Modo debug ativado. Para desativar, remova o parâmetro nvgoDebug da URL.

Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies

Marca Bahia Notícias

Notícia

Pintor uruguaio representa Bahia em exposição nos Estados Unidos

Por Simone Melo

Pintor uruguaio representa Bahia em exposição nos Estados Unidos
Foto: Tiago Melo / Bahia Notícias
O artista plástico Sergio Centurión Centurión, 61, já rodou muito pela América Latina em busca de inspiração. Nascido no Uruguai, Sergio já morou na Colômbia, no Chile, viajou por quase todos os países do continente sul-americano e está no Brasil há 15 anos. Escolheu o nosso país para fugir do frio dos andes. Depois de ter passado um tempo nas cordilheiras chilenas, queria viver em um clima mais tropical. Além disso, as andanças fazem parte do trabalho. Conhecer a cultura de um povo é sempre mote para sua arte.
 
Desde que veio morar na Bahia, primeiro em Porto Seguro, depois em Salvador, Sergio desenvolve pinturas em acrílica sobre tela voltada para a temática das brincadeiras infantis. "Em 2005, eu morava em Paquetá, um bairro popular de Porto Seguro, e observando as crianças comecei a me dar conta que quando elas brincavam imprimiam inocência a uma sociedade hostil, muitas vezes violenta", conta, em entrevista ao Bahia Notícias. Os quadros que ele passou a criar retratam as brincadeiras brasileiras mais tradicionais, pula-corda, cabra-cega, futebol, amarelinha e cirandas. Mas para dar o tom sobre a sociedade contemporânea e com intuito de realizar uma crítica, Sergio fez o uso da técnica de colagem nas obras, com notícias sobre violência e prostituição infantil recortadas de jornais.
 
 
Em outubro do ano passado, durante uma exposição retrospectiva no Museu da Cidade, em Salvador, ele organizou uma vivência de releitura das brincadeiras pintadas nos quadros, com uma arte-educadora e estudantes de algumas escolas públicas. "Foi muito interessante porque essas crianças ou não tinham espaço físico para brincar ou não tinham acesso a essas brincadeiras", comenta o artista.
 
Sergio, que já participou de algumas mostras internacionais e foi premiado com este trabalho na Bienal de Roma, em 2006, foi convidado este ano para expor um dos seus quadros na Bienal de artes visuais "Latin Views", que acontece de 21 de setembro a 31 de outubro, em Connecticut, nos Estados Unidos. A pintura escolhida, intitulada "Sonho de criança pobre", é um retrato de um menino que fantasia ser um jogador de futebol no futuro.
 
Outra temática brasileira que também permeia o universo do artista é a história das heroínas da independência do Brasil na Bahia. Sergio conta que não compreendia essa dupla independência, do dia dois de julho na Bahia e do dia sete de setembro para o resto do país, e procurou algumas leituras para se aproximar mais da cultura do nosso povo. A partir dai percebeu que, apesar do forte papel das nossas heroínas na luta pela independência, elas não haviam sido retratadas com destaque por nenhum pintor. "Comecei a observar que grandes artistas, como Pedro Américo, pintaram os assuntos da independência, mas nenhum deles pintou a mulher brasileira lutando. Então passei a investigar essas grandes mulheres e escolhi quatro: Maria Quitéria, Maria Felipa, Joana Angélica e a cabocla", conta. Os quadros que surgiram dessa pesquisa ficaram em exposição no Museu da Cidade, durante o mês de julho, como parte das comemorações do Dois de Julho, realizadas pela Fundação Gregório de Mattos.
 
 
Sergio, porém, lamenta o fato de ter sido convidado para representar os traços da cultura baiana em muitas outras mostras internacionais, na China, no Japão e em Portugal, mas não ter conseguido participar por não possuir apoio da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult). "Devido a uma experiência infeliz com a Secult, que não me apoia em nada, entendi que não poderia participar. Deixei de apresentar meu trabalho e de representar a Bahia", afirma.