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'Precisamos nos preocupar menos com outros gêneros’, diz vocalista da Fulô de Mandacaru

Por Lara Teixeira

'Precisamos nos preocupar menos com outros gêneros’, diz vocalista da Fulô de Mandacaru
Foto: Priscila Melo / Bahia Notícias

A banda de forró Fulô de Mandacaru completa 17 anos de carreira em junho, mas tem na sua história um marco importante: o grupo venceu a terceira edição do programa SuperStar em 2016, o que ajudou o público a conhecer o trabalho que tem a cara do Nordeste. Em conversa com o Bahia Notícias, Armandinho do Acordeon revelou a felicidade que a banda sentiu ao ganhar o reality: “Participar de um reality já te dá uma visibilidade tremenda, e você ganhar um programa que tem um caráter de concurso de bandas, foi uma quebra de paradigmas no Brasil. Nunca o forró tinha ganhado nenhum reality no Brasil. Então para a Fulô de Mandacaru é uma honra, primeiro por ser nordestino. Nós somos uma banda que tem essa caracterização forte na nossa indumentária, e a gente observa que com o programa tivemos uma oportunidade para que os outros estados conhecessem a nossa banda”. Armandinho também explicou de que maneira eles abordam o tema em suas músicas: “A gente traz um recorte histórico, através das nossas canções, do que é o povo nordestino, isso através de uma linguagem moderna, jovem e estruturada. O forró não é o mesmo da década de 1960. A gente não precisa cantar mais só sobre a seca. Hoje o Nordeste é um polo econômico, tecnológico, educacional e principalmente cultural. A Fulô vem crescendo, com a vitória teve aquele grande 'boom', mas hoje vem sendo melhor ainda”.  O grupo irá lançar no final de abril um novo DVD chamado “Fulô de Mandacaru in concert” que foi gravado em Recife e conta com a participação de Elba Ramalho, Dorgival Dantas, entre outros. O integrante da banda revelou que a Fulô, antes do SuperStar, já tinha uma estrutura planejada e por isso eles conseguiam cantar com grandes artistas. Eles acreditam que as bandas de forró precisam se preparar para conseguir se destacar no Brasil, já que elas não são tão privilegiadas quanto outros gêneros musicais. “A Fulô consegue estar em shows estratégicos, de grande porte, porque a gente tem essa preocupação. Porém a gente não perde a nossa identidade cultural. Parece quase impossível, a gente dentro da Rede Globo em pleno século 21 ganhar um reality cantando forró, dizendo que é nordestino, e usando roupa de cangaceiro. Isso é muito difícil. A gente precisa se preocupar menos com os outros gêneros e focar no nosso. A gente pode ser polêmico defendendo o que é nosso, não precisando julgar o outro. Então cada um defenda o seu segmento e faça o seu trabalho”.

 


Fulô de Mandacaru em show | Foto: Divulgação

Perguntado se com a Lei da Zabumba - que determina que 60% das contratações feitas com o dinheiro público no São João precisam ser bandas típicas de forró - as festas irão se tornar menos diversificadas, Armandinho explica que o forró “raiz” precisa do seu espaço: “primeiro a gente precisa ver o que está sendo proposto. Quando pensamos em festejo junino estamos falando de promover um ato cultural. Cultura é um direito  social, e se o direito social é financiado pelo ente público ele precisa ter essa preocupação de o que está sendo pago, como está sendo pago, é um papel com fundamentação social. A Fulô é muito eclética nesse sentido, a gente tem uma relação muito boa com todos os gêneros do Brasil: samba, rock, sertanejo... mas nossa opinião é que no festejo junino é como já está dizendo, tem uma caracterização própria, as pessoas esperam por isso o ano todo. Eu acredito que tem espaço para todo mundo, tem que ouvir o público, é importante. Acreditamos em diversificar, o segredo está em quantificar essa diversidade, para que a minoria não se torne maioria no evento. A minha opinião é que os festejos juninos tenham por maioria a contratação de artistas públicos que sejam em defesa da cultura [do forró]”.

 

O cantor revelou ao BN que ainda esse mês o grupo deve lançar uma música composta por Jorge de Altinho, compositor da música “Petrolina-Juazeiro”. “O Jorge é um grande parceiro e grande artista. A gente tem o maior carinho por ele, que sempre nos ajudou ao longo da carreira, abraçou a Fulô, e hoje abriu o portão da Bahia também. Ele compôs essa música que fala sobre o São João da Bahia, ela está pronta. A gente vai lançar ainda esse mês. Já estamos pensando em fazer um clipe dela, que traz os costumes, as tradições, o povo baiano, e sobre esse São João que é grandioso. Não é só na capital Salvador, mas nas cidades da Bahia como um todo: Amargosa, Irecê, Conceição do Jacuípe, Feira de Santana estaremos passando e, pode ter certeza, vai ser uma das músicas mais executadas no São João da Bahia”. No dia 26 de maio, a banda irá se apresentar no Forró da Amizade, que será realizado no Armazém Hall. Armandinho falou que o grupo ficou muito surpreso com a repercussão nas redes sociais e comentou sobre o evento: “Para a gente é um evento conceito na cidade, tradição. Será muito bacana, porque Salvador abraçou a Fulô de Mandacaru. Fiquei impressionado com o carinho do público durante o Carnaval, e vir pra cá em uma festa pré junina é uma maravilha. Vai ser um esquenta para o São João. E um dia depois, no dia 27, nós estaremos em Queimadas, na Bahia, arrastando um bloco chamado "Arrastão do Gonzagão", que já está no sétimo ano, para mais de 7 mil pessoas na rua, em um trio elétrico. Então eu digo que o São João do Fulô vai começar aqui em Salvador”.