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Marca Bahia Notícias

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Maternidade e parceria com Nuno Ramos marcam novo disco de Mariana Aydar

Por Jamile Amine

Maternidade e parceria com Nuno Ramos marcam novo disco de Mariana Aydar
Foto: Divulgação
A última vez que Mariana Aydar esteve em Salvador foi em agosto deste ano, para homenagear o axé no Globo de Ouro Palco Viva. Agora a artista retorna à cidade para apresentar o disco “Pedaço Duma Asa”, neste sábado (5), às 20h, no Teatro Sesc-Senac Pelourinho. O público baiano não recebia uma turnê da cantora paulista desde 2013, quando ela trouxe o show do CD “Cavaleiro Selvagem Aqui Te Sigo” (clique aqui e confira), com forte influência baiana: direção do maestro Letieres Leite e participações da Orquestra Rumpilez e de Tiganá Santana. Segundo a cantora, o novo trabalho também vem impregnado de baianidade. “Na verdade eu fiquei sem fazer disco esse tempo todo. ‘Cavaleiro Selvagem’ foi meu último disco e agora eu fiz o ‘Pedaço Duma Asa’, que também tem uma forte influência da Bahia, da percussão. O disco é feito basicamente com uma guitarra e três percussões, então realmente tem essa influência e aí agora a gente está voltando com a turnê. Assim, é um prazo normal dos meus discos, eu acho que dei esse tempo também por ter ficado grávida, ter tido a bebê, e às vezes, enfim, também não é tão fácil viajar”, explica a cantora sobre os dois anos sem tocar por aqui.

 

Mariana Aydar e o maestro baiano Letieres Leite durante show da turnê "Cavaleiro Selvagem Aqui Te Sigo"

O novo álbum tem 12 faixas, a maioria delas composições e parcerias com o artista plástico Nuno Ramos, que já havia sido gravado por Mariana em outras ocasiões, inclusive no “Cavaleiro Selvagem Aqui Te Sigo”, com a música “Porto”. “Na verdade este disco nasceu de um projeto que eu fiz aqui no Rio, que chama ‘Palavras Cruzadas’. É um cruzamento de diversos tipos de arte. Artes plásticas com música, cinema com música. E ai quando o curador, Marcio Debellian, me chamou para fazer e perguntou ‘você quer fazer com quem?’, logo eu pensei no Nuno. Logicamente pelo trabalho visual dele, mas principalmente pelo lado compositor que eu sempre fui apaixonada. Eu achei que era uma desculpa, na verdade, para eu mergulhar nesse universo dele. E aí depois que todas as músicas nasceram e eu fui para o palco eu falei ‘gente, acho que eu tenho um disco’. E ai gravamos o disco, por causa deste projeto mesmo. Eu fiquei muito feliz com o resultado do show e quis realmente registrar”, conta Mariana Aydar sobre o nascimento do “Pedaço Duma Asa”.
 
Segundo a artista, o processo até chegar ao repertório do CD foi de profunda simbiose, com o envolvimento dos dois artistas. “Ele compôs pra mim, a gente compôs juntos algumas coisas que acabaram nem entrando, mas foi realmente uma ligação. Acho que é um disco que eu dou voz às músicas do Nuno, e muito do meu jeito, né. Eu tive uma interpretação para cada música. Eu peguei aquelas músicas pra mim. Ele me mandou mais de 70 músicas e dentro de todas as escolhas que eu poderia ter, que são várias, ele me deixou muito livre para fazer a minha seleção. E a minha seleção foi basicamente afetiva, tinham músicas que eu já queria cantar faz tempo, e estavam gravadas pelo Romulo, outras que ele já tinha me mandado para os outros discos e eu adorava, e outras também que eu escolhi a partir do meu momento de vida, que era muito da maternidade”, lembra. O trabalho neste novo disco reflete a feminilidade e “essa coisa materna”, tanto no jeito de cantar, como nas letras das canções escolhidas para compor o repertório. “Tem muito isso em ‘Mamãe Papai’, 'Lá No Jardim de Sal Sem Mãe', a ‘Poeira’ mesmo é uma música que o Nuno fez para a mãe dele depois de morta. E foi louco isso. Ao mesmo tempo que ele perdeu a mãe, eu virei mãe. Então essa questão está bem envolvida”, conta a Mariana Aydar mãe de Brisa, nascida em 2013. 


Disco “Pedaço Duma Asa” nasceu da parceria entre Mariana Aydar e Nuno Ramos no projeto "Palavras Cruzadas" | Foto: Felipe Abe / Divulgação

Para a apresentação única em Salvador, neste sábado (5), a cantora vai apresentar suas interpretações para a arte de Nuno, expressa também em um cenário inusitado. “Quando a gente foi fazer o projeto, ele falou ‘Mari, a coisa mais legal que eu estou vendo neste momento é um saci, aqui no centro do Rio. Uma estátua viva, vamos atrás dele’. E ai a gente foi atrás desse cara, que é o Erinaldo, e realmente ele incorporou, ele é a alma do saci. Ele vem com a gente para Salvador, como o cenário do show”, revela a cantora. 

 
O "saci" Erinaldo estará em Salvador como cenário do show | Foto: Divulgação

Se a escolha do “cenário” dialoga ou não com o disco é uma questão complexa, mas existe uma lógica dentro do universo criativo do artista. “Olha, na verdade o que eu fui aprendendo também com ele, é que as coisas não necessariamente fazem sentido. Esta foi minha maior lição”, confessa Mariana. “Então, eu fui falar com o Nuno sobre o que queriam dizer as músicas depois delas já estarem gravadas e falei ‘então, Nuno, Barulho Feio fala de uma mulher independente, da, da, da...’, daí ele falou, ‘Mari, não fala de nada disso, fala de uma tristeza. Não fala de nada especificamente, assim’. E eu, ‘como assim, Nuno? Eu dei interpretação a todas elas, todas têm um sentido pra mim’. E, enfim, eu também tenho meu sentido do saci, mas não sei se é o do Nuno. Eu acho que é um disco muito brasileiro contemporâneo, assim, de samba. É um disco onde a alma do samba está, mas a roupa dele é totalmente diferente. E eu acho que o saci traz esse mistério brasileiro também, sabe, de você poder misturar tudo, de você colocar tudo no mesmo balaio, naquele chapéu do saci, onde tem todos os segredos. Mas isso é a minha interpretação, se você falar com o Nuno ele provavelmente vai dizer que não significa nada”, diz Mariana Aydar, divertindo-se com a brincadeira dos sentidos. Quando a cantora voltará a se apresentar na capital baiana também é um mistério, mas segundo ela “se pudesse, tocava toda semana em Salvador. O público de Salvador não tem igual”.


Serviço
O QUÊ: Show de Mariana Aydar – “Pedaço duma Asa”
QUANDO: Sábado, 5 de dezembro, às 20h
ONDE: Teatro Sesc-Senac Pelourinho
QUANTO: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia)