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Marca Bahia Notícias

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Ilê Aiyê torce por Concha Negra lotada para custear 3º dia no Carnaval 2020

Por Jamile Amine

Ilê Aiyê torce por Concha Negra lotada para custear 3º dia no Carnaval 2020
Foto: Divulgação

Pela segunda vez no Concha Negra, agora abrindo a edição 2019, o Ilê Aiyê sobe ao palco da Concha Acústica do Teatro Castro Alves, em Salvador, neste sábado (7), a partir das 18h30, com o show “Charme da Liberdade”. 


Na ocasião, a Band’ Aiyê repete a parceria com a cantora Daniela Mercury. Antes do show principal, no entanto, a noite contará com uma apresentação do Coletivo Afrobapho, formado por jovens negros e LGBTQI+.


Os convidados refletem a proposta do espetáculo, que tem como objetivo defender a diversidade e valorizar as histórias e estéticas negras. “Desde a fundação, o Ilê se preocupa com isso. Tanto que desde a fundação temos mulheres e homossexuais. A ideia sempre foi combater todos os tipos de discriminação, principalmente a questão racial”, explica Antônio Carlos dos Santos, Vovô, presidente do bloco afro. “As músicas do Ilê sempre são músicas de empoderamento, de defesa do povo, de resgate da autoestima. Então, o grande elemento transformador do Ilê é a música”, afirma.


Neste sentido, Vovô avalia que a verdadeira e mais eficiente revolução social se dá por meio da arte. “A gente consegue fazer essa transformação através da canção, com as letras, tanto as músicas tema quando as músicas poesia. A gente vai recontando a nossa história pela nossa ótica. E aí, em vez de marcar reuniões, discursos inflamados pra meia dúzia, um grupo pequeno, através da música você atinge um número bem maior, principalmente a juventude, as crianças, e isso vai formar pessoas melhores”, diz o presidente do Ilê.

 


Evento terá participação de Daniela Mercury | Divulgação


Além de servir de espaço para difundir a dança, música e história do bloco afro, o Concha Negra será também uma oportunidade para viabilizar financeiramente um melhor carnaval de 2020, já que, por falta de verba, o Ilê precisou diminuir sua participação na festa. “Nós cortamos um dia, por causa do custo mesmo. Só vamos sair no sábado e na segunda”, revela Vovô, destacando a falta de patrocínio via iniciativa privada. “Tem essa questão do empresário brasileiro antes de ser capitalista ser racista. Ele tem dificuldade de querer associar a marca dele, o produto dele ao povo negro”, critica, apontando como uma das poucas oportunidades recorrer ao financiamento público. “O pessoal tem algumas críticas ao Ouro Negro, mas ele é uma ferramenta que ainda funciona, que se não fosse o Ouro Negro, muitas organizações não iriam para a rua”, pondera o dirigente, em referência ao edital da Secretaria de Cultura da Bahia, que no último ano recebeu muitas críticas de proponentes desclassificados.


Apesar dos entraves, Vovô salientou que a agremiação segue na luta para reverter o quadro. “Estamos tentando vender o terceiro dia, pra sair sem corda. Se a gente conseguir através do governo, da prefeitura ou de alguma empresa aí, a gente bota o bloco só com o trio e a banda na rua pra sair tocando pro povo”, conta o dirigente do Ilê. “Estamos torcendo também e conclamando o público pra [comparecer] sábado agora com a Concha Negra, pra ver se a gente consegue lotar, que aí já é uma ajuda essa bilheteria”, destaca, revelando que o tema do carnaval já foi definido: “Vamos falar de Botsuana, um país emergente interessante”.

 


Vovô do Ilê comentou sobre a dificuldade de conseguir apoio para projetos voltados ao povo negro | Foto: Reprodução / Facebook

 

RACISMO NO BRASIL 
Em entrevista ao Bahia Notícias, Vovô comentou ainda sobre o atual cenário do país, diante de políticas públicas controversas do governo federal e nomeações de quadros como Sérgio Camargo para presidir a Fundação Palmares. Ele, que é negro, teve a nomeação suspensa pela Justiça por afirmar que a escravidão foi benéfica para os negros e negar a existência do racismo no Brasil (clique aqui e saiba mais).


Para o presidente do Ilê é necessário persistir na luta para combater a discriminação racial em um país dividido, onde “uma minoria não negra que dá as coordenadas” e alguns negros corroboram com o discurso do preconceito. “Mesmo com todos esses avanços que teve, trabalhos de conscientização, ainda tem muitos negros que ainda são reféns disso, que não acreditam no próprio negro, acham que o negro ainda é culpado, aí aparecem elementos como esse aí, esse presidente da Palmares que colocaram. Com as declarações dele, que é negro, de ministros, a gente vê que ainda tem muita coisa a ser feita”, avalia.

 

SERVIÇO
O QUÊ:
Concha Negra – Ilê Aiyê convida Daniela Mercury
QUANDO: Sábado, 7 de dezembro, às 18h30
ONDE: Concha Acústica do Teatro Castro Alves – Salvador (BA)
VALOR: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia)