‘Cada pedaço do meu corpo tem a marca da Bahia’, diz Moska antes de shows em Salvador
Por Jamile Amine
Foto: Divulgação
Paulinho Moska deu uma pausa na turnê “Moska Violoz – Paulinho, Violões & Voz”, que já circula pelo Brasil, para realizar quatro shows na Caixa Cultural, em Salvador, neste sábado (21) e no domingo (22), dentro do projeto Palco Brasil. “Não será o show da minha turnê, porque esse projeto é muito específico. É um formato que eu adoro também, que é de talk show”, diz o artista, que trará três dos cinco violões utilizados na Violoz e reduzirá de 1h30 para 1h de apresentação, intercalando o repertório musical e o diálogo com o público. “Tem menos canções porque a ideia é conversar um pouco, contar um pouco do que acredito. Eu escrevo canções há 20 anos, vai ser maravilhoso poder falar sobre as ideias das minhas músicas, contar alguma história de como elas apareceram. Vai ser uma apresentação de humor e reflexão, vou contar algumas histórias bem curiosas e engraçadas, porque eu não sou uma pessoa pesada, então é um show divertido, mas vou chamar atenção também para o que eu considero que é a verdade que está por trás do que eu escrevo, afirmar as minhas opções”, explica.

Cantor apresenta show intimista e bate-papo com público em Salvador neste fim de semana
O cantor não poderia estar mais confortável com o formato, já que além dos versos das canções, lida muito bem com a prosa de uma conversa descontraída. “Eu já fiz outros shows assim, no início da minha carreira fiz um projeto em mais de 40 faculdades do Rio de Janeiro e São Paulo, justamente desta maneira. Tocava algumas músicas e falava bastante com os jovens. Eu gosto e estou acostumado com isso. A oralidade também é uma prática minha. Gosto de entrevista, gosto do papo, da ideia, do diálogo, de aprender com o outro”, revela Moska, que diz estar muito estimulado com o projeto. “Os baianos vão curtir um show muito diferente do que eu estou fazendo. Vou estar muito feliz em poder dividir com todo mundo as minhas ideias”, afirma o cantor que há uma década está à frente do programa de entrevistas Zoombido (Canal Brasil), no qual dialoga com outros tantos artistas e pode exercitar o diálogo através da música. “Não resta dúvidas de que em 10 anos entrando em contato direto com mais de 260 compositores de música popular eu tenha aprendido a admirar diferenças, não só de estilos musicais, mas humanas. É uma experiência fantástica, que só me levou a me tornar mais humano, mais admirador das diferenças, e um pouco catalizador disso, e é isso que eu vou tentar fazer em Salvador também”, conta.
“As coisas humanas estão mais importantes pra mim que a própria música, ultimamente”, declara o músico, que pretende dar uma “sacodida” na plateia baiana, discutindo o que considera importante no momento: a questão de aceitar e respeitar as diferenças. “Cada um vai fazendo seu bem a quem está no seu entorno para chegar a uma sociedade mais justa, aceitando e não execrando e colocando num gueto aquele que a gente acha diferente da gente”, declara o compositor, explicando que há muito tempo sua posição já vem sendo exposta em forma de arte. “Eu já me manifesto há 20 anos. Se você ler as minhas canções, vai entender exatamente quem eu estou do lado. Eu só canto o que acredito, então dá para ler em minhas canções a minha manifestação constante. Também acho que não se deva cobrar que o artista tome uma posição clara e objetiva. O cidadão não tem nada a perder, quando ele escolhe publicamente um caminho. Mas o meu trabalho depende de uma conversa ampla e não preconceituosa. Eu não posso falar de amor numa canção e estar condenando uma raça ou escolha sexual ou religião. Não consigo entender como alguém que está cantando uma musica em cima do palco consegue ser um imbecil em relação às diferenças. Então eu procuro ser verdadeiro, se eu tivesse que tomar algum partido, eu tomaria cantando canções políticas”, diz Moska, acrescentando que o artista constrói seu próprio discurso e linguagem através da sua obra. “A minha linguagem é o amor, não interessa a minha religião, não interessa a minha posição política. Eu falo de amor à vida”, completa, citando um verso de “A Seta e o Alvo”.
E este amor se estende também à vida que Bahia lhe deu, já que Moska é filho de pai e mãe baianos. “Sou nascido e criado no Rio, mas no meu sangue e no DNA, em cada pedaço do meu corpo, em cada fio de cabelo, tem a marca da Bahia. Cada linha das minhas digitais, em cada gota do meu sangue tem a historia, a luta da Bahia, tem o tempero, sotaque, as questões da Bahia, a admiração”, declara-se o cantor, revelando ainda o desejo de retornar a Salvador com a turnê Violoz. “Já toquei muitas vezes ai, adoro, estou com saudades, porque já faz tempo que não toco. Espero que a turnê também passe por ai depois do projeto da Caixa”, diz Moska, que já vem fazendo contatos com teatros e casas de show na capital baiana, mas que por causa das quatro apresentações neste fim de semana, só deve retornar após dois ou três meses, “sem pressão”.
Serviço
Serviço
O QUÊ: Paulinho Moska – Projeto “Palco Brasil”
QUANDO: Sábado e domingo, 21 e 22 de novembro, às 17h e 20h
ONDE: Caixa Cultural Salvador
QUANTO: R$ 8 (inteira) e R$ 4 (meia).Vendas a partir das 9h do sábado, para todas as apresentações do fim de semana.