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MAM fecha acesso a praia para 'conservar' museu, mas permite realização de festas

Por Bruno Leite

MAM fecha acesso a praia para 'conservar' museu, mas permite realização de festas
Foto: Reprodução / Lív Argolo

Reinaugurada em julho deste ano após obras no Solar do Unhão que custaram R$ 15 milhões aos cofres públicos estaduais, a área da praia do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA), na região da Gamboa de Baixo, em Salvador, está com o acesso fechado para visitantes, com um portão mantido trancado por seguranças.

 

De acordo com banhistas ouvidos pelo Bahia Notícias, as justificativas dos funcionários divergem e a única solução apresentada, de maneira informal, é a de recorrer ao serviço de barqueiros que fazem a travessia entre a praia vizinha, da Gamboa, até a faixa de areia da praia do MAM mediante o pagamento de uma taxa de R$ 5.

 


O portão da praia do MAM quando era aberto | Foto: Amanda Oliveira

 

"Fui à prainha do MAM no final de julho e me disseram que estava em reforma, tinha uma placa lá e tudo mais dizendo qual seria a data de reabertura. Depois dessa data, que seria a da reabertura, voltei lá novamente e o segurança disse que o acesso para a praia estava fechado. Ele não soube dizer o motivo, mas que não tinha nenhuma previsão de abrir", comentou o estudante Caíque Carvalho. 

 

Segundo Caíque, em uma nova visita ao local, um segurança de plantão contou que a proibição acontecia por conta de uma confusão entre um colaborador do museu e um banhista. 

 

Outro visitante foi o estudante de Geografia Gabriel de Oliveira que, durante férias da faculdade, foi até a praia, mas não passou do portão. "Fui impossibilitado de descer até lá porque, segundo o segurança, haviam ordens de superiores que o proibiam de abrir o portão. Ele me sugeriu, caso eu quisesse muito, que pagasse um barco para me levar até lá", relatou. Além da faixa de areia, a área em que o acesso para banhistas é vetado abriga diversas obras de arte, um espaço que é conhecido como "Parque das Esculturas".

 

Procurado pelo BN para falar sobre o fechamento do acesso ao local, o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac), que é responsável pela gestão do MAM, disse que a proibição está acontecendo devido a uma "incompatibilidade" de uso da faixa de areia em relação ao espaço cultural. 

 

Através de nota, o Ipac explicou que o problema foi constatado através de um diagnóstico feito durante o verão de 2018-2019. "Verificou-se a incompatibilidade de uso entre os frequentadores da prainha e do museu, uma vez que o museu é um lugar específico para determinadas atividades, como exposição e cinema, que são conflitantes com as atividades disponíveis na prainha", salientou o texto.

 

Conforme o órgão, o encerramento foi a maneira encontrada para que se procure "o melhor método para que os usuários de ambos os espaços possam exercer as duas atividades sem conflitos logísticos e estruturais". O instituto teria feito uma consulta à Advocacia Geral da União (AGU) sobre a possibilidade de controle, horários de abertura e fechamento, mas ainda aguarda uma resposta. A iniciativa de fechar estaria amparada na conservação e manutenção do museu.

 

Episódios como o uso do banheiro do museu para a troca de roupa e da pia para banho foram situações indicadas como motivações para que a medida de fechamento fosse tomada. "A ideia é que a prainha tenha estrutura própria com banheiros, chuveiro e serviços de bar para que esses banhistas tenham mais conforto e comodidade", finalizou o Ipac.


POSIÇÃO DOS ÓRGÃOS SOBRE A PROIBIÇÃO
Por se tratar de uma área de marinha, a reportagem buscou informações junto à Superintendência do Patrimônio da União na Bahia (SPU-BA), que disse estar "apurando os fatos ocorridos na praia da Gamboa e depende de conversa com todos os órgãos envolvidos para posteriormente elaborar um relatório sobre o assunto".

 

O Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) também foi procurado para se manifestar, mas não respondeu até o fechamento desta nota. A assessoria do MAM informou que a resposta caberia ao Ipac.


E OS SHOWS?
Apesar da alegação de danos à estrutura do museu,
construído há mais de 400 anos e tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 1943, o espaço é frequentemente utilizado para a realização de shows.

 


Ensaio de verão foi um dos 21 eventos no MAM | Foto: Divulgação

 

No último fim de semana, a área externa do museu foi palco de um festival que reuniu mais de 10 mil pessoas. Apenas esse ano, 21 shows foram realizados no local. De acordo com o Correio, alguns deles não tinham autorização do Iphan.

 

Em meio à polêmica, a banda Psirico desistiu de tocar no MAM, e mudou o local dos ensaios de verão para a Bahia Marina.