Com sede nas lajes, projeto busca mudar visão pejorativa das periferias de Salvador
Por Ailma Teixeira
Nascido e criado em Novos Alagados, na Cidade Baixa, o pesquisador sempre conviveu com o estigma da periferia enquanto centro de violência e a partir de uma pesquisa sobre violência, Ferreira Santos constatou que crianças e adolescentes ligados à marginalidade não tinham acesso à arte. "A ideia é trabalhar com símbolos novos porque quando você pensa em periferia, você não associa à cultura, a beleza, a elaboração estética. Então, a ideia é começar a dizer o contrario e o impacto que isso tem é que aquela criança que nasce já com um sentimento de negação encontra um espaço que possibilita outra narrativa de território e começa a ter uma percepção diferente de si".
Além de curador do projeto, Ferreira Santos mediará as palestras | Foto: Daniele Rodrigues
No sábado, o #OcupaLajes estreia com uma visita guiada pelo acervo e em seguida, os visitantes assistem para uma palestra sobre Introdução à História da Arte, mediada pelo próprio pesquisador. A palestra será ministrada na nova casa do acervo, também localizada no São João do Cabrito. Já no domingo (14), a programação segue com as oficinas de Grafite, ministrada por Gutemberg Solis, e de Máscaras, pelo cenógrafo Zaca Oliveira. "Não é a busca de estética e perfeição que a gente vai buscar nesse processo de construção, mas na integração dos meninos, de estar com eles fazendo uma coisa manual, não só despertando essa capacidade artística deles, mas também de socialização”, comenta Oliveira.
Para o cenógrafo, o mote do projeto não está na conclusão das peças, mas sim, no processo e convívio. "As oficinas são 100% práticas, mas a gente conversa, fala de escola, de futuro, de perspectivas, então eles saem muito melhores nesse processo e, sem dúvida, a arte educa. Às vezes aparecem talentos que a gente não está esperando, comentários que surpreendem", acrescentou. Oliveira também vai ministrar a oficina de mosaico, realizada em março.Até maio serão realizadas oito oficinas intercaladas com intervenções artísticas. Com o fim dessa fase do projeto, três lajes serão selecionadas para receber uma exposição itinerante. "A gente vai abrir um concurso aonde as pessoas vão dizer por que as lajes delas devem receber uma exposição artística e aí vai começar um processo de curadoria com essas famílias", explica Ferreira Santos. As lajes não necessariamente precisarão ser em bairros da periferia, mas aliar a beleza da cidade à riqueza de conteúdos artísticos. “Das lajes de Salvador, você tem as vistas mais bonitas”, exalta o curador.
Confira a agenda do projeto:
13 de fevereiro - Visita guiada ao Acervo da Laje e palestra sobre Introdução à História da Arte, mediada por José Eduardo Ferreira
14, 20, 21 e 27 de fevereiro - Oficinas de Grafite (Gutemberg Solis) e Máscaras (Zaca Oliveira)
28 de fevereiro - 1ª Intervenção Visual (Local: Acervo da Laje)
5 de março - Visita guiada ao Acervo da Laje e palestra sobre Introdução à História da Arte, mediada por José Eduardo Ferreira
12, 13, 19, 20 e 26 de março - Oficina de Mosaico (Zaca Oliveira) e Pintura em Tela (Natureza França)
27 de março - 2ª Intervenção Visual (Local: laje a definir)
mediada por José Eduardo Ferreira
9, 10, 16, 17 e 23 de abril - Oficinas de Arte em Metais (Ray Bahia) e Arte em Madeira (Índio)
24 de abril - 3ª Intervenção Visual (Local: laje a definir)
7 de maio - Visita guiada ao Acervo da Laje e palestra sobre Introdução à História da Arte,
mediada por José Eduardo Ferreira
14 e 15 de maio - Oficina de Potinhoterapia (Ivana Magalhães)
21, 22 e 28 de maio - Oficina de Pinhole (Camila Souza)
29 de maio - 4ª Intervenção Visual (Local: laje a definir)
4 a 21 de junho - Exposição Itinerante (Locais: três lajes a serem definidas)