho de Ariano e de Z&eacute;lia de Andrade Lima Suassuna, seu pai desejava que o Brasil fosse armorial, com a valoriza&ccedil;&atilde;o da diversidade de cada regi&atilde;o do pa&iacute;s.

&nbsp;

&quot;Na vis&atilde;o dele, era preciso se aprofundar no Brasil, olhar para tudo que essa terra e seu povo produz, que &eacute; muito rico, com tantas manifesta&ccedil;&otilde;es como a literatura de cordel, a xilogravura, a m&uacute;sica de viola, rabeca, p&iacute;fano, que s&atilde;o elementos celebrados pelo armorial. Cada canto tem suas particularidades e, ao inv&eacute;s de querer uniformizar, a gente deveria celebrar o que faz cada lugar &uacute;nico. O que papai fez foi acender a centelha para essa import&acirc;ncia de se olhar para o Brasil e valorizar nossa cultura&quot;, conta.

&nbsp;

Dantas tem um trabalho influenciado pelos princ&iacute;pios armoriais e diz enxergar como um dos grandes legados do Movimento Armorial as Ilumiaras, que seriam espa&ccedil;os f&iacute;sicos (entre eles a Ja&uacute;na, na Fazenda Carna&uacute;ba, em Taper&oacute;a, a partir das indica&ccedil;&otilde;es do pr&oacute;prio Ariano) e simb&oacute;licos de celebra&ccedil;&atilde;o &agrave; arte e a cultura. &quot;Esses lugares celebram o pensamento que Ariano fomentou e eram lugares sagrados para ele. Ent&atilde;o, acredito que depois do encantamento de papai, estes s&atilde;o os principais s&iacute;mbolos do armorial agora. Acredito que estamos na fase das Ilumiaras e o que elas representam enquanto possibilidades de cria&ccedil;&atilde;o e de reflex&atilde;o para a cultura&quot;, enfatiza.

O autor de romance Ariano Suassuna completaria 90 anos nesta sexta-feira (16), e, embora ausente neste mundo, ele deixa um acervo in&eacute;dito, cheio de escritos.&nbsp;&quot;O Romance de Dom Pantero no Palco dos Pecadores&quot;, da editora Nova Fronteira, ser&aacute; divulgado no dia 9 de outubro deste ano. Ainda h&aacute; mais pe&ccedil;as de Suassuna a serem publicadas em 2018, &quot;O Desertor de Princesa&quot; (1958), uma esp&eacute;cie de reescrita de &quot;Cantam as Harpas de Si&atilde;o&quot;, al&eacute;m da com&eacute;dia, intitulada &quot;A Pedra do Reino&quot; e outras obras: &nbsp;&quot;Auto de Jo&atilde;o da Cruz&quot;, &quot;O Arco Desolado&quot;,&nbsp;&quot;As Conchabran&ccedil;as de Quaderna&quot;, &quot;O Desertor de Princesa&quot; e &quot;A Hist&oacute;ria de Amor de Romeu e Julieta&quot;. &nbsp;As obras ganhar&atilde;o tamb&eacute;m uma exposi&ccedil;&atilde;o itinerante, chamada de &quot;Ilumiara Ariano Suassuna&quot;.

<div id="cke_pastebin">
	O escritor paraibano Ariano Suassuna, que morreu em julho do ano passado, poder&aacute; batizar o Sistema Adutor do Paje&uacute;, um complexo de abastecimento de &aacute;gua que abastecer&aacute; 29 munic&iacute;pios de Pernambuco e da Para&iacute;ba. A iniciativa consta do Projeto de Lei do Senado 339/2015, de autoria do senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), e est&aacute; pronta para vota&ccedil;&atilde;o na Comiss&atilde;o de Educa&ccedil;&atilde;o, Cultura e Esporte (CE), onde ser&aacute; analisada em car&aacute;ter terminativo. O autor da proposta diz que a homenagem &eacute; justa, j&aacute; que abrange dois estados importantes na vida do romancista. A Para&iacute;ba, onde nasceu e Pernambuco, onde viveu maior parte de seus 87 anos. Se aprovado na comiss&atilde;o e n&atilde;o houver recursos para vota&ccedil;&atilde;o em Plen&aacute;rio, o projeto seguir&aacute; para an&aacute;lise da C&acirc;mara dos Deputados.</div>

Notícia

Infarto de Ariano Suassuna foi de pequena proporção, afirma boletim médico

Notícias Relacionadas

Fundado por Ariano Suassuna há 50 anos, Movimento Armorial continua influente

Obras inéditas de Ariano Suassuna vão ser lançadas em 2018

Ariano Suassuna pode dar nome a sistema de abastecimento de água