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Com presença de Caetano Veloso, artistas de Salvador lançam 'Manifesto Drag Power'

Por Bruno Leite

Com presença de Caetano Veloso, artistas de Salvador lançam 'Manifesto Drag Power'
Foto: Bruno Leite / Bahia Notícias

Coletivos, artistas e performers da cena cultural de Salvador lançaram, nesta terça-feira (14), o "Manifesto Drag Power - conexão, cena e movimento". A leitura do documento que norteia o movimento homônimo foi feita durante a abertura da temporada 2020 da Casa Ninja Bahia, no bairro do Rio Vermelho.

 

O Drag Power se intitula como uma "iniciativa de ativistas, produtoras e artistas, sobretudo drags, que tem por objetivo difundir informações a partir das diferentes linguagens". 

 

"Arte, cultura, comunicação e política conduzem a orientação das nossas atividades e ações, que passam pela tag #DragPower, com a divulgação de informações sobre discussões contemporâneas, pelo circuito de festas Drag Power, como forma de aglutinar as experiências de drags e performers na ocupação da noite soteropolitana e pelo Movimento Drag Power, que é a coletividade onde essas estratégias são pensadas e operadas", defende o texto.

 

Petra Perón, eleita como Miss Bahia Gay 2017, é uma das drag queens que assinam o manifesto, que segundo ela, foi abençoado pelo cantor Caetano Veloso - também presente no ato.

 


Caetano Veloso e Paula Lavigne estiveram no evento | Foto: Bruno Leite / Bahia Notícias

 

O texto ainda ressalta a participação da arte performática na música e a proximidade dela com discussões relacionadas ao combate à masculinidade tóxica e com a conscientização sobre diversidade sexual e de gênero. "Todas essas agendas e questões apontam uma nova centralidade de poder político na capital baiana", complementa.

 

Leia o manifesto na íntegra:

 

Manifesto Drag Power - conexão, cena e movimento 

 

O Movimento Drag Power é uma iniciativa de ativistas, produtoras e artistas, sobretudo drags, que tem por objetivo difundir informações a partir das diferentes linguagens. Arte, cultura, comunicação e política conduzem a orientação das nossas atividades e ações, que passam pela tag #DragPower, com a divulgação de informações sobre discussões contemporâneas, pelo circuito de festas Drag Power, como forma de aglutinar as experiências de drags e performers na ocupação da noite soteropolitana e pelo Movimento Drag Power, que é a coletividade onde essas estratégias são pensadas e operadas.

 

O poder drag (drag power) tem forjado uma potente conexão entre uma geração fervida em Salvador, mas não só aqui. A arte drag internacionalmente tem ganhado força entre a comunidade LGBTQI+ e héteras aliadas a partir do seriado Ru Paul’s Drag Race – que aproximou, mesmo que roteirizado, o cotidiano desta cena dos sofás de casa (ganhando adultos, jovens, adolescentes e crianças). Numa dimensão mais nacional Pabllo Vittar e Glória Groove têm cumprido bem esse papel de expoentes da música, sendo elas, quem diria, drags!

 

O Drag Power tem aproximado, por meio da festa, discussões sobre performatividades de gênero, combate a masculinidade tóxica, orientações sexuais, respeito às minas, etc. Todas essas agendas e questões apontam uma nova centralidade de poder político na capital baiana. Ou, nos termos da deputada estadual de São Paulo Érica Malunguinho: um novo marco civilizatório – construído a partir e por meio de uma cena festiva. Esse novo – e fervido – ponto de partida, precisa ser visto com olhos mais atentos. 

 

Ferver é mais do que jogar o corpo no mundo. É assumir, em diferentes graus de compromisso, um reconhecimento sobre a nova partida societária que nós precisamos investir enquanto cidadãs e cidadãos, preocupadas com os rumos que a nossa democracia tem tomado. Possibilitar um encontro geracional muito potente para mudar tudo que aí está colocado goela abaixo pela Nova Era fascista é também poder resistir! O Drag Power está aí e a partir deste manifesto estará ainda mais contornado, circulando e estruturando uma nova centralidade do poder, a partir das dimensões sexuais e de gênero, raciais e de classe. 

 

É chegada a hora de entender que festa, política e poder podem – e devem – caminhar juntas. Sobretudo se tiverem como objetivo proteger vidas e promover cidadania e direitos – atacados por governos autoritários como o que temos na condução da República do nosso país. O Drag Power é uma vanguarda desta nova etapa da nossa revolução sexual e de gênero. E, como diriam as irmãs negras: não tem mais volta!

 

Assinam este manifesto Eva Sattiva (Angela Carballal), Malayka SN, Towanda Verde Frita (Andressa Santalucia), Soddi (Solon Diego), Caco, KARMALEOA (Anna Louise Rabello), Rainha Loulou (Luiz Santana), Petra Perón (Rafael Pedral), Beatrice Papillon (Miguel Campelo), Vinicius Alves, Matheus Thierry, Alexandre Dias (Ela Vargas), Gilberto Bispo, Mary Jane Beck, Rosa Morena (Crisangelo Cerqueira), Spadina Banks, Ferah Sunshine, Bateu Uma Onda Forte, Clandestinas, Coletivo Drags da Prevenção, Casa Monxtra e a Terça Mais Estranha do Mundo, Coletivo Afrobapho, MANIFESTO Bruxaria, Festa Pão Com Ovo, Batekoo, Paulilo Paredão, Festa Shantay, Coletivo Bonecas Pretas e DICERQUEIRA.