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Marca Bahia Notícias

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Em meio a homenagens, Cia Baiana de Patifaria remonta ‘As Noviças Rebeldes’ com Wolf Maya

Por Jamile Amine

Em meio a homenagens, Cia Baiana de Patifaria remonta ‘As Noviças Rebeldes’ com Wolf Maya
Foto: Genilson Coutinho

A primeira adaptação brasileira de “As Noviças Rebeldes”, do americano Dan Goggin, veio em 1987, com um elenco inteiramente feminino e dirigida por Wolf Maya. Em 1995, com o mesmo diretor, a Cia. Baiana de Patifaria levou aos palcos sua versão pioneira no país, interpretada apenas por homens, que veio a ser remontada em 2005. Após mais de duas décadas da primeira apresentação, a dobradinha se repete em uma nova temporada, que estreia neste fim de semana, no Teatro Isba, e segue em cartaz até 10 de setembro, em comemoração aos 30 anos da Cia. Baiana de Patifaria. “Ele [Wolf Maya] é o diretor da versão feminina, nos anos 1980. E aí quando a gente decidiu que queria montar esse texto, a gente entrou em contato, porque os direitos estavam com ele. E aí ele disse: olha eu não quero ceder os direitos não, eu quero dirigir a montagem”, lembra o ator Lelo Filho, criador da companhia, contando que na época, apesar de Maya estar muito atribulado com as gravações da novela “A Viagem”, a equipe conseguiu se organizar. “A gente meio que dividiu o tempo. Ele falou: ‘eu vou cuidar da novela e volto pra cá quando vocês estiverem prontos tecnicamente’. É uma peça que exige muita técnica do ator, porque tem canto, sapateado, as coreografias e os números musicais todos. Então, nos intervalos das gravações, a gente fazia maratonas de trabalho com ele para poder levantar o espetáculo. Na época foram cinco meses de ensaio”, explica.


Para a temporada comemorativa, o esquema se repete, mas em um período de ensaios ainda mais enxuto. “Essa nova montagem eu considero meio em tempo recorde, porque a gente remontou o espetáculo agora em apenas dois meses, com um elenco praticamente novo. Eu sou o único da formação original”, revela o artista, contando ter feito o convite para Wolf Maya em março deste ano e que o diretor “deu pulos de alegria”. O restante do elenco vem da renovação da Cia. Baiana de Patifaria, representada por Mário Bezerra, Marcos Barretto e Rodrigo Villa, e do jovem ator Lázaro Reinaldo, escalado após audições. Quem também integra a equipe é a cantora Manuela Rodrigues, convidada para um tributo a Sérgio Souto, que foi diretor musical das duas primeiras temporadas. “É uma trilha sonora que não foi feita para homens. A partitura musical é feita para vozes femininas, então tem toda uma adaptação que foi feita lá atrás”, explica Lelo Filho. “Ele foi meu primeiro mestre em termos de música e de canto, na minha primeira peça de teatro há 35 anos. Como ele já faleceu, na verdade ficou todo o material, a trilha sonora gravada, os arranjos, as divisões de vozes. Então, o que a gente fez foi trazer Manuela Rodrigues, que é nossa preparadora vocal e foi uma aluna de Sérgio também. E através de Manuela e de todo esse legado que ele deixou, a gente recuperou tudo”, acrescenta o artista.

 


Elenco da nova temporada tem Lelo Filho, Mário Bezerra, Marcos Barretto, Rodrigo Villa e Lázaro Reinaldo | Foto: Diney Araujo


Se por um lado o grupo tem uma base artística para facilitar a remontagem, por outro encontra-se desfalcado, após o incêndio que comprometeu parte do figurino e equipamentos da companhia (clique aqui e lembre). “Tem equipamento técnico nosso que foi perdido e a gente ainda não conseguiu reaver. E é uma negociação, uma burocracia gigantesca, a gente não entende muito. Nós, como uma companhia de teatro de pequeno porte, não temos um suporte de patrocínio que mantenha a companhia. A gente perdeu microfones que são exatamente os equipamento que mais precisa neste momento para a remontagem de ‘Noviças’”, diz Lelo, que faz um apelo para que o Teatro Sesc Casa do Comércio, local do incidente, resolva a pendência o mais breve possível. “Esse equipamento a gente tinha, mas ultimamente estou usando emprestados. A partir de hoje a gente vai ter que alugar, e é mais um custo para uma produção que já não tem patrocínio. E ‘As Noviças Rebeldes’ tem esse histórico de ter sido montada duas vezes com patrocínio, então, dessa vez é bem mais delicado”, argumenta o ator, destacando ainda como dificuldade a crise pela qual o passa o país. 


O momento é outro e o próprio enredo sofreu algumas adaptações para refletir a atualidade. O espetáculo “As Noviças Rebeldes” conta a história de cinco freiras que saem da Irmandade de Salue Marie para jorgar bingo em outro convento. Ao retornar, elas encontram outras 52 irmãs mortas, por botulismo, após terem tomado uma sopa feita com enlatados vencidos. O “drama” se dá quando elas descobrem que o dinheiro do caixa da Irmandade havia sido desfalcado pela Madre Superiora e que os recursos só dariam para o funeral de 48 freiras. Para resolver o problema elas decidem fazer um show beneficente para sepultar as outras quatro. “A gente tem novidades, a companhia sempre tem essa característica de renovar. O público nunca vê a mesma coisa”, diz Lelo Filho, explicando que nesta nova montagem, o rombo no caixa acontece porque a madre Gardênia decide comprar um iPhone 7 Plus. “Quando Wolf chegou, a gente estava ensaiando com a história de que a madre havia desfalcado o caixa do convento comprando uma TV 4k de última geração. E ele falou que isso é o sonho de consumo de algumas pessoas, mas que nem todo mundo sabe o que é. E aí ele disse: ‘mas Iphone 7 Plus prateado todo mundo, de certa forma, sonha com isso’”, lembra Lelo, revelando que o show beneficente desta temporada, no qual irmã Maria José faz diversas imitações, além das conhecidas homenagens a artistas da terra, como Daniela Mercury, Timbalada e Ivete Sangalo, haverá alguns novos nomes. “Nessa atualização a gente está trazendo Karol Conka e Anitta, vamos homenagear a música local, mas também a que está difundida pelo Brasil inteiro, o que está tocando no momento”, diz.

 

SERVIÇO
O QUÊ:
Noviças Rebeldes – Cia Baiana de Patifaria
QUANDO: 12 de agosto a 10 de setembro. sábados e domingos, às 20h
ONDE: Teatro ISBA - Av. Oceânica, 2717 – Ondina (71 4009-3622)
VALOR: R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia)