Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies

Marca Bahia Notícias

Notícia

Espetáculo 'Escorpião' une teatro e cinema em suspense sobre traição e masculinidade tóxica

Por Jamile Amine

Espetáculo 'Escorpião' une teatro e cinema em suspense sobre traição e masculinidade tóxica
Foto: Giovani Rufino / Divulgação

A inserção do audiovisual no teatro, para além de um mero recurso cênico. Esta é a proposta de “Escorpião”, que estreia nesta quinta-feira (30), no Teatro Vila Velha, em Salvador. Com texto de Felipe Grego e direção de Marcus Lobo, a montagem é classificada como um “espetáculo estendido”, que não se encerra no palco. “O nosso jogo, na verdade, é da seguinte forma: o espetáculo é construído em formato cinematográfico. Durante a encenação a gente vai ter flashes desse filme, que as pessoas vão ter acesso após o final da peça. Então, quando termina, elas vão receber um QR code que dá acesso à continuidade. Elas vão assistir ao espetáculo e ficar com o final suspenso, digamos assim...”, explica o diretor. “Você sai e pode ter uma continuidade, que é um pouco do que acontece com as séries, com os episódios, que suspendem, termina naquele ápice, e aí, nossa, faltava alguma coisa. E então essa coisa que falta é o que a gente vai tentar mostrar através do filme pós-espetáculo”, detalha Lobo. 


A ideia de unir teatro e cinema veio do desejo de Marcus de pesquisar a sétima arte, e, sobretudo sua interação com os palcos. “Entendemos que são linguagens que podem ser complementares e que as artes cênicas estão dentro do cinema, mas o cinema não está muito no teatro. É essa brincadeira, de trazer esse encontro das duas linguagens em uma tentativa de apresentação juntas”, diz o diretor. “A proposta de fazer dessa forma é porque o texto que o Felipe Grego escreveu contém bastante narrativas. Traz, através da escrita, detalhes de um universo marginal, que é a noite paulista, principalmente. Traz esses amores que são escondidos, essas masculinidades escondidas. E aí quando eu li eu pensei: ‘pô, isso aqui daria uma ótima série!’. A gente pensou: ‘por que não misturar as duas linguagens?’. Então entrou o Coletivo Salva!, justamente trazendo essa linguagem de audiovisual, e o Ateliê Voador, mais ligado ao trabalho do ator mesmo, ao trabalho físico presente do ator. E aí a gente vai fazendo esse jogo de interação”, lembra Marcus Lobo. 

 


Conceito de vilão e mocinho se confunde na montagem | Foto: Giovani Rufino


O enredo será contado de forma intercalada entre cenas nas quais o elenco atua fisicamente, outras nas quais os atores interagem com os registros audiovisuais de suas memórias e, por fim, o complemento pós-espetáculo.  “O filme já foi gravado antes. Paralelamente ao processo de montagem do espetáculo a gente fez a gravação. Então, muitas memórias que os personagens falam em cena são vistas como flashbacks, como geralmente acontece nos filmes, pra mostrar um pouco o passado do personagem”, lembra Lobo. “No espetáculo a gente vai ver um flashback que aconteceu antes da peça começar, e quando ela termina, você começa a assistir ao filme que mostra um pouco das motivações que levaram os personagens a fazerem o que eles fazem na peça. Porque é um grande suspense, na verdade”, explica. 


Neste suspense em multiliguagem, o espectador acompanhará a história de Boris (Duda Woyda), Edu (Gleison Richelle) e Vera (Mariana Moreno), personagens cujas complexidades fogem à lógica maniqueísta do bem e do mal. “Começa com um assassinato, e aí um dos personagens é acusado. E o que acontece durante a encenação é um jogo suspenso, uma troca de poderes. Um personagem se sobressai como o vilão, e de repente o outro que a gente achava que era mocinho se torna o vilão”, explica o diretor, destacando que “são todos algozes e vítimas, digamos assim”. Marcus explica ainda que o formato – tanto a temática, quanto a linguagem – pretende atrair o público jovem, que se interessa pelas séries e pela estrutura contemporânea de interação.


O título do espetáculo, “Escorpião”, remete à fábula na qual um escorpião pede que um sapo o carregue nas costas para atravessar um rio, mas durante a travessia acaba picando e matando sua “carona”. Ao ser questionado, já que com a morte do sapo ele também estaria condenado a morrer, o escorpião diz ter ferroado porque aquela é sua natureza e que nada poderia fazer para mudar o destino. “Felipe Grego vem trazendo metáfora das pessoas que cometem traição na cadeia. O Boris matou uma pessoa, por motivo de traição. Ele descobriu tudo que interessava a ele, com relação àquela pessoa, e meio que dedurou para a polícia e aí foi tido como um traidor”, explica o diretor, destacando que a montagem discute também as naturezas violentas, “principalmente agora que a violência parece que está autorizada”.

 

SERVIÇO
O QUÊ:
Escorpião – espetáculo de teatro-filme
QUANDO: 30 de maio a 9 de junho. Quinta a sábado, às 20h e domingo, às 19h
ONDE: Teatro Vila Velha – Salvador (BA)
VALOR: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)