'Quando você tem representatividade, você encontra um espelho de você', afirma Liniker
Por Ailma Teixeira
Foto: Ailma Teixeira / Bahia Notícias
Com um EP, três músicas e quase dois milhões de visualizações no Youtube, Liniker e os Caramelows fazem sua estreia em Salvador nesta sexta-feira (22), com ingressos esgotados para o show na Praça Tereza Batista, no Pelourinho. É também a primeira vez que o jovem paulistano de 20 anos visita a capital baiana. “A gente veio até subindo pra rua, foi uma energia muito forte assim, porque tem essa coisa de falar sobre representatividade, chegar numa cidade onde eu sei que a maioria dos terreiros está aqui, a maioria dos negros está aqui, tudo começou aqui, eu estou até muito emocionado”, conta Liniker, em entrevista ao Bahia Notícias, pouco antes da passagem de som.

Liniker e Os Caramelows se uniram em fevereiro de 2015 para planejar o EP "Cru" | Foto: Leila P.
Mas não foi apenas por conta das canções de amor que esse jovem de Araraquara ficou conhecido no país. O canto é acompanhado por uma performance e discursos que lutam pela desconstrução de gênero. Sem interesse em se definir ou reconhecer como menino ou menina, Liniker defende o desejo de ser aquilo que quer quando quer. “Quando você tem representatividade, você realmente encontra um espelho de você. E aí eu lembro quando eu ganhei minha primeira saia, foi a sensação de liberdade, de ver que ali podia ser eu”, lembra. A artista conta se reconheceu dessa forma quando saiu de Araraquara e dividiu casa com uma amiga que também não se identifica com nenhum dos gêneros, em Santo André. “A partir do momento que eu estava feliz comigo, quem é a sociedade pra dizer que eu não posso? Quem é a sociedade pra dizer que eu preciso viver de um jeito padronizado, de um jeito que eu não me encaixaria, que não é de verdade, que meu coração não vibra?, questiona”. Assim, o músico abraçou sua identidade e decidiu que precisava levar essa mensagem para o projeto, se expressando como em seu cotidiano de resistência. “É uma corrida de sair da caixinha e minha roupa não determinar o que eu sinto”, ressalta.
